Caro Francis
Nome original: Caro Francis
Diretor: Nelson Hoineff
Ano: 2009
País: Brasil
Elenco: Paulo Francis, Diogo Mainardi, Nelson Motta, Boris Casoy, entre outros.
Prêmios: Sem Prêmios
O Cinema nacional vive uma febre de documentários, com festivais como o 'É Tudo Verdade' e premiações em vários níveis (até o VMB da MTV em 2009 premiou o melhor documentário musical). Muitos com apelo popular, filmando figuras dignas de serem lembradas na posteridade em uma obra da 7ª arte. Paulo Francis é o mais novo alvo do documentário de Nelson Hoineff.
O controverso jornalista foi sempre uma figura polêmica, fora dos padrões. Começou sua carreira como crítico teatral. Criou muitas confusões e uma das principais com Tonia Carrero e com o gênio Paulo Autran. Logo chamou a atenção e foi ganhando espaço, de crítico a colunista de grandes publicações como a Folha de São Paulo. Teve várias transições durante sua vida, foi de trotskista a conservador, de esquerda a direitista, PT para PSDB. Só não mudou uma coisa - ser politicamente incorreto.
Hoineff explica que fez o documentário como uma dívida de gratidão com seu amigo Francis, que seria como um bate-papo com o jornalista para os jovens que tiveram pouco contato com o polêmico boca-aberta. Se for pela gratidão, o documentário atinge seu papel, e tira algumas risadas da platéia. Mas não é um documentário memorável. Vários depoimentos desconexos e sem ordem de gente ligada a Paulo com vínculo familiar ou personalidades, como: Boris Casoy, Ziraldo, FHC, José Serra, entre outros.
Farei agora uma reclamação de cunho pessoal. Vários colegas de Francis foram entrevistados, entre eles Nelson Mota. Todos sabem que ele é muito competente no que faz (seja lá o que), mas ele está se tornando figurinha carimbada em documentários dessa nova leva, como nos docs sobre Arnaldo Batista, Simonal e Chacrinha. Obviamente nesse atual filme sobre Paulo Francis a figura de Nelson Mota é justificável, pois foram colegas de bancada no Manhattan Conexion, mas não me surpreenderá em um futuro e improvável documentário sobre Peri, ele daria seu pitaco carioquês-malandresco (sem preconceito, apenas é intragável o papel que ele faz diante das câmeras) de ter fumado um baseado com o Peri e Ceci nus na orla de Copacabana. Intragável de verdade. Quando virmos um documentário de Eduardo Coutinho ou João Moreira Salles com figuras pitorescas como tal, aí perco a esperança na produção de documentários nacionais. Ainda há esperança.
Certamente Nelson Hoineff faz um documentário muito melhor do que o péssimo ‘Alô Alô Teresinha’ porém peca em alguns pontos, como alongar-se em assuntos sem nexo, como a morte da ‘Tia Alzira’, gata de Francis e não se aprofundar na mente insana que tinha o jornalista ou ainda não adentrar mais no processo da Petrobrás que, segundo os relatos, matou Francis.
O documentário serve para nos remeter àquela figura complexa e polêmica que deixou uma lacuna de crítica, humor, sarcasmo totalmente azedo no nosso jornalismo. Esse era Paulo Francis. Talvez ele merecesse algo mais elaborado do que apenas esse documentário. Mas pela figura e pela violência de Wagner na trilha sonora, vale o ingresso.
Vitor Stefano
Sessões
Diretor: Nelson Hoineff
Ano: 2009
País: Brasil
Elenco: Paulo Francis, Diogo Mainardi, Nelson Motta, Boris Casoy, entre outros.
Prêmios: Sem Prêmios
O controverso jornalista foi sempre uma figura polêmica, fora dos padrões. Começou sua carreira como crítico teatral. Criou muitas confusões e uma das principais com Tonia Carrero e com o gênio Paulo Autran. Logo chamou a atenção e foi ganhando espaço, de crítico a colunista de grandes publicações como a Folha de São Paulo. Teve várias transições durante sua vida, foi de trotskista a conservador, de esquerda a direitista, PT para PSDB. Só não mudou uma coisa - ser politicamente incorreto.
Hoineff explica que fez o documentário como uma dívida de gratidão com seu amigo Francis, que seria como um bate-papo com o jornalista para os jovens que tiveram pouco contato com o polêmico boca-aberta. Se for pela gratidão, o documentário atinge seu papel, e tira algumas risadas da platéia. Mas não é um documentário memorável. Vários depoimentos desconexos e sem ordem de gente ligada a Paulo com vínculo familiar ou personalidades, como: Boris Casoy, Ziraldo, FHC, José Serra, entre outros.
Farei agora uma reclamação de cunho pessoal. Vários colegas de Francis foram entrevistados, entre eles Nelson Mota. Todos sabem que ele é muito competente no que faz (seja lá o que), mas ele está se tornando figurinha carimbada em documentários dessa nova leva, como nos docs sobre Arnaldo Batista, Simonal e Chacrinha. Obviamente nesse atual filme sobre Paulo Francis a figura de Nelson Mota é justificável, pois foram colegas de bancada no Manhattan Conexion, mas não me surpreenderá em um futuro e improvável documentário sobre Peri, ele daria seu pitaco carioquês-malandresco (sem preconceito, apenas é intragável o papel que ele faz diante das câmeras) de ter fumado um baseado com o Peri e Ceci nus na orla de Copacabana. Intragável de verdade. Quando virmos um documentário de Eduardo Coutinho ou João Moreira Salles com figuras pitorescas como tal, aí perco a esperança na produção de documentários nacionais. Ainda há esperança.
Certamente Nelson Hoineff faz um documentário muito melhor do que o péssimo ‘Alô Alô Teresinha’ porém peca em alguns pontos, como alongar-se em assuntos sem nexo, como a morte da ‘Tia Alzira’, gata de Francis e não se aprofundar na mente insana que tinha o jornalista ou ainda não adentrar mais no processo da Petrobrás que, segundo os relatos, matou Francis.
O documentário serve para nos remeter àquela figura complexa e polêmica que deixou uma lacuna de crítica, humor, sarcasmo totalmente azedo no nosso jornalismo. Esse era Paulo Francis. Talvez ele merecesse algo mais elaborado do que apenas esse documentário. Mas pela figura e pela violência de Wagner na trilha sonora, vale o ingresso.
Vitor Stefano
Sessões
Caro Francis (Parte I)
ResponderExcluirO documentário “Caro Francis” é o retrato apaixonado de um grande nome do jornalismo brasileiro feito por seus admiradores, colaboradores, amigos e colegas de trabalho.
No entanto o que mais me chamou atenção durante o filme não foram os diversos depoimentos muitas vezes encomiásticos e detratores dos opositores de Francis, mas o episódio com a Petrobrás que, segundo, os amigos mais próximos, foi um dos motivos que o levaram a morte.
O caso, pelo que se pode inferir do longa,diz respeito ao comentário do Francis sobre os diretores da Petrobras que,segundo ele,tinha contas no exterior e milhões de dólares em paraísos fiscais.Os diretores da Petrobras entraram na justiça americana com um processo contra o jornalista.
Esse fato me pareceu importante porque fez com que eu refletisse sobre até que ponto é lícito a um profissional emitir a sua opinião, em um veículo de comunicação de massa, sobre algum assunto e como responder às suas atitudes, isto é, por quais atos devem os profissionais da comunicação responder legal e moralmente?
Se a finalidade de Nelson Hoineff era fazer com que as novas gerações conhecessem mais sobre a vida de Paulo,ao menos comigo,o filme alcançou o seu intento.
Graças a esse filme descobri que aquele sujeito de óculos fundo de garrafa, falar esquisito e grisalho que aparecia na TV já quandoja ia lá alta era o dono de uma personalidade que se singularizava por ser,simultaneamente,profunda e instável.No documentário a instabilidade foi apresentada em dois momentos.O primeiro é o que elogia o governo do,então presidente FHC;o segundo 1 anos depois, mostra uma cena em que faz uma crítica ferrenha ao mesmo FHC. Paulo Francis parecia ter cumes e vales muito próximos a ponto de fazê-lo trocar a estatização trotskista pelo neoliberalismo. Algo que, enfim, na carta ao povo brasileiro o Lula também fez.
A profundidade, por ser uma máquina de idéias, com capacidade para produzir muito e em tempo real,claro que,com as suas próprias contradições, própria de todos nós, só que nele exponenciadas;subjetivas dado a profusão daquilo que pensava e escrevia,o homem era um abismo de conhecimento e cultura,em uma palavra
Caro francis (Parte II)
ResponderExcluirA despeito disso, Paulo Francis deveria ser processado judicialmente sobre o que falou dos diretores da Petrobras?Saí do cinema com isso me incomodando. Será que é certo falar o que quer sobre quem se desconhece e de outro lado,será que é merecedora de credibilidade quem acusa por acusar?
A liberdade de expressão é direito assegurado na nossa carta constitucional bem com o direito de resposta.Logo a questão se resolverá sopesando qual destes dois direitos term maior valor no caso em questão.Embora nada me deixe mais irritado do que qualquer forma de cerceamento ao direito a liberdade de expressão,muitas vezes acontece de alguns profissionais da área jornalística o usarem como subterfúgio para ferir a imagem de pessoas públicas no afã de desmerece-las ante a sociedade atendendo não ao direito de informação mas aos interesses da própria imprensa.
De outra feita,nada pode ser mais mesquinho do que levar uma empresa do porte da petrobras às cortes norte-americanas para solucionar uma alegada mácula na honra do presidente da empresa.Se a acusação foi dirigida ao diretor da petrobrás que este entrasse na justiça com seus próprios recursos e não colocasse toda a máquina burocrática em lítigio judicial.
Se fosse possível julgar entre o que eu acho mais deplorável ,neste caso, tenderia a crer que o Francis cometeu o pecado de falar de mais.Falar sem provar,acusar pela prazer da publicidade pelo delírio de chamar atenção,pelo aquecer do barulho que envenenava suas ações,que agitava sua vida,que fez com que ele morresse.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Eu vou dizer concordo com você, Fernando Moreira, em quase todos os pontos, pra não dizer todos. Creio que Francis, de fato, agiu errado ao fazer acusações sem provas ou qualquer outro salvo-conduto que lhe desse respaldo para tal. A única coisa que me deixa talvez não indignado, mas triste, é saber que Francis falava de uma diretoria e de uma estatal que todos acreditavam ter sim "o rabo preso". É triste saber que o provável criminoso reverteu a lógica da justiça a seu favor. Quero deixar claro, aliás, que não estou afirmando que ninguém na Petrobras era isso ou aquilo, mas que muitos tinham suas dúvidas em relação às verbas da empresa, aliás, até hoje têm.
ResponderExcluirDe uma forma ou de outra é uma pena. Sinto falta, de verdade, de Paulo Francis.