Meu irmão é filho único
Nome Original: Mio fratello è figlio unico
Direção: Daniele Luchetti
Ano: 2007
País: Itália / França
Elenco: Elio Germano e Riccardo Scamarcio.
Prêmios: David di Donatello de Melhor Ator (Elio Germano) , Edição, Roteiro, Som e Atriz Coadjuvante (Angela Finocchiaro).
A idéia central de Meu irmão é filho único é a fraternidade.Fraternidade não entendida como a fraternité do século XVIII da revolução francesa que guilhotinava em nome de uma pretensa igualdade entre os homens,mas uma fraternidade menos ideal,mais visível e extremamente mais tocante.
Com efeito, é na relação, sempre agressiva entre Accio (Elio Germano) e Manrico(Ricardo Scarmacio) que se estabelece essa noção de fraternidade real entre os irmãos.
Existe entre quaisquer irmãos a noção de que algumas coisas têm que ser resolvidas na força. Eu,por exemplo,perdi a conta de quantas vezes já bati no meu irmão porque ele me desobedecia ou não se portava com respeito,atualmente não é mais necessário ele cresceu.... e como ensinavam os antigos: “Em conversando tudo se resolve...”.
Pois bem, Manrico,o mais velho,apesar de bater muito em Accio,era o único a visitá-lo no seminário e foi o primeiro a fazê-lo pecar:Levara-lhe uma foto de uma atriz sensual para o irmão caçula que não se agüentando caiu em tentação muitas vezes.
Aqui, somos apresentados a um segundo nível de relação.Manrico dá a foto a Accio para que ele se torne uma pessoa normal,isto é,abandone aquela vida falsa da religião,e alega que na verdade Jesus era um revolucionário que os romanos crucificaram.
Manrico,de esquerda,resumia seu ideário: “Tudo baboseira o homem descende do macaco,entendeu?”
Estamos em meio a crise dos mísseis em cuba (1962),o professor do seminário explica que a terceira guerra mundial está prestes a acontecer e que para tanto é preciso que se reze.O garoto sai e debaixo de chuva pede para que deus converta Krushev e os comunistas.
Existe no meio deste conflito natural entre irmãos um agravante que pouco a pouco vai tomando forma. O caçula(Accio) começa a desenvolver interesses que conforme sua personalidade desembocam em uma visão fascista de mundo.Ou seja ele tem apego pelas verdades eternas,sabe latim,ama a pátria,fala em honra da nação e etc.De sorte que,quando vemos está se filiando ao partido fascista italiano.A vida dos irmãos se desenvolve entre murros e cascudos como tem que ser. Até que um dia bate à porta Francesca(Diane Fleri):
Essa garota desequilibra a relação entre os irmãos na medida em que se aproxima de Accio que embora fascista é uma pessoa divertida de se brigar.Trazendo a questão do amor.
O filme brinca com essa noção de irmandade, política e amor com muita consistência e o que é mais importante sem deixar de lado o lado cômico da vida.
Um filme que sem apagar a unidade principal deixa resvalar um concerto de Beethoven, todo o ideário socialista e fascista,os acontecimentos de maio de 68 na França,o julho de 68 na china e o agosto de 68 na Tchescolavaquia enfim um filme com um plano de fundo histórico muito bem construído.
De volta à película,Manrico se envolve cada vez mais em sua luta pelo povo e passa a ser perseguido. Daí para frente há que se assistir ao filme.
O filme chama atenção pela beleza das imagens. A dramatização de algumas passagens, por exemplo, a cena do grito e o choro na praia....Um grito seco,um choro reprimido.O ideal a se atingir é exatamente esse.Se entendo o cinema como arte é só quando essa arte(cinematográfica)não permitir que a mesma beleza artística seja expressa de outra forma.Isso é o que eu busco no cinema,uma situação em que a palavra escrita não seja o suficiente para escrever ou descrever o que se sente com a imagem.
Em último, mas não menos importante, a atuação absurdamente boa dos irmãos,sobretudo Accio é de dar medo e o filme encanta pela capacidade de passar a alma de um povo,a italianidade.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Direção: Daniele Luchetti
Ano: 2007
País: Itália / França
Elenco: Elio Germano e Riccardo Scamarcio.
Prêmios: David di Donatello de Melhor Ator (Elio Germano) , Edição, Roteiro, Som e Atriz Coadjuvante (Angela Finocchiaro).
A idéia central de Meu irmão é filho único é a fraternidade.Fraternidade não entendida como a fraternité do século XVIII da revolução francesa que guilhotinava em nome de uma pretensa igualdade entre os homens,mas uma fraternidade menos ideal,mais visível e extremamente mais tocante.
Com efeito, é na relação, sempre agressiva entre Accio (Elio Germano) e Manrico(Ricardo Scarmacio) que se estabelece essa noção de fraternidade real entre os irmãos.
Existe entre quaisquer irmãos a noção de que algumas coisas têm que ser resolvidas na força. Eu,por exemplo,perdi a conta de quantas vezes já bati no meu irmão porque ele me desobedecia ou não se portava com respeito,atualmente não é mais necessário ele cresceu.... e como ensinavam os antigos: “Em conversando tudo se resolve...”.
Pois bem, Manrico,o mais velho,apesar de bater muito em Accio,era o único a visitá-lo no seminário e foi o primeiro a fazê-lo pecar:Levara-lhe uma foto de uma atriz sensual para o irmão caçula que não se agüentando caiu em tentação muitas vezes.
Aqui, somos apresentados a um segundo nível de relação.Manrico dá a foto a Accio para que ele se torne uma pessoa normal,isto é,abandone aquela vida falsa da religião,e alega que na verdade Jesus era um revolucionário que os romanos crucificaram.
Manrico,de esquerda,resumia seu ideário: “Tudo baboseira o homem descende do macaco,entendeu?”
Estamos em meio a crise dos mísseis em cuba (1962),o professor do seminário explica que a terceira guerra mundial está prestes a acontecer e que para tanto é preciso que se reze.O garoto sai e debaixo de chuva pede para que deus converta Krushev e os comunistas.
Existe no meio deste conflito natural entre irmãos um agravante que pouco a pouco vai tomando forma. O caçula(Accio) começa a desenvolver interesses que conforme sua personalidade desembocam em uma visão fascista de mundo.Ou seja ele tem apego pelas verdades eternas,sabe latim,ama a pátria,fala em honra da nação e etc.De sorte que,quando vemos está se filiando ao partido fascista italiano.A vida dos irmãos se desenvolve entre murros e cascudos como tem que ser. Até que um dia bate à porta Francesca(Diane Fleri):
A mulher mais linda que eu já vi. Por essa eu escreveria um livro mais legal do que La Solitudine dei Numeri Primi e atiraria sem dúvida outro duomo na cara do Berlusconi sim. Faria sem pensar duas vezes.
Essa garota desequilibra a relação entre os irmãos na medida em que se aproxima de Accio que embora fascista é uma pessoa divertida de se brigar.Trazendo a questão do amor.
O filme brinca com essa noção de irmandade, política e amor com muita consistência e o que é mais importante sem deixar de lado o lado cômico da vida.
Um filme que sem apagar a unidade principal deixa resvalar um concerto de Beethoven, todo o ideário socialista e fascista,os acontecimentos de maio de 68 na França,o julho de 68 na china e o agosto de 68 na Tchescolavaquia enfim um filme com um plano de fundo histórico muito bem construído.
De volta à película,Manrico se envolve cada vez mais em sua luta pelo povo e passa a ser perseguido. Daí para frente há que se assistir ao filme.
O filme chama atenção pela beleza das imagens. A dramatização de algumas passagens, por exemplo, a cena do grito e o choro na praia....Um grito seco,um choro reprimido.O ideal a se atingir é exatamente esse.Se entendo o cinema como arte é só quando essa arte(cinematográfica)não permitir que a mesma beleza artística seja expressa de outra forma.Isso é o que eu busco no cinema,uma situação em que a palavra escrita não seja o suficiente para escrever ou descrever o que se sente com a imagem.
Em último, mas não menos importante, a atuação absurdamente boa dos irmãos,sobretudo Accio é de dar medo e o filme encanta pela capacidade de passar a alma de um povo,a italianidade.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Comentários
Postar um comentário