Vício Frenético

Nome Original: Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans
Diretor: Werner Herzog
Ano: 2009
País: EUA
Elenco: Nicolas Cage, Eva Mendes, Val Kilmer e Xzibit.
Prêmios: Prêmio do Juri Oficial no Festival de Dublin, Melhor Ator no Festival de Toronto e o Prêmio Christopher D. Smithers Foundation Special Award do Festival de Veneza.
Vício Frenético (2009) on IMDb


Nicolas Cage já fez de tudo para não vermos mais filmes que ele estrela. Suas sucessivas escolhas errôneas de personagens caricatos, sem força ou simplesmente ruins, fizeram com que sua boa impressão de outrora se tornou repúdio e ódio. Não há como um ator que considero bom, tornar-se tão inexpressivo e inconseqüente de suas escolhas. Se ele não fosse o escolhido para o papel, certamente teria visto “Vicio Frenético” há mais tempo. Mas essa angustia em ver Cage nas telas me fez esperar, ir com calma, sem pressa pra ver mais um possível desastre. Pois é, agora já posso dizer: arrependi-me de não ter visto antes. Cage tem mais um crédito. Graças ao Herzog.

Pense num ser errado. Esse é Terence McDonagh, vivido por Cage. A veia corrupta de um policial só pode vir de dois casos: falta de pagamento ou vício no que mais deve combater. No caso, a heroína e a cocaína são seus grandes amigos do dia a dia. Mas logo na primeira cena vemos um salvador, um herói, um humano. Porque a mudança tão drástica? Aquele cara que se machucou para salvar a pele de um marginal prestes a morrer afogado pela enchente do Furacão Katrina não existe mais? As drogas o transformaram num ser que ele não é ou que na realidade ele é? Quem sabe verdadeiramente o que as drogas podem fazer... Quem sabe o que a polícia pode e deve fazer... Está tudo fora da ordem... (isso é um problema) mundial...

Nesse submundo suburbano onde quem deve defender ataca e a sociedade fica a mercê de toda escória que o mundo do tráfico trás. É como uma nuvem preta: sabemos que choverá, mas não conseguimos fazer nada, além de nos fechar em nossas casas e esperar passar o pior. O tráfico é assim. Se não nos fechamos, ele nos pega, nos transforma em um membro ativo dessa sociedade alternativa. Mas há como controlar? Ou nenhum mal é tão ruim que não possa piorar? Essa é uma questão muito filosófica para conseguirmos destrinchar em apenas uma análise fílmica. “Vício Frenético” nos leva a uma insana sensação de proximidade com a realidade. As vertigens de xxx, são as vertigens da sociedade que vê apenas o que quer ver. Na loucura, ver iguanas é muito melhor do que olhar no espelho.



Eva Mendes como prostituta-namorada de Terence, vive um papel duro, mas de forma muito convincente no papel de Frankie. Cage está impecável. Suas manias viciáticas e a dor nas costas durante toda a fita faz com que percebamos a puresa dos detalhes numa atuação. Sim, no contexto geral é ótima, mas nos detalhes é impecável. Herzog volta à grande forma após o (apenas) bom “O Sobrevivente”. Mas vindo desse alemão com tanta história pra contar, podemos sempre esperar filmes classudos e porque não, eternos. “Vício Frenético” é com certeza um dos melhores lançados em 2010, graças ao Herzog. Graças a Cage, ressurgindo das cinzas das películas cinematográficas.

Vitor Stefano
Sessões

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