Brasília 18%
Nome Original:Brasília 18%
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 2006
País: Brasil
Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Karine Carvalho, Bruna Lombardi, Othon Bastos, Michel Melamed, Malu Mader, Carlos Vereza, Nildo Parente, Otávio Augusto e mais.
Sem Prêmios
Eu amo o amor dos amados amantes desse antro de autoridades acéfalas. Misturar romance e política é quase o mesmo que tirar nota 10 no salto ornamental em um mangue e isso só ficaria bom se fosse com Nelson Pereira dos Santos. Nosso maior cineasta vivo consegue interagir com temas tão abrangentes com a proximidade de gêmeos siameses. Precursor do Cinema Novo inova com a vitalidade dos jovens intrépidos e com a categoria dos maiorais. Imortal, criou uma miscelânea de seus colegas de ABL e jogou tudo para dentro do Congresso numa cidade que só existe no mapa. Brasília não é nossa capital. Brasília é a capital de um país chamado Distrito Federal. O Brasil não merece Brasília, e, Niemeyer, a culpa não é sua, apesar de você ser capaz de acinzentar o mais verde dos pomares.
Ao vermos Olavo Bilac, legista pop-star que acaba de ficar viúvo, voltar dos Estados Unidos para encerrar um suspeito caso da morte de Eugênia, bela e mal falada assessora política que sumiu, vemos uma estrela maior que vê as mulheres que aparecem à sua volta como anjas. Anjas nuas, a falecida esposa, a assessora sumida ou mesmo uma deputada que apenas quer se entregar. Ele tem o dom da conquista pulsando em suas veias. Mas ninguém quer saber disso. O corpo achado na estiagem é mesmo de Eugênia? Complôs, almoços, festas, estereótipos manjados aparecem em nomes renomados de nossa literatura. Faz com que odiemos nossa história pelos cacoetes, pela miscelânea de personas que habitam as casas maiores desse país. Olavo é o último dos moicanos. Sim, o último a morrer. Uma morte que já está escrita nas páginas policiais. Não, nenhum trem passará por cima de seu carro ou será vitima de uma emboscada encomendada por Silvio Romero ou por Carlos Drummond. Ele morre assim que sabe que a ética não existe e nunca existiu.
De mulheres nuas, submundo do crime organizado por chefões de colarinho branco, bacanais, um cineasta drogado e acusado de matar sua namorada, político que já comeram muitas vezes a agora falecida, desvio de verbas ou mesmo limpeza de arquivo. “O calor emburrece as pessoas”. Chamar Olavo para analisar o cadáver foi uma tentativa de ter um nome acima de quaisquer suspeitas à frente do caso. “Burros”. “Quem chamou esse aí?”. Conchavos e esquemas sempre acontecerão desde que os macacos deixaram de ser só animais e tornaram-se esse ser que hoje somos. Que Eugênia apareça para cada um, pois o amor é importante, mas perto de tanta sujeira só podemos ter asco de tudo que está por perto. Eugênia é apenas um escape, uma fuga, uma mentira. Mentiras é o que mais existem naquela cidade. Nelson viveu anos para os documentários e voltou à ficção em “Brasília 18%” que tem mais verdades incontestáveis e imutáveis que em muitos jornais por aí. São perguntas sem respostas e busca-las é o ideal de cada um dos que nasceram nessa terra de ninguém. Cadê a esquerda? Cadê a verdade? Eugênia está viva? Ninguém saberá. Apenas um homem apaixonado saberá o que verdadeiramente sente. Mas não sabe se é o mundo real. E se vivemos do passado de Drummond, Augusto, Cacilda ou Ruy que a baixa humidade do ar da capital mate todos que lá politicam e que só no próximo verão é que encontremos seus corpos pútridos e irreconhecíveis nos campos secos ao lado das obras de concreto armado e sem vida.
“De que serve construir arranha-céus, se não há almas humanas para morar neles?” (Érico Veríssimo)
Apenas de obras de artes vivemos e que elas não estejam em Brasília.
“Eu sou artista. Posso ter defeitos, vícios, mas eu não sou ladrão, não sou assassino. Diferentemente desses que estão sendo acusados aqui, com base nos documentos que a Eugênia me entregou e a polícia tomou. Então é isso: nome aos bois, aos tubarões, à crocodilagem. É a selva brasileira, minha gente! Porque esses deputados, esses senadores, essa quadrilha é assim. É dinheiro para o ceguinho e quem é que não quer ver? É dinheiro para órfão, e quem é que foi abandonado? Aqui, tudo, rigorosamente Tudo, se resume a dinheiro. Minha terra tem dinheiro onde canta o dinheiro... Vou-me embora pra dinheiro, lá sou amigo do dinheiro. Mundo, vasto dinheiro. Eu sou artista brasileiro. Eu não sou assassino.” (Michel Melamed)
P.S. - O novo filme de Nelson Pereira dos Santos, “A Música Seguro Tom Jobim” entou em cartaz sexta-feira (20/01/2012). Mais uma obra de arte a caminho. Aliás, uma obra de arte de uma obra de arte.
P.S. 2 – Desculpe aos brasilianos que se sentem ofendidos, porém os desalmados que governam essa espelunca fazem com que amaldiçoemos essa cidade sem esquinas para os lados e de obras megalomanias. Um deserto habitável, vivo e cheio de boas coisas. Vamos implodir as obras de um tal Niemeyer sem aviso prévio. Eu não acredito em ninguém.
Não bata! Mesmo!
Vitor Stefano
Sessões
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 2006
País: Brasil
Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Karine Carvalho, Bruna Lombardi, Othon Bastos, Michel Melamed, Malu Mader, Carlos Vereza, Nildo Parente, Otávio Augusto e mais.
Sem Prêmios
Ao vermos Olavo Bilac, legista pop-star que acaba de ficar viúvo, voltar dos Estados Unidos para encerrar um suspeito caso da morte de Eugênia, bela e mal falada assessora política que sumiu, vemos uma estrela maior que vê as mulheres que aparecem à sua volta como anjas. Anjas nuas, a falecida esposa, a assessora sumida ou mesmo uma deputada que apenas quer se entregar. Ele tem o dom da conquista pulsando em suas veias. Mas ninguém quer saber disso. O corpo achado na estiagem é mesmo de Eugênia? Complôs, almoços, festas, estereótipos manjados aparecem em nomes renomados de nossa literatura. Faz com que odiemos nossa história pelos cacoetes, pela miscelânea de personas que habitam as casas maiores desse país. Olavo é o último dos moicanos. Sim, o último a morrer. Uma morte que já está escrita nas páginas policiais. Não, nenhum trem passará por cima de seu carro ou será vitima de uma emboscada encomendada por Silvio Romero ou por Carlos Drummond. Ele morre assim que sabe que a ética não existe e nunca existiu.
De mulheres nuas, submundo do crime organizado por chefões de colarinho branco, bacanais, um cineasta drogado e acusado de matar sua namorada, político que já comeram muitas vezes a agora falecida, desvio de verbas ou mesmo limpeza de arquivo. “O calor emburrece as pessoas”. Chamar Olavo para analisar o cadáver foi uma tentativa de ter um nome acima de quaisquer suspeitas à frente do caso. “Burros”. “Quem chamou esse aí?”. Conchavos e esquemas sempre acontecerão desde que os macacos deixaram de ser só animais e tornaram-se esse ser que hoje somos. Que Eugênia apareça para cada um, pois o amor é importante, mas perto de tanta sujeira só podemos ter asco de tudo que está por perto. Eugênia é apenas um escape, uma fuga, uma mentira. Mentiras é o que mais existem naquela cidade. Nelson viveu anos para os documentários e voltou à ficção em “Brasília 18%” que tem mais verdades incontestáveis e imutáveis que em muitos jornais por aí. São perguntas sem respostas e busca-las é o ideal de cada um dos que nasceram nessa terra de ninguém. Cadê a esquerda? Cadê a verdade? Eugênia está viva? Ninguém saberá. Apenas um homem apaixonado saberá o que verdadeiramente sente. Mas não sabe se é o mundo real. E se vivemos do passado de Drummond, Augusto, Cacilda ou Ruy que a baixa humidade do ar da capital mate todos que lá politicam e que só no próximo verão é que encontremos seus corpos pútridos e irreconhecíveis nos campos secos ao lado das obras de concreto armado e sem vida.
“De que serve construir arranha-céus, se não há almas humanas para morar neles?” (Érico Veríssimo)
Apenas de obras de artes vivemos e que elas não estejam em Brasília.
“Eu sou artista. Posso ter defeitos, vícios, mas eu não sou ladrão, não sou assassino. Diferentemente desses que estão sendo acusados aqui, com base nos documentos que a Eugênia me entregou e a polícia tomou. Então é isso: nome aos bois, aos tubarões, à crocodilagem. É a selva brasileira, minha gente! Porque esses deputados, esses senadores, essa quadrilha é assim. É dinheiro para o ceguinho e quem é que não quer ver? É dinheiro para órfão, e quem é que foi abandonado? Aqui, tudo, rigorosamente Tudo, se resume a dinheiro. Minha terra tem dinheiro onde canta o dinheiro... Vou-me embora pra dinheiro, lá sou amigo do dinheiro. Mundo, vasto dinheiro. Eu sou artista brasileiro. Eu não sou assassino.” (Michel Melamed)
P.S. - O novo filme de Nelson Pereira dos Santos, “A Música Seguro Tom Jobim” entou em cartaz sexta-feira (20/01/2012). Mais uma obra de arte a caminho. Aliás, uma obra de arte de uma obra de arte.
P.S. 2 – Desculpe aos brasilianos que se sentem ofendidos, porém os desalmados que governam essa espelunca fazem com que amaldiçoemos essa cidade sem esquinas para os lados e de obras megalomanias. Um deserto habitável, vivo e cheio de boas coisas. Vamos implodir as obras de um tal Niemeyer sem aviso prévio. Eu não acredito em ninguém.
Não bata! Mesmo!
Vitor Stefano
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