Morgue Story – Sangue, Baiacu & Quadrinhos
Nome Original: Morgue Story – Sangue, Baiacu & Quadrinhos
Direção: Paulo Biscaia Filho
Ano: 2009
Elenco: Mariana Zanette, Anderson Faganello e Leandro Daniel Colombo.
Prêmios: Melhor Filme de Terror no Festival de Swansea Bay e no Festival Internacional Heart of England; Melhor Filme Internacional de Terror do Festival de Illinois e Melhor Filme do Festival no Puerto Rico Horror Film Festival.
Quero ver mais, mais e mais. A produção cinematográfica brasileira cada vez mais se importa com a busca pela perfeição técnica, por escrever roteiros baseados em fatos reais ou adaptações literárias de grande alcance e com elenco global e aclamado por crítica e público. Ou comédias graciosas ou dramas pessoais em sua maioria. Não é só disso que nosso cinema pode ser feito. Temos os experimentais, grandes documentários, um mundo de curtas-metragens perdidos e pouco explorados. E os filmes de terror? E os filmes trash? E o cinema de baixo custo? Pouca ou quase nenhuma oportunidade de distribuição tem. De produção independente, cheia de metalinguagem, com sangue espirrando à vontade e de clima transcendental, com ótimos desenhos em forma de HQ na tela, “Morgue Story” vem para quebrar uma barreira. O cinema independente vive, porra! Aqui, vive como um morto vivo.
Três personagens centrais dão vida a essa loucura visual. Primeiramente conhecemos a quadrinista Ana Argento, famosa por seus HQs sobre zumbis. Temos também Tom, um vendedor de seguros cataléptico que é habitue do necrotério por suas quase-mortes. E o personagem que causa todo impacto trash, o Dr. Daniel Torres, legista do necrotério. As histórias desses três personagens se cruzam e se misturam num banho de sangue jorrando incessantemente, criando a história da forma mais bizarra e por vezes engraçada.
O legista é um psicótico inveterado, em busca da vingança de seu próprio arrependimento de ter deixado sua mãe no interior. Para catalisar essa energia ele induz suas mulheres à catalepsia com uma formula mágica, mistura de vários ingredientes com o veneno do baiacú, só para abusar dos corpos delas em estado morto-vivo. A bizarrice vai por aí, mas tudo no limiar de muita graça e tensão. Os diálogos envolventes, inteligentes e cheios de referências sobre escritores e filmes dão um charme a mais ao filme. Antes do serviço de morgue ser feito, tudo acontece no bar da esquina, onde o doutor capta suas vitimas. O necrotério é o verdadeiro local do abate. Apesar da morbidez do papo descrito tudo é suavizado por conta das contextualizações dos personagens onde o absurdo visto na tela torna-se uma loucura muito prazerosa, e em nenhum momento apela à nudez barata e desenecessária.
Confesso que Tarantino está longe de ser um dos meus diretores prediletos mas é impossível ver Morgue Story e não fazer a conexão com o diretor do pastiche, junto a algumas pitadas da morbidez de Zé do Caixão e do terrir das pornochanchada de Ivan Cardoso. Estamos num país onde o cinema é uma arte de poucos e poucos que mandam muito. Há detalhes que credenciam “Morgue Story” a estar num patamar diferente de qualquer novidade boba e pseudofilosófica. A novidade, o experimentalismo, a metalinguagem e a liberdade produtiva, criativa e executiva fazem toda diferença quando não temos um grande estúdio por trás da idéia. E o mais difícil é que uma adaptação teatral ao cinema fique boa, aqui o tiro é certeiro. “Morgue Story” é uma quebra de paradigmas, é escarrar na cara do sistema, é ter um método próprio, é fazer o que se quer sem dizer a quem. Paulo está de parabéns pela produção e direção desse longa que merece a consideração de todos.
Vitor Stefano
Sessões
Direção: Paulo Biscaia Filho
Ano: 2009
Elenco: Mariana Zanette, Anderson Faganello e Leandro Daniel Colombo.
Prêmios: Melhor Filme de Terror no Festival de Swansea Bay e no Festival Internacional Heart of England; Melhor Filme Internacional de Terror do Festival de Illinois e Melhor Filme do Festival no Puerto Rico Horror Film Festival.
Quero ver mais, mais e mais. A produção cinematográfica brasileira cada vez mais se importa com a busca pela perfeição técnica, por escrever roteiros baseados em fatos reais ou adaptações literárias de grande alcance e com elenco global e aclamado por crítica e público. Ou comédias graciosas ou dramas pessoais em sua maioria. Não é só disso que nosso cinema pode ser feito. Temos os experimentais, grandes documentários, um mundo de curtas-metragens perdidos e pouco explorados. E os filmes de terror? E os filmes trash? E o cinema de baixo custo? Pouca ou quase nenhuma oportunidade de distribuição tem. De produção independente, cheia de metalinguagem, com sangue espirrando à vontade e de clima transcendental, com ótimos desenhos em forma de HQ na tela, “Morgue Story” vem para quebrar uma barreira. O cinema independente vive, porra! Aqui, vive como um morto vivo.
Três personagens centrais dão vida a essa loucura visual. Primeiramente conhecemos a quadrinista Ana Argento, famosa por seus HQs sobre zumbis. Temos também Tom, um vendedor de seguros cataléptico que é habitue do necrotério por suas quase-mortes. E o personagem que causa todo impacto trash, o Dr. Daniel Torres, legista do necrotério. As histórias desses três personagens se cruzam e se misturam num banho de sangue jorrando incessantemente, criando a história da forma mais bizarra e por vezes engraçada.
O legista é um psicótico inveterado, em busca da vingança de seu próprio arrependimento de ter deixado sua mãe no interior. Para catalisar essa energia ele induz suas mulheres à catalepsia com uma formula mágica, mistura de vários ingredientes com o veneno do baiacú, só para abusar dos corpos delas em estado morto-vivo. A bizarrice vai por aí, mas tudo no limiar de muita graça e tensão. Os diálogos envolventes, inteligentes e cheios de referências sobre escritores e filmes dão um charme a mais ao filme. Antes do serviço de morgue ser feito, tudo acontece no bar da esquina, onde o doutor capta suas vitimas. O necrotério é o verdadeiro local do abate. Apesar da morbidez do papo descrito tudo é suavizado por conta das contextualizações dos personagens onde o absurdo visto na tela torna-se uma loucura muito prazerosa, e em nenhum momento apela à nudez barata e desenecessária.
Confesso que Tarantino está longe de ser um dos meus diretores prediletos mas é impossível ver Morgue Story e não fazer a conexão com o diretor do pastiche, junto a algumas pitadas da morbidez de Zé do Caixão e do terrir das pornochanchada de Ivan Cardoso. Estamos num país onde o cinema é uma arte de poucos e poucos que mandam muito. Há detalhes que credenciam “Morgue Story” a estar num patamar diferente de qualquer novidade boba e pseudofilosófica. A novidade, o experimentalismo, a metalinguagem e a liberdade produtiva, criativa e executiva fazem toda diferença quando não temos um grande estúdio por trás da idéia. E o mais difícil é que uma adaptação teatral ao cinema fique boa, aqui o tiro é certeiro. “Morgue Story” é uma quebra de paradigmas, é escarrar na cara do sistema, é ter um método próprio, é fazer o que se quer sem dizer a quem. Paulo está de parabéns pela produção e direção desse longa que merece a consideração de todos.
Vitor Stefano
Sessões
Faltou citar Leandro Daniel Colombo...que é o legista psicótico inveterado hahaha
ResponderExcluirVi a peça anos atrás - o elenco é o mesmo, inclusive. Maravilhosa! Ansiosa para ver o filme.
ResponderExcluirComo faço pra assistir aqui em Mato Grosso?
ResponderExcluirAnônimo, infelizmente não tive a oportunidade de ver a peça, mas certamente deve ser ótima, tanto quanto o filme.
ResponderExcluirLee Bano, o DVD de Morgue Story foi lançado em abril e estará a disposição para venda nas grandes lojas. Continue procurando e com certeza nas lojas on line ele estará a venda.
Vitor Stefano
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Aaaah, mas é comédia! Eu acho que era terror mesmo...
ResponderExcluirEu ACHEI*
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