JCVD
Nome original: JCVD
Diretor: Mabrouk el Mechri
Ano:2008
País: Bélgica, França e Luxemburgo
Elenco: Jean-Claude Van Damme
“Having hard times in this crazy town
Having hard times, there’s no love to be found!”
Having hard times, there’s no love to be found!”
Socos, pontapés, chutes, rasteiras, murros, fogo, explosões, cotoveladas, granadas, facadas, ação, missão cumprida, mocinha salva, set de filmagem, diretor asiático, reclamação das tomadas longas e dos recursos disponíveis para o filme, desinteresse por parte das exigências do ator.
Basicamente este é a metalinguagem inicial de JCVD filme em que o ator interpreta a si mesmo com a direção do Franco Argelino Mabrouk El Mechri. O filme,no entanto, retrata a Decadência,o Declínio e uma certa reflexão sobre a vida. O “músculo de Bruxelas” de filmes de ação da década de 80 que pululam nas sessões da tarde consegue expressar artisticamente o seu fracasso como ator, pai, lutador e como homem.
O discurso narrativo agrada muito por jogar com a idéia de vida real e vida artística de Jean Claude Van Damme, isto é, do lado da realidade, temos um ator em dificuldades financeiras, com problemas judiciais referentes a guarda de sua filha, além de constantemente perder papéis para Steven Seagal, pelo lado da ficção, a confusão em que se mete quando volta ao seu país (onde é considerado herói nacional) por ser tomado por um dos ladrões que roubavam o correio quando ele vai em busca de dinheiro para pagar os custos judiciais. É notável a relação estabelecida entre a idéia de autobiografia e sátira,simultaneamente à criação e à “realidade mágica” do cinema.
O filme atinge o ápice da criatividade artística no monólogo “acima do set” que faz um corte na história. Do nada o filme é interrompido por um desabafo no qual o ator discorre sobre coisas triviais da vida: Família, infância, pobreza, amor, solidão, drogas, alcóol, enfim uma fala existêncial, um belo "o que eu me tornei e o que fiz da minha vida?" com direito a lágrimas e tons de angústia.
É neste ponto,ainda em que há a quebra da quarta parede. É um conceito que vem do teatro, por ser o palco formado por três paredes mais a parede pela qual o público assiste ao espetáculo. Não é a primeira vez que é usado no cinema. Em o Show de Trumam o protagonista derruba a quarta parede que o separava da platéia. A finalidade desta técnica é fazer com que o público participe mais ativamente da história e foi criada por Bertold Bretch para se contrapor à teoria de Constantin Stanislavski.
Outro ponto significativo são as músicas de Curtis Mayfield e Solomom Burke que dão um certo espiríto para a narrativa,de fracasso é verdade,mas a vida não é feita só de vitórias as vezes perdemos e temos de ser fortes o suficiente para levantar e seguir em frente.JCVD ensina que a vida é feita de altos e baixos,de socos e pontapés, de risos e choros,de vitórias e derrotas,muitas derrotas,mas,ensina também que o importante é o levantar-se,é o resistir e seguir lutando.Neste sentido todos temos um pouco de JCVD em nós.Não fizemos e não faremos tudo o que gostaríamos de fazer.
Quoi faire?
C'est la vie.
Fernando moreira dos Santos
Sessões
Fiquei surpreso com o comentário do Fernando sobre este filme. O problema é que temos uma resistência e até um certo preconceito em aceitar que Van Dame poderia apresentar elementos artísticos tão relevantes. Não vi o filme, mas fiquei motivado, muito mais pelo belo texto do colega, que provavelmente é mais interessante que o próprio filme,
ResponderExcluirPalavras do Fernando : "Mas a vida não é feita só de vitórias as vezes perdemos e temos de ser fortes o suficiente para levantar e seguir em frente"
ResponderExcluirCara, você tá muito estranho...hehe!
Aguardo réplica,
Leandro Antonio
Sessões
Quando ouvi falar de JCVD e após esse texto de Fernando Moreira, tomei coragem e vi. JCVD talvez seja o melhor dos filmes de Van Damme. O Grande Dragão Branco já foi meu filme predileto, aos 6 anos de idade, mas o tempo passa, e fui perdendo a atenção desses tipos de filmes. E acho que não fui só eu.
ResponderExcluirVan Damme e Schwarzenegger já passaram por melhores momentos cinematográficos. Houve o auge desse cinema, porém hoje só resta o ostracismo e o de Van Damme foi arrebatador.
JCVD mostra como o auge, o topo pode ser perto. Mas como a decadência consegue ser ainda mais rápido do que a ascenção. O ator belga passa por uma situação muito constrangedora. Foi em alguns anos de Hollywood a idolo só em Bruxelas em poucos anos. Dívidas, escolhas erradas e a própria decadência do cinema de ação marcial, Van Damme é só um fantasma.
Talvez esse seja o fantasma que seja necessário para um up em sua carreira. A direção de Mabrouk el Mechri é irretocável. E o momento do desabafo é algo que nos pega de surpresa. Um desabafo com a garganta fechada. Talvez, tentando parar a respiração para não sofrer mais.
Vitor Stefano
Sessões
Esse Vitor Stefano é realmente um fã de VD e também um homem romantico...
ResponderExcluirPobre VD! só lhe restou o ostracimo! Que triste!
*ostrascismo.
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