13 Reasons Why - Segunda Temporada


Nome Original: 13 Reasons Why
Temporada 2
Ano: 2018
País: EUA
Elenco: Katherine Langford, Dylan Minnete, Devin Druid, Alisha Boe, Brandon Flynn, Christian Navarro, Justin Prentice, Miles Heizer, Ross Butler, Kate Walsh e outros.

(Se quiser saber o que falamos da 1º temporada, clique aqui)



Quando vi a primeira temporada achei que não faria sentido ter continuação. Como ter continuação se Hannah morreu e já cumpriu seu papel, deixando seus motivos cientes do mal que causaram, gerando reações diversas como culpa, raiva, ódio, medo e até uma outra tentativa de suicídio. E depois de tanto causar impacto com a abordagem de um assunto tabu, achei que não haveria mais o que falar. Errei. Há muito o que falar. E a segunda temporada foi muito além do suicídio. Foi além dos sentimentos causados pelo ato da jovem Baker. Foi muito além com o julgamento onde a mãe de Hannah acusa a escola de ser responsável no caso do suicídio da filha.É sobre ir além e seguir em frente. Aliás, parece que a presença de Hannah para Clay é algo do além, mas Clay só queria mesmo era estar com ela. As fitas eram só o começo.

Falamos muito de amor. Seja de Clay por Hannah, dos pais pelos filhos, do amor pelo esporte, do amor pelos amigos, do amor pela vida e dos amores que a vida nos dá. A partida de Hannah mudou tudo na vida dos que estudam na Liberty e das famílias que a rodeiam. Um evento traumático deu um lufo de amor e da complexidade que é amar, estar aberto e aceitar as escolhas. O amor é cuidar. O amor é respeitar. O amor é estar de coração aberto. O amor é eterno. Depois que o ódio passa, a raiva acaba, a tormenta acalma, só sobra o amor. E esse ninguém e nada tira. Somos uma colagem de amores que vamos acumulando na vida.

"Eu te amo e por isso te deixo ir".

Falamos de machismo, cultura sexista e abudod onde as mulheres são sempre colocadas como culpadas por atitudes de homens. A saia é curta, tem uma reputação ruim, não pode ser desse jeito, quer me usar pra aparecer, é vagabunda. A escola é um local de aprendizado, de cuidado, de zelo e de crescimento, não de competição, ódio e opressão. Aliás, a cena do julgamento onde todas mulheres da série relatam fatos de abuso é memorável e arrepiante. Um tapa na cara da nossa sociedade patriarcal. Um soco na minha cara. Hannah acompanha Clay a todo momento e vai, como um anjo da guarda ou um fantasma, provocando o jovem a ir além do ato, ir além da morte em si, procurando respostas e saídas para aquele luto. É uma parte dolorosa e incomoda vê-la perseguindo o jovem. Parece que nunca ele sairá dessa vida. E talvez nunca mais saia. A morte é sempre uma difícil barreira a superar, ainda mais quando é algo tão traumático. As imagens, as perguntas, as respostas, as duvidas e os arrependimentos sempre estarão na mente de Clay. Aquele beijo que não dei. Aquela frase que não disse. Aquele abraço curto demais. Aquela frase mal formulada. As perguntas para respostas que nunca serão respondidas...

A série a todo momento nos coloca em uma encruzilhada. Nos joga para dentro da vida daquelas pessoas e nos faz tomar partido. Nos faz ter opinião. E esse é o grande trunfo da série. Ele nos coloca no meio do assunto. Seja torcendo contra o odioso Bryce, passando pela confusão passiva e apaixonada de Clay, torcendo para que a mudança de Zach e Alex seja perene, para que Jessica saia dessa zona cinzenta, que Justin encontre seu caminho e que Tyler consiga superar. Estamos sempre torcendo, mas constantemente somos colocado no chão para pensar, para nos colocar realmente na pele de cada um. A série é em seu cerne empática. Podemos até odiar Bryce, mas podemos entender o que se passa naquela cabeça - repito o que disse no comentário da 1ª temporada, não justifica, mas podemos entender. Podemos entender todos aqueles jovens, pais e professores. Podemos ser eles amanhã. Podemos ter sido eles ontem. Podemos ter uma Hannah ao nosso lado. Podemos ser a própria Hannah. Eu tenho minha própria Hannah dentro de mim. Eu tenho meu Bryce. Eu tenho meu Clay. Eu tenho minha Jessica e meu Tyler. Eu poderia ser eles. Eu posso ser a mãe. O professor. O tutor. O amigo. Posso ser. Aliás, eu sou. Eu fui. E se tudo der certo, eu saberei o que fazer se me tornar algum deles. E por nos jogar dentro desse caldeirão, dessa encruzilhada e dessas confusões internas faz de "13 Reasons Why" esse sucesso.




A 1ª temporada é mais impactante e mais redonda. Porém a segunda se demonstrou muito necessária e, como deixa lacunas e teve um final quase apoteótico, é certo que virá a 3ª temporada. E já estou eu ansioso para vê-la e me ver de novo na tela do Netflix.

Nota: 8

Vitor Stefano
Sessões

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