A Sociedade da Neve

Emoção na neve.

O sonho de jovens uruguaios ceifado de futuro por uma tragédia. Um evento traumático, devastador. Uma cordilheira que é inóspita, inabitável, inviável, impossível viver. O acidente aéreo já seria incrível de qualquer forma, mas a história de seus sobrevivente torna tudo ainda mais inacreditável. 

A angústia é o tom. Já no início somos apresentados brevemente aos personagens, ao time de rugby, as manifestações juvenis e o senso de grupo está posto. Sem muitas firulas já vamos pro avião e a cordilheira torna a felicidade em uma angustiante partida pela vida. Metade do avião já se perde na batida. A outra metade sobrevive de forma incrível. E a cada dia tudo se torna mais e mais incrível. 1, 2, 3… a fome, o frio, a mente. Tudo passa a ser mais e mais denso e pesado. 4, 5, 6… mais mortes, mais fome, mais frio. O desespero de ver aqueles vivos definhando aos poucos é um sentimento desesperador. A mente para de funcionar, os corpos doem, a energia dissipa a conta gotas. As funções vitais estão todas comprometidas e a grandeza da cordilheira torna tudo mais belo, poético e morbidamente mortal. Nada vive ali. Nada… mas há vida, há pulso, há amizade, há chance... Há ética. Há dor. Há perdas. Há emoções. Há urina negra. Há carne humana. 70 e tantos dias… 

Bayona constrói um drama de sobrevivência com melodrama que vai emocionar. É seu objetivo e se cumpre. Ele já o fez em O Impossível e aqui consegue mais uma vez trazer um filme que será sempre lembrado - não exatamente pela beleza, pelas atuações, pela fotografia incrível, pela maquiagem muito bem feita. É a história contada do jeito que todos gostam. É um filme memorável pois é uma história inacreditável de superação física, mental, moral. É inspirador e gera questões que não tem resposta. O que você faria nessa situação? 

Um filme de grupo, de coletividade, do inacreditável e da fé - cada um com seu deus.

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