Dossiê Roman Polanski

Vemos no palco 'O Pianista'. Ouvimos Ária da 4ª corda de Bach. Na platéia, obscura e misteriosa, as pessoas ouviam aquela pequena obra-prima, mas a música pouco importava para Roman. Havia um clima bem sombrio sobre aquele bucolico bar que poderia ser até um ótimo cenário para um 'Cinema Erótico'. Pensando melhor, parece aqueles bares de 'Piratas' que vemos nos filmes. Roman, escritor, um homem distinto e com um olhar fundo, estava ao bar e sua companhia, a 8ª dose de bourbon, esperando o amor de sua vida. Ele estava lá por 'Armadilha do Destino', e a cada nova dose a dúvida crescia entre 'A Morte e a Donzela'. A depressão o corroia cada dia mais, além da crise de criatividade que ele vivia. Vindo de uma família conturbada, muitas tragédias já o rondavam. E uma moça, jovem - até demais - entrou em sua vida como um raio. Mas por que ela estava demorando tanto?

Roman admirava a 'Lua de Fel' através da janela. Era lua cheia e iluminava 'A Dança dos Vampiros' no vazio bairro de 'Chinatown'. De repente, no palco, aparece uma criança dançando à la 'Oliver Twist', do romance de Charles Dickens ou como vimos no filme do ingles David Lean. Aquela cena seria importante para que o ânimo voltasse a rondar o espírito d'"O Escritor Fantasma", pois no encantamento dos movimentos da criança, um abraço carinhoso e afetuoso lhe cobriu. Ele sabia que era Tess, sua pequena amada, sua salvação, 'O Último Portal'. Ela estava com um presente que Roman havia lhe dado noutro aniversário: 'Macbeth' de Shakespeare. Num silêncio mortal os olhares se cortavam e a felicidade reinava ali.

Ele não tem palavras, ela quer ouvir. Ele está numa 'Busca Frenética', ela está querendo quebrar as leis. Ele quer penetra-la, ela quer perder a inocência.

- Vou ligar para 'O Inquilino', mandar ele sair e vamos tirar umas fotos, tomar um drink, viver lá para sempre - diz Roman.
- 'Que?' - interroga Tess.
- Sim, estamos precisando de loucuras, ficar louco, viver o dia como se amanhã fosse o fim do mundo.
- Calma! Eu não posso sair da casa dos meus pais assim. Eles me matariam e matariam você também. Você sabe que eles ainda acham que eu sou 'O Bebê de Rosemary', e talvez seja, mesmo.
- Venha, nós precisamos nos amar agora!

Ela sem oportunidade de responder é carregada pelo braço. Roman parece enlouquecido, hipnotizado, possuido - fantasmas de seu passado pareciam inflamá-lo. Seu frenetismo excitava Tess. Chegando à residência onde estava sem inquilino, logo o expulsou para que ficassem a sós. Pegou as taças, serviu um delicioso Veuve Clicquot. Sacou a câmera fotográfica e como um domador de leões, ordenava o que aquela adolescente deveria fazer, controlando cada movimento. Ela também sabia o que estava fazendo. Tanto champagne talvez a tivesse deixado mais solta do que o normal, tanto que sua 'Respulsa ao Sexo' parecia nunca ter existido. Roman acertou dessa vez. O coito foi bem sucedido. Os fantasmas da depressão sumiram. Os sonhos de uma mente pura foram transformados um certo caos calmo dentro daquela pequena cabeça - e ela gostou.

Pela manhã do dia seguinte, ao preparar o café para a sua amada, ele disse:

- Minha inspiração é você! Já imagino o livro na minha mente, e seu nome será 'Faca na Água'.
- Nossa, mas...

Antes de terminar a frase, uma invasão da casa liderada pela Sra. Rosemary, acompanhada dos policiais. Roman é preso e indiciado por pedofilia. Tess perde o chão, o amor e a virgindade - olha para trás e de um dia para o outro transformou-se em mulher. Ele, perdeu a chance de viver, de renascer. Essa é a vida de Roman, a arte imita a realidade.

Vitor Stefano
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