Tony Manero
Nome original: Tony Manero
Diretor: Pablo Larraín
Ano: 2008
País: Chile e Brasil
Elenco: Alfredo Castro, Paola Lattus, Héctor Morales, Amparo Noguera e Elsa Poblete
Prêmios: Grand Coral e Melhor Ator no Festival de Havana, Golden Tulip - Melhor Filme no FEstival Internacional de Istambul, Melhor Ator no Festival Cinemanila e KNF Award no Festival Internacional de Rotterdam e o Prêmios Especial do Juri do Festival de Varsóvia.
‘Stayin’ Alive’. É assim que vive Raúl Peralta. Vai vivendo a vida do jeito que ela está. Não há muito o que fazer, parece tudo já perdido. A vida resume-se a envelhecer tentando não pensar que a velhice está consumindo o seu corpo e mente. Raúl só está vivo por aqueles detalhes que nenhuma divindade explicaria. Não por periculosidade mas por falta de objetivos. A psicopatia traveste um ser calmo e tranquilo, que apenas preocupa-se em estar vivo, apenas respirando. Mas por trás de um homem há seu alter-ego, buscando a juventude e beleza de seu grande ídolo: Tony.
Raúl quer ser Tony Manero, personagem imortalizado por John Travolta no filme “Os Embalos de Sábado à Noite”. Mas ele só pensa no Tony do glamour e da dança, sem se preocupar com os pseudo-problemas sociais que o personagem original vivia nos “Embalos...”. Era apenas pela dança, pela juventude, pelo sucesso com as mulheres, pela liberdade conquistada que Raúl criou essa fixação. Ele quer, ele será, ele é Tony Manero. Essa busca torna-se obsessão naquele Chile de 78. A liberdade que o seu ídolo transcende, não é real aos que viviam sob a sombra da ditadura de Pinochet. Esse não é o tema central de “Tony Manero”, mas é citado com leveza, para não fecharmos os olhos à barbárie promovida pelo ditador.
A querência por ser quem realmente não se pode ser deixa Raul num estado mental conturbado. Todos os problemas que o personagem de Travolta poderia ter e consegue diluir com a dança, Raúl consegue envolver-se e tornar sua mente sã em sádica. Apesar de ver inúmeras vezes “Os Embalos...” no cinema, Raúl quer atingir a perfeição, com detalhes e trejeitos. É isso que ele quer. Não importa como nem porque o objetivo está traçado. Muito além de um simples concurso de imitadores, muito além de uma cópia chilena, Raúl é o Tony Manero real, de carne e osso, sem a beleza, sem o charme - mais um cidadão em busca de reconhecimento, sem exatamente saber o que é o sucesso. Independente das consequências, ele chegará lá, sem medir esforços, sem impedir que o seu ímpeto mais podre e nefasto surja. E surgirá!
Se há um nome a ser exaltado com “Tony Manero”, é Alfredo Castro. O ator está impecável, numa memorável atuação, com seu olhar despretencioso e profundo apesar de um personagem de mente conturbada. Alfredo imortaliza um personagem que parecia já consolidado e confortavel das gavetas das mentes cinéfilas. Larraín consegue com um filme de aspecto estranho, por vezes sujo, asqueroso e incômodo, um resultado brilhante, apresentando-nos imagens grosseiras e cruas na tela. E tudo isso parece ser arte pura. Um filme necessário; um marco no novo cinema latino-americano. E Raul está errado em suas atitudes? Talvez, mas Larrain não pretende julgá-lo pois faz parte da natureza humana de Raúl Castro, ou melhor, Tony Manero.
Vitor Stefano
Sessões
Diretor: Pablo Larraín
Ano: 2008
País: Chile e Brasil
Elenco: Alfredo Castro, Paola Lattus, Héctor Morales, Amparo Noguera e Elsa Poblete
Prêmios: Grand Coral e Melhor Ator no Festival de Havana, Golden Tulip - Melhor Filme no FEstival Internacional de Istambul, Melhor Ator no Festival Cinemanila e KNF Award no Festival Internacional de Rotterdam e o Prêmios Especial do Juri do Festival de Varsóvia.
‘Stayin’ Alive’. É assim que vive Raúl Peralta. Vai vivendo a vida do jeito que ela está. Não há muito o que fazer, parece tudo já perdido. A vida resume-se a envelhecer tentando não pensar que a velhice está consumindo o seu corpo e mente. Raúl só está vivo por aqueles detalhes que nenhuma divindade explicaria. Não por periculosidade mas por falta de objetivos. A psicopatia traveste um ser calmo e tranquilo, que apenas preocupa-se em estar vivo, apenas respirando. Mas por trás de um homem há seu alter-ego, buscando a juventude e beleza de seu grande ídolo: Tony.
Raúl quer ser Tony Manero, personagem imortalizado por John Travolta no filme “Os Embalos de Sábado à Noite”. Mas ele só pensa no Tony do glamour e da dança, sem se preocupar com os pseudo-problemas sociais que o personagem original vivia nos “Embalos...”. Era apenas pela dança, pela juventude, pelo sucesso com as mulheres, pela liberdade conquistada que Raúl criou essa fixação. Ele quer, ele será, ele é Tony Manero. Essa busca torna-se obsessão naquele Chile de 78. A liberdade que o seu ídolo transcende, não é real aos que viviam sob a sombra da ditadura de Pinochet. Esse não é o tema central de “Tony Manero”, mas é citado com leveza, para não fecharmos os olhos à barbárie promovida pelo ditador.
A querência por ser quem realmente não se pode ser deixa Raul num estado mental conturbado. Todos os problemas que o personagem de Travolta poderia ter e consegue diluir com a dança, Raúl consegue envolver-se e tornar sua mente sã em sádica. Apesar de ver inúmeras vezes “Os Embalos...” no cinema, Raúl quer atingir a perfeição, com detalhes e trejeitos. É isso que ele quer. Não importa como nem porque o objetivo está traçado. Muito além de um simples concurso de imitadores, muito além de uma cópia chilena, Raúl é o Tony Manero real, de carne e osso, sem a beleza, sem o charme - mais um cidadão em busca de reconhecimento, sem exatamente saber o que é o sucesso. Independente das consequências, ele chegará lá, sem medir esforços, sem impedir que o seu ímpeto mais podre e nefasto surja. E surgirá!
Se há um nome a ser exaltado com “Tony Manero”, é Alfredo Castro. O ator está impecável, numa memorável atuação, com seu olhar despretencioso e profundo apesar de um personagem de mente conturbada. Alfredo imortaliza um personagem que parecia já consolidado e confortavel das gavetas das mentes cinéfilas. Larraín consegue com um filme de aspecto estranho, por vezes sujo, asqueroso e incômodo, um resultado brilhante, apresentando-nos imagens grosseiras e cruas na tela. E tudo isso parece ser arte pura. Um filme necessário; um marco no novo cinema latino-americano. E Raul está errado em suas atitudes? Talvez, mas Larrain não pretende julgá-lo pois faz parte da natureza humana de Raúl Castro, ou melhor, Tony Manero.
Vitor Stefano
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