Vidas Passadas

 Cada escolha uma renúncia. 

Mas também é a chance de viver algo novo. A não vivência de uma expectativa pode ser uma dolorosa dor que nos acompanhará pelo resto da vida. As elocubrações de uma relação que não foi possível a tornam uma perfeição inalcançável. O não vivido sonhado sempre será mais belo do que o factível e a realidade onde se está. 

De reencontros improváveis o sonho se reacende. Uma chama só existe por conta do oxigênio, o espaço vazio, que existe. Ai nós damos conta de que não existem vazios. Esses espaços estão cheios de oxigênio, sonhos, esperanças e vontades. 

A distância se prova impeditivo pra um amor se comprovar. Mas ele urge de onde for. As conexões se dão de forma profundas mesmo conectados por telas pretas. A vontade se sobrepõe a continentes. Ainda mais quando há alguém vivendo num país que não é o seu. Quem emigrou sonha na língua materna. Geme na língua materna. Pensa na língua materna. A língua não se troca. A língua é raiz.

A maturidade do romance se dá a medida da compreensão de tempo e espaço. O factual, o hoje, o vivido se faz imperativo. Mas os sonhos, os desejos, as vontades e expectativas flutuam. Pelos espaços ditos vazios. Pelos espaços que criamos. Alimenta-los é nossa fantasia particular. Amar é um exercício. Talvez só crendo mesmo em vidas passadas - e, porque não, vidas futuras - pra darmos conta dessa tal liberdade. Crer. Ser. 

Um dos melhores filmes do ano. Da vida. De outras vidas…

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