Anatomia de uma Queda

 Um corpo.

Uma dúvida. 

Uma incerteza. 

Como?

Sandra e Samuel. Daniel. Um casal. Um filho. Nessa vida isolada nos Alpes franceses Samuel é encontrado pelo filho de 11 anos, que tem déficit visual, sem vida. Apenas Sandra estava na casa junto ao marido. A partir daí ela se torna a única cúmplice e principal suspeita dessa terrível morte. 

O que era um drama familiar se torna um julgamento. Aos poucos as verdades passam a ser expostas. As dúvidas sobre o envolvimento também surgem. E aí a narrativa de promotor e defesa ganham contornos profundamente densos. Uma criança no meio dessa confusão. Desse luto. 

O filme de Justine Triet, vencedor da Palma de Ouro de Cannes, parte desse evento traumático pra expor os traumas do passado numa longa jornada. Cansativa jornada a quem está ali envolvido e a nós. É inteligente a forma de nos colocar como participantes do júri onde apenas o que está exposto no julgamento nos é dado. Os fatos que surgem em tela são apenas o que estão expostos no tribunal. 

É muito corajosa essa escolha. Ficamos a todo momento aguardando novas informações, novos relatos, flashbacks que poderiam desvendar o fato. A beleza está no não visto. Na dúvida. Será que aconteceu? O que motivou? Quem? Como?

Intimidades expostas, gravações ensurdecedoras, julgamento oficial e pessoal, dúvidas pulsantes. O cansaço chega e chegamos ao fim e ao veredito. Ninguém sai vivo dali. Provas? Certezas? Fatos? 


Os olhos de Daniel. É ali que estaremos sempre…


Belíssimo filme!

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