Amazonas, Amazonas


Amazonas, Amazonas (1965) on IMDb
É um curta metragem dirigido por Glauber Rocha em 1966 do tipo documentário em que descreve a história, as belezas naturais, o atraso e a dura vida do povo amazonense.
Esta produção foi encomendada pelo governo do estado do Amazonas e foi o primeiro trabalho de Glauber em cores. Apesar de ser um filme de cunho propagandista, e Glauber aceitou o projeto apenas como forma de poder financiar o seu próximo longa à época: “Terra em Transe (1967)”, sua veia revolucionária fica bastante evidente.

Ao se deparar com a realidade de Manaus e outros municípios do estado, Glauber capta o contraste entre a exuberância da selva, dos rios, das riquezas naturais e o marasmo econômico e o descaso social.

Glauber traça genialmente um paralelo entre o Amazonas exaltação e o Amazonas real. Talvez por isso o título ser duplicado: Amazonas, Amazonas.

De lá para cá algumas coisas mudaram, mas na essência a região ainda é a mesma. A Zona Franca de Manaus foi instalada, como ponte para o poder econômico explorar as riquezas naturais do local, além da mão de obra bastante barata. O centro histórico foi restaurado, porém a explosão demográfica da Capital produziu uma Manaus ainda atrasada, sem estrutura urbana, habitada por um povo marginalizado. Os municípios vizinhos, os mais distantes e as populações ribeirinhas ainda vivem num estilo de vida rústico, quase pré-histórico.

Portanto, o documentário ainda é atual e útil para uma reflexão sobre os destinos que queremos para esta importante região do Brasil. Finalizo destacando uma trecho profético da narrativa que diz: “O Amazonas que conhecemos é outro. O Amazonas de hoje, maior estado do Brasil, onde o homem já fixou suas raízes e luta para desenvolver sua civilização, onde o homem, transformando árvores em casas, busca uma cultura a partir de suas visões especiais do meio.”

Carlos Nascimento
Sessões

Comentários

  1. Dia destes em uma conversa trivial, um músico (regente) me disse que foi contratado para fazer animação em uma festa, destas de empresa, no final do ano. Os contratantes disseram que os funcionários e toda aquela equipe gostavam de música sertaneja e que esta não poderia faltar para animar o pessoal que faria uma espécie de coral instantâneo com o maestro.
    Ele disse que foi um grande desafio executar seu trabalho de maneira que o satisfizesse e satisfazesse também aos funcionários. No entanto, ele disse que se saiu muitíssimo bem na tarefa e que cumpriu o objetivo de não tornar enfadonha e sacrificante a tarefa de realizar uma música que não era das suas preferidas.
    Taí o grande exercício que Glauber deve ter feito neste curta-propaganda. O exercício de se encontrar no que aparentemente é total alheio. Bom, ainda bem que ele aceitou, pois se isto ajudou a financiar Terra em Transe é sinal que Amamzonas, Amazonas é um causo importante para o cinema mundial.

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