Ferrari

 


O ronco dos motores do poder.

O nome Ferrari se confunde com velocidade. Mas detrás do inconfundível Cavallino Rampante do logo da marca há muita dor, família, mentira, morte e desejo. 

Enzo Ferrari é o ponto central dessa criação. Mas há muitas arestas que se colocam em diversos aspectos. Seja nos motores, nas curvas, nas finanças e nas mulheres de sua vida. E enquanto a pista parece ser o lugar de glória, a falência bate a porta. Produzir carro da forma manual e artesanal não é mais possível num mundo onde Fiat e Ford produzem industrialmente. E a Scuderia nem ia tão bem assim nas pistas… Como mudar isso?

Enzo vive uma vida dupla. Dissimulada. Laura é sua esposa que criou a Ferrari junto e atualmente vivem uma relação apenas profissional onde ela é quem cuida da grana. Há muita dor nesse casal. Culpa. E há outra vida vivida com outra mulher com segredos que não são tão escondidos assim.

Michael Mann engana quem pensa que se trata de um filme de automobilismo. Temos mais uma construção de personagens marcantes usando seus ofícios para determinar suas características. O laboro acima da ambientação. Se deixamos de lado as armas, aqui os carros servem como esse meio de destruir. De moer gente. De fazer viúvas. Enzo oscila entre não saber se é generoso ou um filho da puta. Entre ser piloto e engenheiro. Entre pai ou padrasto. Entre gênio e filho da puta.

Ferrari é um filmaço. Que usa a velocidade pra acelerar os corações. Pra envolver. Mas é nos meandros dos negócios que está seu coração. Enzo é uma figura incrível que tem em Laura seu contraponto. Sua contraluz de potência. Ela expõe a fragilidade de Enzo. Mann fez mais um clássico. Uma fake biografia. Um fake filme de esporte. Ele fez o que faz de melhor: filme de seres humanos erráticos. Desses que encantam.

Incríveis atuações de Driver, Penélope e do Gabriel Leone. Visualmente um filme estilosaço, bonitão mesmo, as cenas de carro são viscerais. Os acidentes estrondosos. Um filmaço.

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