Cisne Negro
Nome original: Black Swan
Diretor: Darren Aronofsky
Ano: 2010
País: EUA
Elenco: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey e Winona Rider.
Prêmios: Globo de Ouro, BAFTA e Oscar para Natalie Portman como Melhor Atriz.
Medo, pavor, horror. Estou diante de um ser apocaliptico. Tem aparência humana mas sua pele parece não aguentar a ânsia de alcançar o seu destino. Uma mente perturbada e auto destrutiva que é corrompido pelos próprios anseios e pelas influências externas. Visões, sombras, monstros permeiam os pensamentos de uma mente suja, perversa, sádica e dissimulada. Em ambientes escuros, cheio de símbolos, sexualidade aflorada... Sobe o letreiro e descobrimos que estamos a ver mais uma obra de Lars von Trier.
A bela, impecável, ingênua. A busca pela perfeição por uma garota singela, bela e perseverante, na luta por sua redenção. Ou pela redenção da mãe, sacrificada para ver o seu sucesso nas mãos de sua cria. Sua relação com as colegas de palco é conturbada, com o professor de paixão, mas nada mais a atrai do que a consagração e o louvor do aplauso do público. O destino está escrito e a música com a dança conduz, liga e dá vida no filme dirigido por Pedro Almodóvar.
Não conseguiria misturar esses dois cineastas. Nunca, assim como as sinopses contadas acima. Mas pensando bem, essa mistura poderia ser muito mais real do que qualquer ficção. Só um ser poderia fazê-lo com maestria. Um diretor que está no mesmo nível dos realizadores citados: Darren Aronofsky. O seu “Cisne Negro” vai além de um thriller psicológico. Ele é um conturbador mental, impossibilitando qualquer distanciamento dos sentimentos aflorados e corrompidos pelas imagens, diálogos e trilha sonora. É a história real de um mundo que nos força a ser perfeito e, a todo custo, atingir os objetivos traçados por uma sociedade consumista de excremento e derrotas dos concorrentes.
As vísceras estão à mostra, necrosando o resto do corpo, destroçando a alma e nos enjoa só de pensar, choca naturalmente e destrói os sonhos. Estes não existem, eles são apenas esperanças de uma vida que nunca chegará. Sexo, auto-flagelação e dor serão sentidos por quem vê, numa transposição ao cisne indefeso em processo de mutação. Nina só queria finalmente atingir o ápice, aparecer, ser alguém. E para ser alguém no ballet (e na vida), só muita perseverança, despertar cedo e ter muito talento. Mas era a vez de Nina, mesmo com todos os fantasmas que a rodam, seja as concorrentes, as amigas, o professor ou mesmo a mãe, bailarina frustrada. A vida não é nada fácil para Nina. Além de todos esses fantasmas, há ela. Nunca percebemos, mas sempre o maior inimigo é você mesmo.
Aronofsky sempre nos impressiona por imagens fixadoras, roteiros improváveis, idéias revolucionárias. Um diretor com 5 longas e todos de nível sensacional alcança com “Cisne Negro” um patamar que só os grandes diretores alcançaram. Aqui ele vai além das loucuras e psicoses vividas pelos personagens de seus outros filmes. Muito além. Aqui vemos uma Natalie Portman raquítica com membros finos como os de um verdadeiro cisne. Sua atuação é praticamente perfeita e a coroará. Mila Kunis está ótima na pele de concorrente/amiga de Nina. O perverso e corretivo professor é vivido por Vincent Cassel, que é um dos maiores atores da atualidade, com escolhas profissionais das mais diversas, desde um roteiro aclamado e concorrente ao Oscar a um filme brasileiro de ótima qualidade como “À Deriva”. Isso faz um grande ator: escolhas e talento.
Atores? Diretor? Roteirista? Prêmios? Expectadores? De nada importa. A angústia e sequelas criadas em nossas mentes após vermos essa maravilhosa obra, jamais serão curadas. As lágrimas serão capazes de curar a dor? Não, apenas a autoflagelação até a morte agonizante seria capaz de exorcizar esse fantasma criado. Adeus! Brilhe, glorifique-se e descanse em paz.
Vitor Stefano
Sessões
Diretor: Darren Aronofsky
Ano: 2010
País: EUA
Elenco: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey e Winona Rider.
Prêmios: Globo de Ouro, BAFTA e Oscar para Natalie Portman como Melhor Atriz.
Medo, pavor, horror. Estou diante de um ser apocaliptico. Tem aparência humana mas sua pele parece não aguentar a ânsia de alcançar o seu destino. Uma mente perturbada e auto destrutiva que é corrompido pelos próprios anseios e pelas influências externas. Visões, sombras, monstros permeiam os pensamentos de uma mente suja, perversa, sádica e dissimulada. Em ambientes escuros, cheio de símbolos, sexualidade aflorada... Sobe o letreiro e descobrimos que estamos a ver mais uma obra de Lars von Trier.
A bela, impecável, ingênua. A busca pela perfeição por uma garota singela, bela e perseverante, na luta por sua redenção. Ou pela redenção da mãe, sacrificada para ver o seu sucesso nas mãos de sua cria. Sua relação com as colegas de palco é conturbada, com o professor de paixão, mas nada mais a atrai do que a consagração e o louvor do aplauso do público. O destino está escrito e a música com a dança conduz, liga e dá vida no filme dirigido por Pedro Almodóvar.
Não conseguiria misturar esses dois cineastas. Nunca, assim como as sinopses contadas acima. Mas pensando bem, essa mistura poderia ser muito mais real do que qualquer ficção. Só um ser poderia fazê-lo com maestria. Um diretor que está no mesmo nível dos realizadores citados: Darren Aronofsky. O seu “Cisne Negro” vai além de um thriller psicológico. Ele é um conturbador mental, impossibilitando qualquer distanciamento dos sentimentos aflorados e corrompidos pelas imagens, diálogos e trilha sonora. É a história real de um mundo que nos força a ser perfeito e, a todo custo, atingir os objetivos traçados por uma sociedade consumista de excremento e derrotas dos concorrentes.
As vísceras estão à mostra, necrosando o resto do corpo, destroçando a alma e nos enjoa só de pensar, choca naturalmente e destrói os sonhos. Estes não existem, eles são apenas esperanças de uma vida que nunca chegará. Sexo, auto-flagelação e dor serão sentidos por quem vê, numa transposição ao cisne indefeso em processo de mutação. Nina só queria finalmente atingir o ápice, aparecer, ser alguém. E para ser alguém no ballet (e na vida), só muita perseverança, despertar cedo e ter muito talento. Mas era a vez de Nina, mesmo com todos os fantasmas que a rodam, seja as concorrentes, as amigas, o professor ou mesmo a mãe, bailarina frustrada. A vida não é nada fácil para Nina. Além de todos esses fantasmas, há ela. Nunca percebemos, mas sempre o maior inimigo é você mesmo.
Aronofsky sempre nos impressiona por imagens fixadoras, roteiros improváveis, idéias revolucionárias. Um diretor com 5 longas e todos de nível sensacional alcança com “Cisne Negro” um patamar que só os grandes diretores alcançaram. Aqui ele vai além das loucuras e psicoses vividas pelos personagens de seus outros filmes. Muito além. Aqui vemos uma Natalie Portman raquítica com membros finos como os de um verdadeiro cisne. Sua atuação é praticamente perfeita e a coroará. Mila Kunis está ótima na pele de concorrente/amiga de Nina. O perverso e corretivo professor é vivido por Vincent Cassel, que é um dos maiores atores da atualidade, com escolhas profissionais das mais diversas, desde um roteiro aclamado e concorrente ao Oscar a um filme brasileiro de ótima qualidade como “À Deriva”. Isso faz um grande ator: escolhas e talento.
Atores? Diretor? Roteirista? Prêmios? Expectadores? De nada importa. A angústia e sequelas criadas em nossas mentes após vermos essa maravilhosa obra, jamais serão curadas. As lágrimas serão capazes de curar a dor? Não, apenas a autoflagelação até a morte agonizante seria capaz de exorcizar esse fantasma criado. Adeus! Brilhe, glorifique-se e descanse em paz.
Vitor Stefano
Sessões
Você foi de uma felicidade tamanha...conseguiu captar e colocar no "papel" esse lago de emoções que o belo cisne de Aronofsky joga na tela. Amo cinema por tudo isso. Bravo!
ResponderExcluirEu já enxerguei influências de outro diretor no filme, o canadense David Cronenberg, que sabe trazer à tona como poucos os nossos fantasmas internos.
ResponderExcluirAronofsky fez mesmo seu melhor filme e, para mim, mereceria o Oscar.
ABs!!!
Mas que orgulho dos textos do Vítor. Muito bom, de verdade.
ResponderExcluirColocando a puxação de saco de lado, Cisne negro (pra mim) foi o melhor de 2010 e merece o Oscar; tanto de melhor filme, como de diretor e, claro, pra linda Natalie Portman.
Putz,se fosse avaliar o filme pelo texto eu acho que daria o oscar fácil para Black Swan.Ainda não vi mas pelo que deu pra entender do trailer é uma história bem intrigante sem contar o fato de ser de alguém que assinou o Réquiem for a dream filme cuja música do Kronos Quartet é simplesmente a coisa mais impressionante que já ouvi.Acerta direto na alma e fica lá dentro destruindo tudo.
ResponderExcluirPodia rolar um radiohead de trilha sonora já que os ingleses fizeram um música de mesmo nome.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Filme ridiculo! "Suspense carregado". Cenas diabolicas!
ResponderExcluirAssisti o filme e achei fabuloso
ResponderExcluirAinda não vi o filme, e claro que, o trailer nunca diz muito sobre o filme, mas não parece ser um filme ridículo. Acho que deve ser um filme totalmente fora do Clichê que estamos acostumados. E acho que sim, Natalie Portman merece o oscar de melhor atriz, e Jesse Eisenberg pode ficar com o de melhor ator.
ResponderExcluirDepois de ler tantas maravilhas sobre A Rede Social e me decepcionar depois de ver o filme fiquei com medo de aconteçer o mesmo com esse filme...e que bom que não aconteçeu.
ResponderExcluirO filme é excelente,angustiante...por mim tbm levaria o Oscar.
Emocionante, porém com um final muito confuso.
ResponderExcluirQuero ver o filme de novo,e de novo, e de novo, e acho que não me cansaria... tanta intensidade, cada cena a ser absorvida e degustada... Ainda estou sob o impacto da atuação de Natalie Portman. É incrível! Daquelas que marcam o seu tempo.
ResponderExcluirEste texto é tão impactante quanto o filme. Não é novidade pra ninguém que meus textos preferidos sobre filmes são os do Victor e não me privo de falar isso sempre. Parabéns!
Quem ainda não viu: veja! Agora!
Excelente desempenho de Natalie Portman! Talvez, além da trajetória de atriz e do trabalho do diretor, sua formação inicial em Psicologia (Universidade de Harvard) tenha ajudado um pouco a compor a personagem. Do ponto de vista da Psicanálise, o filme trata da busca pela integração de aspectos contraditórios. Ao não obter sucesso, a personagem "atua" (acting out, conceito original inglês) ou seja, ela "faz coisas reais" ao invés de reconhecer e lidar com seus desejos e conflitos interiores. Concordo com o Vitor Stefano e torço pra que ganhe o Oscar!
ResponderExcluirPrimor técnico com timing poético. Que o nosso cinema alcance esse nível de produção, amém.
ResponderExcluirEu vi ontem, véspera do Oscar, este filme que teve uma das atuações mais arrebatadoras que já vi: a Natalie Portman como Nina.O filme é ótimo, o elenco está afiadíssimo, mas sem a Natalie este filme seria só mais um;ela, bem conduzida pelo diretor, elevou-o à categoria de inesquecível.Não vi os demais concorrentes ao Oscar, porém, é difícil imaginar que qualquer destes produzisse em mim um deslumbramento tão intenso.Espero que academia não apronte das suas e dê à esta jovem e talentosíssima atriz o prêmio de melhor do ano.Aquele abraço.
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