A Garota Desconhecida


Nome Original:  La fille inconnue
Ano: 2016
Diretor: Jean-Pierre e Luc Dardenne.
País:  Bélgica e França.
Elenco: Adèle Haenel, Olivier Bonnaud, Jérémie Renier, Marc Zinga e Louka Minnella.
Sem Prêmios.


Jenny é uma médica dedicada, disposta a ensinar, a ir à casa dos seus pacientes, ir além de ser apenas uma diagnosticadora de tragedias e é de uma empatia emocionante com seu olhar humano, realista sem deixar a ternura de lado. Isso é o que esperamos de um médico quando procuramos um. Que seja verdadeiro, mas terno. Preciso mas com habilidade humana para saber cuidar da mente que está do outro lado. Jenny é tudo isso. Mas, contrariando toda sua jornada durante o filme, em uma demonstração de liderança, quis mostrar ao seu estagiário que havia limites, que não era possível atender mais um paciente uma hora depois do fim do expediente, que era tem responsabilidade, mas são seres humanos e precisam de descanso, de horários, de carga horária e ser profissional no pior significado que pode existir. No dia seguinte Jenny é abordada pela polícia com a notícia de um corpo próximo à clínica e a doente passou por ali na noite anterior. Ela não quis abrir a porta. O estagiário desistiu da carreira. A vida nunca mais será a mesma com o peso de uma culpa dessas... fazer o que ama, ter responsabilidade, ser ético e limite. Uma linha muito tênue para definições, mas a culpa vai acompanhar Jenny que fará de tudo para desvendar quem é aquela menina.


Os irmãos Dardenne são dos meus diretores prediletos. Se vir, já comentei alguns filmes deles aqui no Sessões: “A Criança”, “O Garoto da Bicicleta” e “Dois Dias, Uma Noite” e em todos relato a tradição deles de fazer um cinema estritamente humano e sempre com foco na Europa real, não na utópica. Eles conseguem nos jogar em situações reais, com pessoas reais, problemas reais e somos automaticamente inseridos na história e sempre com a chance de pensar a história. Não somos apenas meros expectadores, somos parte integrante. Aqui vemos o drama profissional de Jenny dentro do contexto da imigração de refugiados que preocupa a Europa contemporânea. A via-sacra que ela passará para desvendar quem - além dela - foi culpado pela morte daquela menina negra é angustiante e desesperador. Sua culpa será eterna, mas ela continuará até sentir que fez o que precisava. Não podemos voltar atrás, mas podemos não permitir que os mesmos erros aconteçam. Ela não parará mesmo que não faça mais sentido. Isso faz sentido pra você? Nada faz, mas vamos seguindo em frente...

Vitor Stefano
Sessões

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