Carta de Eduardo Escorel sobre Santiago
Carta sobre o documentário 'Santiago' gentilmente cedida por Eduardo Escorel para o Sessões. Esta carta foi enviada a Amir Labaki ler em antes de uma sessão do filme, quinze dias após sua estréia no Festival É Tudo Verdade, criado e dirigido por Labaki, que, entre outras coisas, dirigiu o curta: “Um intelectual no cinema – Eduardo Escorel”, em homenagem ao gênio que escreveu essa carta.
Segue carta abaixo:
Eduardo, muito obrigado por mais uma vez colaborar conosco e por tornar essa carta pública através do Sessões.
Vitor Stefano
Sessões
Segue carta abaixo:
"Amir,[ para ser lido em tom afetuoso, articulando bem as palavras, sem dar a palavra ao João no final]
Há quinze dias, logo depois da projeção de SANTIAGO, sem a presença do João, na abertura do É TUDO VERDADE no Rio, escrevi a ele dizendo que na primeira ocasião oportuna responderia à mensagem dele, lida por você naquela noite. Não esperava que fosse ter essa oportunidade tão depressa. Agradeço, portanto, a você por propiciar esta réplica.
A montagem de SANTIAGO foi um raro tempo de felicidade. Éramos três gerações em harmonioso confronto e nos divertimos à grande, Lívia Serpa, João e eu. Se bem me lembro, João escreveu que eu tenho uma idéia “estranha” sobre montagem. Talvez ele até tenha razão.
O que sei com certeza é que meu aprendizado do que seja montar, até o momento, foi feito em 3 filmes: TERRA EM TRANSE (Glauber Rocha), CABRA MARCADO PARA MORRER (Eduardo Coutinho) e SANTIAGO. Ainda convalescendo do cinema direto, João parecia em dúvida, no início, quanto a fazer um filme narrado na primeira pessoa. Aos poucos, o material bruto foi revelando que a forma possível de ser organizado girava em torno de três personagens: Santiago, a casa da Gávea e o próprio João.
Admiro a coragem com que ele venceu resistências e aceitou essa fatalidade de forma radical. Ao vislumbrar que o filme era também sobre sua própria realização, creio que ele definiu o princípio que lhe deu ânimo para retomar a montagem e concluir o projeto. Lívia Serpa e eu nos limitamos a tentar entender o filme que ele queria fazer. Não foi difícil.
Recebam, João e você, o abraço amigo do Eduardo.
São Francisco do Canindé, Sergipe
Abril, 2007[ reitero que a palavra não deve ser dada ao João]
Encontro entre João Moreira Salles e Amir Labaki |
Vitor Stefano
Sessões
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