A Hora da Estrela

 

Ser feliz serve pra que?

Macabêa é uma típica retirante que chega na cidade grande perdida e sem noção de onde está pisando. Sua aparente fragilidade se expõe na simplicidade das palavras, dos gestos, do simples ato de comer. É notavelmente uma mulher pura, casta, sonhadora. Curiosa. E aos poucos vai conseguindo agregar amizades improváveis e um interesse romântico se apresenta na pele de Olímpico, outro nortista que sonha com o estrelato e em ser um deputado. 

Os sonhos de Macabêa se moldam conforme ouve a rádio. Ali ela conhece novidades, informas irrelevantes e curiosidades inúteis mas que aos seus ouvidos são ouro. E são. Ela é uma personagem profunda, cheia de vazios e inexperiências. Que crê na palavra dos outros, que faz os outros crerem em sua inocência cristalina.

Suzana Amaral consegue transpor um livro icônico de Clarisse sintetizado em uma atuação magnífica de Marcelia Cartaxo. Que maravilha é em seus gestos contidos, na voz acanhada, nas reações expontâneas que dão uma humanidade ímpar a esse ser que, de fato, não merece viver entre esses humanos que habitam o planeta. Macabêa é uma estrela.

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