Sessões Entrevista: Cacá Diegues
Quem nunca ouviu falar de Cacá Diegues não sabe nada de cinema. Nem precisa ter visto algo que o alagoano tenha dirigido, mas saber de sua importância cinematográfica é obrigatório. Quem nunca ouviu falar de "Bye Bye Brasil" ou "Xica da Silva", dois dos maiores sucessos de público no país? Pois é esse homem que esteve por trás desses projetos, e de muitos outros, desde o Cinema Novo, ao lado de Glauber Rocha, até os dias de hoje é um dos mais conceituados diretores desse país.
Advogado de formação e cineasta pela vida. Já viveu várias fases do nosso cinema e da política nacional e mantêm-se em alto nível desde sempre, adaptando-se como um camaleão a cada nova mudança do audiovisual no Brasil. Diretor de muitos curtas, iniciou a carreira em longas com o episódio "Escola de Samba Alegria de Viver" do longa "Cinco Vezes Favela" de 1962.
Confira novidades de sua carreira no ótimo site: http://www.carlosdiegues.com.br/ e confira abaixo a filmografia de longas metragens completa do diretor:
2006 - O maior amor do mundo
2003 - Deus é brasileiro
1999 - Orfeu
1996 - Tieta do agreste
1994 - Veja esta canção
1989 - Dias melhores virão
1987 - Um trem para as estrelas
1984 - Quilombo
1979 - Bye bye Brasil
1978 - Chuvas de Verão
1976 - Xica da Silva
1973 - Joanna francesa
1972 - Quando o carnaval chegar
1969 - Os herdeiros
1966 - A grande cidade
1964 - Ganga Zumba
1962 - Cinco vezes favela (Episódio: Escola de Samba Alegria de Viver)
O Sessões teve a oportunidade e o prazer de entrevistar essa figura marcante e tão importante da sétima arte do Brasil e do Mundo: Carlos Diegues, ou simplesmente, Cacá. Confira a entrevista:
Sessões: O que você assistiu nos últimos tempos que te chamou atenção?
Cacá Diegues: "Loong Boonmee raleuk chat", de Apichatpong Weerasethakul, da Tailândia. Palma de Ouro do último festival de Cannes.
S: Por que mesmo diretores consagrados tomam dinheiro emprestado (por leis de incentivo) do governo para financiar seus filmes? Afinal de contas, realizar um filme é mais importante, por exemplo, do que construir moradias e escolas para quem precisa? O que acha das leis de incentivo?
C.D.: Quem escolhe onde o dinheiro público vai ser empregado não são os cineastas, e sim o Poder Público. Sem leis de incentivo, não haveria cinema no Brasil. Nem cultura de forma alguma.
S: Recentemente, a Argentina ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com "O Segredo de Seus Olhos” de J.J. Campanella. Como você viu a premiação e a que você atribuiria esse desempenho do cinema argentino? Há uma melhor qualidade do cinema portenho (em comparação com o nacional) ou o cinema latino-americano (de uma maneira geral) que cresce cada vez mais?
C.D.: O cinema brasileiro é o mais importante da região, mas os cinemas argentino, mexicano, chileno, cubano são também cinematografias importantes. Até a Guatemala já produz (bons) filmes na América latina.
S: Em seus filmes há um cuidado danado com a trilha sonora. Quais cineastas ou influências o despertaram para a importância da música no cinema?
C.D.: Meu pai adorava música e ouvia musica todo dia. Acho que foi ele quem me aproximou da música e especialmente da música brasileira.
S: Você já passou por várias fases do cinema nacional, do Cinema Novo aos dias de hoje, há como descriminar um melhor momento de nosso cinema? E o que acha de nosso cinema atual?
C.D.: Desde o final dos anos 1990 que estamos vivendo no Brasil o mais fértil, diverso e bem sucedido ciclo na história do cinema brasileiro.
S: Você fez parte da criação do Cinema Novo. Como poderia descrever o que foi proposto na época e você acha que o resultado foi alcançado? Qual a maior contribuição do Cinema Novo para o cinema brasileiro de ontem e de hoje?
C.D.: A principal lição do Cinema Novo foi a de fazer filmes brasileiros no Brasil, tentando inventar um cinema para o país e um país no cinema.
S: Cacá, o cinema político não tem mais espaço? Vivemos o auge do cinema técnico, idealizado pela Vera Cruz?
C.D.: A Vera cruz também tentou ser política, em alguns filmes. A política é uma condição humana, estará sempre presente em qualquer atividade humana.
S: Você considera Bye Bye Brasil o seu principal filme?
C.D.: Não tenho preferência por nenhum filme meu em particular, procuro até esquecê-los para não me tornar vítima deles. O principal filme é sempre o próximo, aquele que ainda vamos fazer.
S: Se não fosse cineasta, o que provavelmente faria?
C.D.: Nunca pensei nessa hipótese, não sei.
S: Conte um pouco sobre o filme "5 Vezes Favela, Agora por nós mesmos" (http://www.5xfavela.com.br/). É uma continuação da produção de 1962 com histórias dirigidas por você, Miguel Borges, Marcos Farias, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade?
C.D.: "5XFavela"é um filme totalmente concebido, escrito, dirigido e realizado por jovens cineastas moradores de favelas cariocas (Episódios: ‘Arroz com Feijão’ de Cacau Amaral e Rodrigo Felha; ‘Deixa Voar’ de Cadu Barcellos; ‘Concerto Para Violino’ de Luciano Vidigal; ‘Fonte de Renda’ de Manaíra Carneiro e Wavá Novais e ‘Acende a Luz’ de Luciana Bezerra) . É uma visão de dentro da favela, sem os estereótipos e clichês que ela sofre da mídia e do cinema em geral.
S: Você está trabalhando na produção de outro longa-metragem “O Grande Circo Místico”. No seu site diz que o filme ainda não começou a ser filmado. Como é o trabalho da sua equipe antes de começar a gravar as cenas? Quais são as características do trabalho de uma pré-produção?
C.D.: Ainda estou terminando o roteiro desse novo filme, não tenho ainda uma equipe trabalhando nele.
S: Este filme será mesmo dirigido e protagonizado por José Wilker, seu grande companheiro em diversos filmes? Como você prevê o desempenho dele na direção, visto que ele é um diretor de pouca experiência?
C.D.: O filme de Wilker que eu e Renata Almeida Magalhães estamos produzindo através da Luz Mágica, nossa produtora, é outro. Trata-se de "Giovanni Improtta", baseado em texto de Agnaldo Silva. Wilker não é apenas um grande ator, mas também um autor e um cinéfilo que sabe tudo de cinema.
Novamente, muito obrigado pela oportunidade e pela honra de ter o grande Cacá Diegues no Sessões.
Equipe do Sessões
Advogado de formação e cineasta pela vida. Já viveu várias fases do nosso cinema e da política nacional e mantêm-se em alto nível desde sempre, adaptando-se como um camaleão a cada nova mudança do audiovisual no Brasil. Diretor de muitos curtas, iniciou a carreira em longas com o episódio "Escola de Samba Alegria de Viver" do longa "Cinco Vezes Favela" de 1962.
Confira novidades de sua carreira no ótimo site: http://www.carlosdiegues.com.br/ e confira abaixo a filmografia de longas metragens completa do diretor:
2006 - O maior amor do mundo
2003 - Deus é brasileiro
1999 - Orfeu
1996 - Tieta do agreste
1994 - Veja esta canção
1989 - Dias melhores virão
1987 - Um trem para as estrelas
1984 - Quilombo
1979 - Bye bye Brasil
1978 - Chuvas de Verão
1976 - Xica da Silva
1973 - Joanna francesa
1972 - Quando o carnaval chegar
1969 - Os herdeiros
1966 - A grande cidade
1964 - Ganga Zumba
1962 - Cinco vezes favela (Episódio: Escola de Samba Alegria de Viver)
O Sessões teve a oportunidade e o prazer de entrevistar essa figura marcante e tão importante da sétima arte do Brasil e do Mundo: Carlos Diegues, ou simplesmente, Cacá. Confira a entrevista:
Sessões: O que você assistiu nos últimos tempos que te chamou atenção?
Cacá Diegues: "Loong Boonmee raleuk chat", de Apichatpong Weerasethakul, da Tailândia. Palma de Ouro do último festival de Cannes.
S: Por que mesmo diretores consagrados tomam dinheiro emprestado (por leis de incentivo) do governo para financiar seus filmes? Afinal de contas, realizar um filme é mais importante, por exemplo, do que construir moradias e escolas para quem precisa? O que acha das leis de incentivo?
C.D.: Quem escolhe onde o dinheiro público vai ser empregado não são os cineastas, e sim o Poder Público. Sem leis de incentivo, não haveria cinema no Brasil. Nem cultura de forma alguma.
S: Recentemente, a Argentina ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com "O Segredo de Seus Olhos” de J.J. Campanella. Como você viu a premiação e a que você atribuiria esse desempenho do cinema argentino? Há uma melhor qualidade do cinema portenho (em comparação com o nacional) ou o cinema latino-americano (de uma maneira geral) que cresce cada vez mais?
C.D.: O cinema brasileiro é o mais importante da região, mas os cinemas argentino, mexicano, chileno, cubano são também cinematografias importantes. Até a Guatemala já produz (bons) filmes na América latina.
S: Em seus filmes há um cuidado danado com a trilha sonora. Quais cineastas ou influências o despertaram para a importância da música no cinema?
C.D.: Meu pai adorava música e ouvia musica todo dia. Acho que foi ele quem me aproximou da música e especialmente da música brasileira.
S: Você já passou por várias fases do cinema nacional, do Cinema Novo aos dias de hoje, há como descriminar um melhor momento de nosso cinema? E o que acha de nosso cinema atual?
C.D.: Desde o final dos anos 1990 que estamos vivendo no Brasil o mais fértil, diverso e bem sucedido ciclo na história do cinema brasileiro.
S: Você fez parte da criação do Cinema Novo. Como poderia descrever o que foi proposto na época e você acha que o resultado foi alcançado? Qual a maior contribuição do Cinema Novo para o cinema brasileiro de ontem e de hoje?
C.D.: A principal lição do Cinema Novo foi a de fazer filmes brasileiros no Brasil, tentando inventar um cinema para o país e um país no cinema.
S: Cacá, o cinema político não tem mais espaço? Vivemos o auge do cinema técnico, idealizado pela Vera Cruz?
C.D.: A Vera cruz também tentou ser política, em alguns filmes. A política é uma condição humana, estará sempre presente em qualquer atividade humana.
S: Você considera Bye Bye Brasil o seu principal filme?
C.D.: Não tenho preferência por nenhum filme meu em particular, procuro até esquecê-los para não me tornar vítima deles. O principal filme é sempre o próximo, aquele que ainda vamos fazer.
S: Se não fosse cineasta, o que provavelmente faria?
C.D.: Nunca pensei nessa hipótese, não sei.
S: Conte um pouco sobre o filme "5 Vezes Favela, Agora por nós mesmos" (http://www.5xfavela.com.br/). É uma continuação da produção de 1962 com histórias dirigidas por você, Miguel Borges, Marcos Farias, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade?
C.D.: "5XFavela"é um filme totalmente concebido, escrito, dirigido e realizado por jovens cineastas moradores de favelas cariocas (Episódios: ‘Arroz com Feijão’ de Cacau Amaral e Rodrigo Felha; ‘Deixa Voar’ de Cadu Barcellos; ‘Concerto Para Violino’ de Luciano Vidigal; ‘Fonte de Renda’ de Manaíra Carneiro e Wavá Novais e ‘Acende a Luz’ de Luciana Bezerra) . É uma visão de dentro da favela, sem os estereótipos e clichês que ela sofre da mídia e do cinema em geral.
S: Você está trabalhando na produção de outro longa-metragem “O Grande Circo Místico”. No seu site diz que o filme ainda não começou a ser filmado. Como é o trabalho da sua equipe antes de começar a gravar as cenas? Quais são as características do trabalho de uma pré-produção?
C.D.: Ainda estou terminando o roteiro desse novo filme, não tenho ainda uma equipe trabalhando nele.
S: Este filme será mesmo dirigido e protagonizado por José Wilker, seu grande companheiro em diversos filmes? Como você prevê o desempenho dele na direção, visto que ele é um diretor de pouca experiência?
C.D.: O filme de Wilker que eu e Renata Almeida Magalhães estamos produzindo através da Luz Mágica, nossa produtora, é outro. Trata-se de "Giovanni Improtta", baseado em texto de Agnaldo Silva. Wilker não é apenas um grande ator, mas também um autor e um cinéfilo que sabe tudo de cinema.
Novamente, muito obrigado pela oportunidade e pela honra de ter o grande Cacá Diegues no Sessões.
Equipe do Sessões
O Cacá tem feito poucos filmes. Em suas fases mais produtivas, foi responsável por alguns clássicos.
ResponderExcluirFico feliz em saber do envolvimento dele com novos projetos.
"O Grande Circo Místico" é um ótimo musical, não imagino como será a versão para o cinema, mas já estou curioso.
Parabéns ao Sessões pela iniciativa de entrevistar cineastas brasileiros!
Abs!!!
Meio saudosista e meio pedante, mas há de se rememorar a trilha de "Quando o Carnaval Chegar"...
ResponderExcluirAnda, Luzia
Pega um pandeiro, vem pro carnaval
Anda, Luzia
Que essa tristeza lhe faz muito mal
Apronta a tua fantasia
Alegra teu olhar profundo
A vida dura só um dia, Luzia,
E não se leva nada desse mundo
Salve Bethânia, Chico Buarque e as trilhas sonoras de bom gosto.
Leandro Antonio
Sessões
Ops... nem sei se esta música é do Chico mesmo, mas se não for um salve para o poeta.
ResponderExcluirLeandro Antonio
Sessões