Ser e Ter
Nome Original: Être et avoir
Diretor: Nicolas Philibert
Ano: 2002
País: França
Elenco: Georges Lopez
Diretor: Nicolas Philibert
Ano: 2002
País: França
Elenco: Georges Lopez
Prêmios: César de Melhor Montagem.
Em “Entre os Muros da Escola” víamos um sistema falido,
escalpelado e prestes a explodir. E isso é uma realidade da França e de todo o
mundo. Cannes agraciou esse filme em 2008 e esqueceu-se que quatro anos antes
haviam visto uma ponta de esperança para a educação daquele país. Escolas que
tem crianças de diferentes idades e tamanhos (entre 4 e 10 anos) juntas e
aprendendo sob a batuta de um único mestre, detentor do conhecimento, da
paciência que Jó invejaria e de um método muito específico para conciliar a
educação de um pequeno que mal sabe andar e um que está prestes a ir para o
ensino fundamental. Um case que deveria ser estudado mais e mais. E não existem
Georges Lopez em cada esquina.
Georges é um exemplo para vermos que ser professor é mais do
que uma profissão: é um compromisso. A verdadeira faceta de um lecionador está
na sabedoria em dosar cada palavra dita, ouvir todas as milongas como se fossem
palavras do Salvador e agir de forma idônea, a fim de dar o exemplo. De uma
simplicidade de dar inveja, a escola é um aconchego às construções cinzas e
opressivas. Vacas, tartarugas, campos, neve, chuva e quadro negro combinam como
nunca pensamos. Tudo sob o olhar clínico e atento de Georges. Não entendam como
um endeusamento, mas é absolutamente encantadora a dominância da equipe que ele
tem. Um líder nato, um paradigma – não só para docentes, pais também deveriam
se inspirar nesse senhor. Aliás, de nada adianta uma educação perfeccionista
dentro da sala de aula e chegar em casa num mar de sangue
e desentendimento. Os exemplos valem muito mais do que decorar a tabuada.
“Ser e Ter” é simples como deve ser. Um documentário onde
vemos uma sinceridade crua que dá vontade de estudar para ser professor. E que
saudades de sentar naquelas cadeirinhas de madeira e sonhar com o que seriamos
quando grandes. Uma pena que passa tão rápido. Um filme obrigatório para
plantarmos a sementinha de que dias melhores virão aonde ainda existirem
crianças educadas com carinho, respeito e liberdade. A vida é mais do que
pensamos. Olhemos ao nosso redor e vamos pensar com os nossos olhos de
crianças. Utopia? Apenas vontade de sorrir de verdade.
Vitor Stefano
Sessões
A educação não é a salvação e o professor nunca será o messias. A formação humana é um processo extremamente amplo no qual forças diversas competem na influência do sujeito.
ResponderExcluirAcredite: no interior da França as condições para criar uma escola modelo estão anos luz do que na cidade de São Paulo (a mais rica da América Latina), por exemplo.
A formação e as condições de trabalho da profissão docente revelam uma outra trajetória histórica, uma outra formação de cultura e prioridades políticas. Estamos falando da França, o berço cultural do mundo ocidental, o primeiro estado-nação.
Entretanto, gosto muito desse filme. Um universo maravilhoso surge das cores e sons muito bem escolhidos do diretor.
Ouvi dizer que o sujeito aí de cima (o professor do filme) processou a produção para receber direitos sobre ele.
Aí nós podemos começar a ver que tudo é bem mais complexo do que compromisso, dedicação, missão ou vocação.
Filme indispensável para qualquer estudante de humanidades ou interessado na formação humana.
E sim, as esperanças são fartas na vida.
M.M.
Sessões