Cameraperson


 O poder do olhar. E a câmera como objeto dessa ação. 

O papel do documentarista pode ser definido através dessa obra-montagem da Kirsten Johnson. Através de memórias registradas e nunca utilizadas em outros trabalhos ela cria uma linha temporal única de si, de seu olhar e do objeto registrado na tela. A complexidade de criar documentários é tamanha que não depende unicamente de roteiro, de produção, de iluminação, de locações. Depende do registro interessante, de criar ambiente possível para isso acontecer. A câmera serve de chamariz ou de rejeição. Ou de medo. 

A beleza do documentário se faz na despretenciosa forma. Um filme com recortes de outros filmes? Chato né? E nunca. Ai demonstra outro dom e necessidade do documentarista: criar na edição. O documentário não acaba por mais que ele seja um retrato desse espaço-tempo registrado. Há o entorno que não cabe na tela chapada do cinema. O mundo é tridimensional.

Um trabalho absurdo. Ousado. Perigoso. Seja nos registros caseiros com seus gêmeos, seja no nascimento de um bebê em condições extremas no Sudão, na beleza encontrada em meio a guerra da Bósnia a documentarista faz de seu olhar o nosso. Abrindo os nossos olhos para realidade que ignoramos ou simplificamos. O mundo global é complexo. Os governos são multidimensionais. Os seres humanos surpreendentes. A vida é tão, tão, tão rara... 

A pessoa da câmera tem meu respeito e admiração. Parabéns Kirsten. Continue…

#cameraperson #kirstenjohnson  

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