O Valor de um Homem


Nome Original: La loi du marché
Ano: 2015
Diretor: Stéphane Brizé
País: França
Elenco: Vincent Lindon e pra que mais
Prêmios: Cannes e Cesar de Melhor Ator.



As leis do mercado estão expostas. Aceite ou morra. Quem aceita se sujeitar a qualquer preço, a qualquer paradigma e qualquer função por um emprego que pague algum dinheiro. É quase um jogo de força, de forca. E o jogo está desesperador para quem precisa colocar comida na mesa de casa e precisa cuidar do filho. Está ainda pior para quem já tem mais de 50 anos. E não adianta fazer curso ou buscar ampliar conhecimento. O mercado já não vê o profissional, mas sim a sua idade e que quanto maior, menor é a produtividade. Sim, o mercado é cruel. Os pouco produtivos não terão chance. Os que não se adaptarem ao novo sistema e método serão cortados. Sim, o mercado mata.

Como uma epidemia, o desemprego corrói, desanima e desestrutura. O rosto de Thierry insípido e gélido durante toda a fita comprova que apenas seu corpo está ali, sua alma já morreu. Ele representa todos que desistem, cansam ou ficam por horas a fio numa fila apenas para entregar um currículo. E morreu aos poucos, vendo injustiças e abusos em nome do poder. A tentativa de ocupar a cabeça para não enlouquecer é sempre acompanhado de longos períodos de silêncio, observando e refletindo sobre as necessidades, sobre o que fazer para manter o padrão de vida do filho deficiente. Vender o patrimônio? Pedir empréstimo? Aceitar um subemprego no qual precisa ultrapassar seus limites, suas convicções? O valor do homem está na sua cabeça e nas suas atitudes. O filme retrata um mundo cruel através de um homem que já viveu muito, mas que não pode baixar a guarda. Vincent Lindon está impecável e, como sempre, numa atuação memorável. O filme é dele e ele retrata a dor do humano de meia idade buscando seguir em frente. A cena onde é escaneado por um analista de recursos humanos é dolorida demais para quem ainda acredita na espécie.  O filme é dolorido, mas não cai no melodrama. É potente demais para ser piegas. É real demais e por isso machuca tanto. As relações de trabalho, as relações humanas são cada vez mais frias e só quem as vive pode muda-las. Mas talvez já estejamos mortos e corroídos para fazê-lo.

Nota: 8

Vitor Stefano
Sessões

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