Back to Black

 


Um cosplay de filme.

Amy diz logo no início: quero ser lembrada pela minha voz, pela minha música. O que acompanhamos nessas próximas horas é apenas espectro de música entorno de uma tragédia atropelada e sem o menor cuidado com a artista retratada.

Claro que o documentário do Asaf Kapadia é um retrato fiel, denso, de dentro e o filme da diretora Sam Taylor-Johnson é quase um conglomerado de ações fatídicas e facilitadas por um dos roteiros mais sem criatividades já feito. “Não vá usar drogas, Amy.” Ela na cena seguinte usa. “Pega um cigarro”. Na cena seguinte uma querida está com câncer de pulmão. “Cuidado com a bebida”. Na apresentação que segue ela está cambaleando. É tudo tão fake que infelizmente a Amy parece mais um cosplay de si própria. É quase de mal gosto.

Há de se considerar também que os homens de sua vida que demonstram grande presença - pai e Blake - tem suas existências preservadas em suas representações. Parecem quase dois coitados na vida dessa Amy que se perdeu nessa vida. E a emoção? 

Um filme que retrata uma das grandes artistas recentes tem a emoção de um pão de forma com casca. A construção da fama é feita sem explicação, sem tempo. Só acontece. Aquela menina é famosa? Como? Do nada tudo acontece e já na cena seguinte algum diálogo sofrível diz algo sobre um Grammy, um show… uma doença nova. Um vício. Uma perda. Um desejo. Um novo porre. Ou que o dinheiro não lhe importa. 

Até as músicas, que são o ponto alto dessa obra, perdem demais força na voz da atriz Marisa Abela ou na sua persona criada pra parecer a Amy.

É um filme que nem se permite a ser o básico de uma biografia típica dos dias de hoje. Ele consegue ser ainda mais frágil a não dar nenhuma dimensão de quem foi Amy. Nenhuma. Quem é? Veja o doc. Esquece isso que disseram ser um filme…

Amy será lembrada pela voz. Esse filme pela mediocridade.

#amywinehouse #backtoblack #marisaabela #cinema 

Comentários

Postagens mais visitadas