Fale com Ela
Nome Original: Hable con Ella
Diretor: Pedro Almodóvar
Ano: 2002
País: Espanha
Elenco: Javier Cámara, Dario Grandinetti, Leonor Watling, Rosario Flores, Geraldine Chaplin e participação especial de Caetano Veloso.
Prêmios: Oscar e Bafta de Melhor Roteiro Original. Globo de Ouro, David di Donatello, César, Grande Prêmio Brasil de Cinema e Bodil de Melhor Filme de Lingua Não Inglesa/Estrangeiro.
"O amor é a coisa mais triste do mundo quando acaba, como diz uma canção de Jobim”.
O cineasta Pedro Almodóvar consegue em Fale com Ela juntar elementos culturais de forma tão harmônica que me faz pensar num cinema perfeito. A dança, o cinema e a música estão conectados de tal forma, que parecem trigêmeos univitelinos siameses, impossível separá-los. A direção, as atuações, o roteiro, a montagem, a fotografia e a trilha estão sublimente encaixados dando todo o drama necessário, além de contar uma história tão linda de um amor inenarrável.
Como uma ode ao amor platônico, esse filme encanta. Desde o início, com a apresentação de Café Muller de Pina Bausch, onde duas mulheres 'cegas', como sonambulas e um homem desesperado, triste, afastando cadeira a cadeira para que elas não se machuquem. A dança teatral já nos mostra o que esperamos para o resto do filme. Um filme de amor, solidão, loucura e punição. Um amar tão insano que chega a doer de tanto amor.
O cinema foi homenageado com um filme dentro do filme. Trata-se de 'O Amante Minguante' - curta em preto e branco, inspirado em Charles Bukowski. É a demonstração do louco amor do enfermeiro Benigno por Alice. Ele com carinho imenso pela moça em coma, a viola. Veja a demonstração do amor ingênuo, psicopata e solitário, mesmo sempre com a Alicia por perto. Um ser humano puro e apaixonado por uma mulher que jamais o desejou.
A maior punição ao enfermeiro não é prisão e sim: "Não posso viver em um mundo sem Alicia". Põe fim em sua vida e renasce Alicia.
Diretor: Pedro Almodóvar
Ano: 2002
País: Espanha
Elenco: Javier Cámara, Dario Grandinetti, Leonor Watling, Rosario Flores, Geraldine Chaplin e participação especial de Caetano Veloso.
Prêmios: Oscar e Bafta de Melhor Roteiro Original. Globo de Ouro, David di Donatello, César, Grande Prêmio Brasil de Cinema e Bodil de Melhor Filme de Lingua Não Inglesa/Estrangeiro.
"O amor é a coisa mais triste do mundo quando acaba, como diz uma canção de Jobim”.
O cineasta Pedro Almodóvar consegue em Fale com Ela juntar elementos culturais de forma tão harmônica que me faz pensar num cinema perfeito. A dança, o cinema e a música estão conectados de tal forma, que parecem trigêmeos univitelinos siameses, impossível separá-los. A direção, as atuações, o roteiro, a montagem, a fotografia e a trilha estão sublimente encaixados dando todo o drama necessário, além de contar uma história tão linda de um amor inenarrável.
Como uma ode ao amor platônico, esse filme encanta. Desde o início, com a apresentação de Café Muller de Pina Bausch, onde duas mulheres 'cegas', como sonambulas e um homem desesperado, triste, afastando cadeira a cadeira para que elas não se machuquem. A dança teatral já nos mostra o que esperamos para o resto do filme. Um filme de amor, solidão, loucura e punição. Um amar tão insano que chega a doer de tanto amor.
O cinema foi homenageado com um filme dentro do filme. Trata-se de 'O Amante Minguante' - curta em preto e branco, inspirado em Charles Bukowski. É a demonstração do louco amor do enfermeiro Benigno por Alice. Ele com carinho imenso pela moça em coma, a viola. Veja a demonstração do amor ingênuo, psicopata e solitário, mesmo sempre com a Alicia por perto. Um ser humano puro e apaixonado por uma mulher que jamais o desejou.
A maior punição ao enfermeiro não é prisão e sim: "Não posso viver em um mundo sem Alicia". Põe fim em sua vida e renasce Alicia.
Outro mundo inserido nessa película é a tauromaquia. Uma tradição secular e que tem grande força na Espanha. A música aliada à crueldade e beleza do balé do toureiro, nos trás a um momento surreal onde Lydia derrota o touro ao som de Elis Regina interpretando 'Por toda Minha Vida'. A música também se faz presente enquanto amores do passado são capazes de trazer lágrimas incontidas, como em Marco, numa espécie de lual ao som do nosso Caetano Veloso, interpretando a belíssima canção do mexicano Tomás Méndez: 'Cucurrucucú Paloma'.
"Este Caetano me há puesto los pelos de punta". É de arrepiar mesmo!
Não é possível amar completamente quando o passado nos comove ou nos rodeia. Marco e Lydia foram pilares um para o outro no momento de tristeza amorosa. Serviram de consolo mutuo e seguiram sua vida. Ela de modo trágico, não seguiu e ele, tentando em busca de um novo amor. Mesmo que por uma velha conhecida.
Filmes de Almodóvar são fáceis de se ver, porém difíceis de se falar sobre. Há tantos elementos inclusos, tanto uso de metalinguagem, que não temos como descrever. É o meu filme predileto, pois mostra que o amor e suas demonstrações estão no modo comunicação. No toque, no olhar ou na fala. Fale com Ela me deixa sem palavras, mas tentem falar sobre.
"Chora o que ama, mas também fala o que ama”. (Pedro Almodóvar)
Vitor Stefano
Sessões
"Este Caetano me há puesto los pelos de punta". É de arrepiar mesmo!
Não é possível amar completamente quando o passado nos comove ou nos rodeia. Marco e Lydia foram pilares um para o outro no momento de tristeza amorosa. Serviram de consolo mutuo e seguiram sua vida. Ela de modo trágico, não seguiu e ele, tentando em busca de um novo amor. Mesmo que por uma velha conhecida.
Filmes de Almodóvar são fáceis de se ver, porém difíceis de se falar sobre. Há tantos elementos inclusos, tanto uso de metalinguagem, que não temos como descrever. É o meu filme predileto, pois mostra que o amor e suas demonstrações estão no modo comunicação. No toque, no olhar ou na fala. Fale com Ela me deixa sem palavras, mas tentem falar sobre.
"Chora o que ama, mas também fala o que ama”. (Pedro Almodóvar)
Vitor Stefano
Sessões
eu passo a baianidade de "caetano é luz".
ResponderExcluirFale com ela
ResponderExcluirAlmodovar sempre foi um dos diretores mais complicados para escrever sobre.Pelo menos para mim.
Vejo multidões de fanáticos pelo cineasta infestarem os cinemas quando da estréia de qualquer filme seu e me custa entender o motivo.
No entanto,em respeito a esse mundaréu de fãs e,sobretudo,ao Vitor,que nas reuniões dos Sessões sempre enaltece o espanhol e sua atriz preferida:Penélope Cruz(neste pormenor,com meu total apoio) eu me esforcei para vislumbrar a leitura almodovariana.
da vida.
Confesso que não fui muito longe.Assistindo a Fale com ela,tive momentos significativos de verdadeira beleza artística com o encontro e a quase simbiose de dança,música,tetro,drama em vários momentos do filme mas,ainda sim,em fale com ela não senti a transcedência.Aquela coisa díficil de traduzir em palavras mas não impossível de sentir. Uma espécie de mágica qualquer de me por inquieto no sofá.Coisa que em grande medida foi sentida por mim em O Passado,por exemplo.
Neste filme as atuações e o quase-disparate dos motivos da cena me levaram a pensar na genialidade de quem comandava aquilo,quem escreveu o roteiro,o dono do comboio de corda em que os dialogos se davam.Em O Passado senti a Beleza,já em fale com ela não extrai o que queria.Isso pode ser atribuído a ansiedade por assistir um filme pelo qual o amigo é apaixonado e se decepcionar por não ver o que o amigo viu.Minúcias deste jaez.
Nem tudo são lágrimas,apesar de não atingir os píncaros da minha expectativa,Fale com ela está muito longe de ser um filmeco qualquer.O que eu infiro é que para Marco e Lydia a existência de um amor passado -mal resolvido- se torna,pouco a pouco,presente.Como se afluindo lá do fundo da memória e emergindo nas conversas entre os dois até atingir um nível em que uma tragédia os fazem aceitar o destino de cada um para com seus verdadeiros amores.
Já o caso do enfermeiro remete ao platonismo que saí do alto dos céus da adoração para adentrar a realidade física do corpo,subrepticiamente,possuindo-o.
Achei interessante também o fato de Benigno ter sido preso mesmo depois de ter "despertado"Alicia de seu longo sono de 4 anos.Nínguem nega o fato do estupro ser moralmente inaceitável mas não fosse esse ato impúdico por parte de Benigno teria Alicia saído do coma?
E quem somos nós para afirmarmos que foi estupro?Benigno a amava ou não?A se avaliar pelos cuidados e horas que despendia com a garota julgo não ser errado falar-se em amor.De qualquer forma esse tema se desenvolvido pode gerar grande celeuma da qual eu adoraria participar.
Provocação:Benigno é culpado ou inocente?Avalie da perspectiva dos antecedentes e dos consequentes.
Destaco a fotografia.Não me causou surpresa as atuações,nem a tourada.
Mas o que me incomodou mesmo foi o lance de Benigno e Alicia.
Na parte final do filme,Marco diz a professora de Alicia que conversar sobre o suicídio de Benigno na prisão seria mais simples do que ela imaginava.
Ela lhe responde que nada é tão simples,com o que eu concordo completamente!
Sobretudo tratando-se de Almodóvar.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões de cinema
Como dormir com este barulho? Como dormir depois de assistir a “Fale com Ela”?
ResponderExcluirIndagações a cerca do filme tem-me causado uma inquietação grande, um inchaço, um nódulo no juízo e uma sensação de boca mais seca que o asfalto. Só indagações, incucações...
Quatro anos velando alguém em coma? Alguém que alicia a benignidade? Quatro anos velando alguém em coma e mesmo assim declarar-se apaixonado? Pois é, quão interessante pode ser para a vida um monólogo?
“Tenho pensado e Deus permita que eu esteja errado... Mas eu estou desconfiado...”
Benigno projeta-se em Alicia. Uma projeção, um sonho, um alguém. Sim, a projeção faz com que a fisiologia ganhe o status de vida interessante. É o sonho de ser alguém concretizado.
O quanto eu (particularmente) projeto-me nas coisas, pessoas e atitudes que não sou (o lado de fora) na ânsia de edificar um alguém. O caminho para ser o que eu sou parte do que eu não sou? Preciso de um corpo em coma para saber se gosto de ballet?
Falo com ela para ela falar por mim. Este “ela” é o cinema, é o hobbie, é a yoga, é o trabalho, é o estudo. Tudo libido e paixão besta!?
Queria ser errante e cortar cada fita destas bandagens. Ver o que sobra. “Tenho pensado e Deus permita que eu esteja errado...” sem estes curativos paliativos sobraria menos que um corpo em coma.
Confesso e procuro respostas,
Leandro Antonio
Sessões
Fale com ela é um filme que trata de amores mal resolvidos, e amor quando acaba é a coisa mais triste do mundo, com já foi citado já na abertura do texto do Vitor.
ResponderExcluirE confesso que este efeito multiplicou a minha tristeza, já que também vivo o final de uma relação cheia de promessas.
Por outro lado, também aponta para amores futuros, já que uma relação finda e, cedo ou tarde, outra tende a iniciar-se.
Triste, mas belíssimo, principalmente quando aborda um amor maluco entre o enfermeiro e a paciente em coma. Ou seja, o amor-monólogo, que talvez seja a mais dolorida forma de amar.
Graças a este meu mal resolvido amor descobri Almodóvar, achava que não gostava, porque vi "Tudo sobre minha mãe" e não entendi. Vi "Carne Tremula" e também gostei muito. Agora penso em ver todos.
Só espero que Almodóvar não dilacere minhas feridas que ainda estão por fechar.
Como sempre, Almodovar transforma histórias simples em maravilhas. A maneira que o roteiro foi construído é impecável, como sempre, além da direção perfeita e ótimas atuações.Esse filme não apenas me tirou o fôlego, tirou-me até as palavras.
ResponderExcluirBenigno é bizarro e mais bizarro que ele são vocês romantizando estupro. Imaginem acordar depois de 4 anos sabendo que vocês foram estuprados com rola de borracha no cu porque tem uma pessoa que ama vocês de verdade e sentia todo amor do mundo socando a rola em vocês. Ninguém pensa no lado da mulher e que NÃO FOI CONSENTIDO? "Ah mas foi amor..." Ahhhh façam-me me o favor.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
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