Dzi Croquettes



Nome Original: Dzi Croquettes
Diretor: Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Ano: 2009
País: Brasil
Elenco: Dzi Croquettes e depoimentos de Liza Minnelli, Ney Matogrosso, Pedro Cardoso, Gilberto Gil, Miéle, Elke Maravilha, entre outros.
Prêmios: Melhor Documentário (Voto Popular) e Montagem no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, ACIE de Melhor Filme, Melhor Documentário (Voto Popular) no London Brazilian Film Festival, Torino International Glbt Film Festival, Festival Mix Brasil Internacional, 14th Miami Film Festival, Melhor Documentário (Juri Oficial) no LABRFF, Melhor Documentário Juri Oficial e Popular no Festival do Rio, Melhor Documentário Graned Prêmio do Itamaraty e Voto Popular na 33ª Mostra Internacional de São Paulo e Melhor Edição no Festcine de Goiania.
Dzi Croquettes (2009) on IMDb


Uma grande família, diferente de todas que já vimos por aí. 13 pessoas geniais que mudaram toda uma geração com a suavidade de um elefante. Não há como citá-los sem que a palavra revolução seja dita. Seja sexual, política ou artística, Dzi Croquettes mudaram o conceito de liberdade. E, por mistérios que só ocorrem nesse país, estavam totalmente esquecidos, limados da história, jogados no calabouço dos trens que nunca mais voltaram. Mas como uma dádiva, voltam imortalizados por um documentário maravilhoso que faz relembrar (e apresentar ao mais novos, como eu) do sucesso, escândalo e “golpe” que aqueles homens masculinos vestidos com trajes mínimos ou como mulheres que formavam a família Dzi, com pai, mãe, filhos e tudo que se pode.

Logo de cara vemos o caos político que aqueles homens semi-nus causaram no Brasil da Ditadura. Os anos 70 foram os mais criativos e os mais perseguidos da história tupiniquim. Em todas as artes, mas na música, foi ainda mais. Mas o esquema de sensura fazia tudo ficar ainda mais gostoso. Quando os generais viram Dzi pensaram: aí tem algo contra o governo, só falta descobrir o que. Tudo era controlado mas ninguém os segurariam. Toda ação é uma atitude política. A política está em tudo que fazemos (ou deixamos de fazer). Mas eles fizeram, deixaram seu legado e mudaram a história das artes , abalando por aqui e em París, com sua ousadia estética, inovação de comunicação e inteligência dos números. Sartre dizia que o homem é, antes de tudo, livre. Essa máxima só se concretizou quando a avalanche dziquíca contagiou o mundo com a libertinagem que estava na alma de cada um deles. 13 gênios fizeram de sua atitude um novo estilo de vida. Os burgueses se corroeram. Os generais borraram suas calças. A sociedade, respirou por ver um final no fundo do túnel. Vejam o porque:


Depoimentos de Elke Maravilha, Ney Matogrosso, Paulo Cardoso, Gilberto Gil, Marília Pêra, Betty Faria, Miéle, Jorge Fernando, Cláudia Raia, Miguel Falabella e tantos outros (inclusive a figura onipresente de documentário musicais, Nelson Motta). Liza Minnelli dá todo um charme e mostra o quanto foram marcantes quando fala com emoção e carinho da época que conviveu com Lennie Dale e sua trupe. Também vemos os 5 dzis que ainda estão vivos: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda. Depoimentos em forma de lembranças de porta-retrato de uma época que nunca mais viverão. Inspiração, espelho ou admiração, a revolução artistica - teatro e dança - e sexual que Dzi Croquettes causaram mostram o quão importantes eles são na história do nosso país.

O grande mérito do documentário vai além de resgatar do ostracismo o grupo, mas sim em mesclar de forma suave depoimentos e a memória afetiva da diretora. Muito se falou sobre “Santiago” de João Moreira Salles mudar a abordagem e fazer um documentário sobre si próprio através de um personagem. Aqui não conseguimos atingir esse nível, mas há um toque disso pois vai ficando claro através de momentos que quem está ao lado da câmera esteve totalmente envolvido com Dzi Croquettes. Tatiana é filha do do cenógrafo do Dzi, Américo Issa. Como Mariana para Luis Sergio em “Person”, Tatiana homenageia o próprio pai relembrando momentos inesquecíveis em que ficava no teatro vendo tudo aquilo acontecer, in loco, com a alma. Uma alma abençoada com muita purpurina, simbolizando o que ela mesma diz no final.

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

  1. Eu já assisti!
    Posso dizer q por mais que eu já tenha visto muito coisa nesse meio artístico, fiquei bastante chocado como esse grupo conseguiu se manter tanto tempo no meio da ditadura militar.
    Parabéns aos diretores por resgatarem essa história!

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  2. Um dos melhores documentários brasileiros que já vi. As performances dos Dzi só são encontradas nele. Talento puro com uma organização de fundo de quintal fazem dos Dzi a fómula para o sucesso. Um vasto material histórico com entrevistas surpreendentes como a de Liza Minelli. Uma linda homenagem para um grupo simplesmente fantástico.

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