Lula – O Filho do Brasil , herói, superstar e nas palavras de Obama: “O cara”

Nome original: Lula – O Filho do Brasil
Diretor: Fábio Barreto
Ano: 2010
País: Brasil
Elenco: Glória Pires, Rui Ricardo Diaz, Juliana Barone, Cléo Pires, Milhem Cortaz
Sem Prêmios
Lula, o Filho do Brasil (2009) on IMDb

Os cinemas vão lotar? O filme concorrerá a prêmios e terá distribuição internacional como jamais se viu na história cinematográfica do Brasil? Será uma peça escancarada de propaganda política? As perguntas sobre Lula – O Filho do Brasil não serão poucas, mas as discussões serão muitas com toda a certeza.

Em poucos dias, o mundo videará com grande expectativa o filme Lula - O Filho do Brasil. Os traillers e sua pré-estréia já foram alvo de críticas e muito barulho, alguns suspeitam até de que o filme seja uma encomenda, já que o ano de seu lançamento também marcará o ano em que o atual e reeleito presidente será sucedido. A trajetória do retirante nordestino que sobreviveu à miséria e construiu o caminho que o levou à presidência da República seria usada para comover as multidões justamente no ano eleitoral. No entanto, o filme pode ser a grande ilustração de um “plano” muito maior, sua realização e exibição deve ser um passo decisivo na construção do herói, ídolo, celebridade, cara, semideus Luís Inácio Lula da Silva. Passo este tão importante, que deflagraria não somente o imediatismo que seria ganhar uma eleição presidencial, mas a incorporação do arquétipo de um caminho político perfeito no inconsciente coletivo de um povo. E é deste aspecto que trata o presente comentário.

As mais recorrentes identidades conferidas a Lula são a de legítimo representante do povo brasileiro, a de herói, a de celebridade e até a de ídolo. A noção do atual presidente como herói permeia implicitamente muito do que se fala ou se escreve sobre ele por todo o globo.

Uma possível definição de herói é a do sujeito que possui habilidades (força, destreza, coragem, poderes sobrenaturais, etc.) aliadas a moral e honra que o diferem das pessoas comuns e o fazem triunfar diante das adversidades.
O herói do filme em questão é o homem que conseguiu vencer suas limitações históricas, pessoais e locais e alcançou a vitória sendo humano, demasiadamente humano.

Recordar é viver e o presente repete o passado. Em alguns momentos históricos, principalmente os da 5ª série, é comum surgir a figura do “salvador”, ou seja, um alguém no meio do livro ou da lousa que carrega o ônus e o bônus de ser o grande responsável pelo restabelecimento da sociedade ou nação em momentos de desequilíbrio. Um personagem que capta em torno dele todos os fervores da esperança coletiva. Como mito político, o dito cujo vai acoplar à sua imagem as necessidades da sociedade no que se refere a formas de comportamento e a objetivos e imbuir-se de atitudes únicas e notórias. Em resumo, esta figura é o “salve geral”. Salva uma época e a livra de todo mal.

Ao saltar alguns anos na História, 8ª série talvez, há um esclarecimento de que o mito ou a figura do tal herói não surge descontextualizada e espontaneamente, mas segundo uma lógica acoplada a um barato lôco e a um processo lento. O mito é construído histórica e socialmente e pode modificar-se com o tempo. Não é um conceito intransigente, cartesiano, mas algo fluido, que acompanha o desenrolar dos acontecimentos.

Difícil ainda é equacionar o quanto o mito Lula, que a passos largos consolida a sua imagem como herói clássico, povoará o imaginário, a construção de caráter e noção de povo brasileiro do cidadão da 5ª série das próximas gerações por todo este mundo, vasto mundo e o quanto a telona contribuirá para a construção deste imaginário.

Por hora, chega de escrever. Aliás há muito que escrever sobre o filme, por isso este texto parece incompleto. E é incompleto mesmo! Só não digo que é de propóstio por que não tenho uma cadeira que me permita tal audácia.

Colocar o trailler do filme seria muito óbvio, aliás acredito que todos já viram ou sabem que este filme será lançado e qual história ele contará. Selecionei uma rápida entrevista do Rui Ricardo Diaz (Lula). Dê uma olhada, fabrique suas impressões e aguarde os próximos comentários sobre o cara Lula no Sessões.





Leandro Antonio
Sessões

Comentários

  1. Luis Inácio Lula da Silva. Esse nome nos remete ao gostar ou ao ódio. Segundo as pesquisas, parece que cada vez mais o brasileiro gosta do presidente. O ódio ficou com a imagem do Lula operário e grevista.

    Ver a história desse ícone em um ano de eleições não me parece o mais correto, porém se o filme fosse lançado em 2006 aí sim confirmar-se-ia indubitavelmente um filme eleitoreiro. Além do que acredito que nem mesmo com filme ou com Lula virando um avatar de Dilma ela conseguirá eleger-se. Porém estamos aqui para falar sobre cinema, deixemos a politica de lado.

    Ainda não vi a película porém espero um filme muito bom e dramático. Nos mesmos moldes de 2 Filhos de Francisco (não sou fã de sertanejo, porém o filme é bem feito e é uma ótima história de vida). Fábio Barreto certamente fez um ótimo filme.

    Só posso deixar claro uma coisa, depois de ver Entreatos do genial João Moreira Salles tenho um apreço muito maior pela figura do Lula e nojo de nossa política. Bom, bom filme e comentaremos ele (quem sabe Entreatos também) por aqui.

    Vitor Stefano
    Sessões

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  2. Bela postagem, Leandro!

    Realmente este filme deu e dará muito a falar. Também ainda não o assisti, mas certamente o assistirei e poderei tecer comentários cinematográficos mais contundentes. Sob o aspecto político, não concordo que seja eleitoreiro, pois trata da trajetória de um líder sindical, não do presidente da república. Dilma, que será a candidata petista, sequer viveu esta história. Há um natural e evidente oportunismo dos produtores em lança-lo neste última ano do Lula na presidencia, mas entendo que seja apenas por uma estratégia comercial, aproveitando o frescor e alto índice de popularidade do presidente. Penso até que em um ou dois anos haverá o Lula 2, contando a tragetória desde grande líder deste as greves do final dos anos 70 e início dos 80, até o final do segundo mandato. Vejam como há história para contar - a fundação do PT, a eleição de 89, o impedimento do Collor, as derrotas contra FHC, a primeira vitória em 2002, a posse, as crises (mensalao, crise mundial etc)...
    Este potencial filme sim, teria mais condição de ser classificado como eleitoreiro. Veremos.

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  3. Lula parte I

    No final de semana eu assisti ao noticiado filme sobre o presidente da república.

    De imediato é de se notar que o plano de promoção do filme alcançou todos os meios de comunicação e contou com muita publicidade.

    A primeira forma de publicidade foi causada pelo incomodo que uma produção cinematográfica, sobre um presidente em exercício e, sobretudo, em ano eleitoral, gerou em nossa classe política opositora. Discursos inflamados, vitupérios, dedos em riste e cara de altivez deram a tônica no nosso legislativo.

    A segunda, mais grave foi o acidente do diretor do filme – Fabio Barreto – que teve traumatismo craniano após o capote do seu carro

    Foi pensando nisso ( o marketing indireto e a desgraça dos envolvidos )que entrei no cinema.Nos primeiros minutos,entretanto,meus pensamentos se dissiparam. O que se vê é a história da mãe do lula e não tanto dele. Logo no início vemos o lugar de onde saiu o futuro presidente: Uma mulher chamada Lindú no sertão de Pernanbuco.

    Daí em diante vemos a história de uma migrante que luta para criar os filhos da melhor forma possível numa cidade hostil e grande. Neste sentido, o filme deveria ser chamado de “Lindú: a mãe do Lula” e não o apelativo “Lula: o filho do Brasil”, mas a apelação faz parte do jogo político nacional e interncional.

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  4. Lula parte II

    Para não dizerem que encampo a verdade, há também a infância pobre do menino que me pareceu um anjo: bonitinho,inteligente,corajoso,solidário,afetuoso e simples....que chega a ser simplório.Quando se mudam para SP numa caçamba de caminhão o futuro presidente do Brasil teria perguntado para sua mãe: “Isso que é cair no mundo?”.

    Oh,que fofura de menino!!!!Gute-gute de presidente!

    Há ainda passagens dignas de nota, por exemplo, os tempos de fábrica e a simbólica amputação do dedo,bem como a entrada de gaiato no sindicalismo.Afora isso,o filme romanceia em alguns pontos e em outros dá uns exemplos de arte.

    No que concerne as atuações destacam-se a Gloria Pires no papel de progenitora de uma prole de miseráveis;o próprio Lula como o conhecemos cuja interpretação ficou a cargo de Rui Ricardo Diaz ator que conseguiu me tocar bastante nos momentos de drama(morte do filho e da mulher e durante a luta sindical) e menos nas cenas romanceadas.De qualquer forma,penso que ele ficará marcado pelo seu papel,assim, urge que arrume outra personagem que o possibilite tirar as possíveis dúvidas sobre se ele é ator de uma filme só,penso que não.A melhor atuação na minha opinião foi a de Milhem Cortaz que desde o Peixeira de Carandiru vem me chamando a atenção e me carismando. Incrível que durante os 15 minutos que aparece em cenas de 5 ou mais atores eu só conseguia prestar atenção nele.Vida Longa a esse cara.

    A música é algo a ser comentado também. Os violinos do início do filme me trouxeram alguma lembrança de uma jornada como se a vida fosse uma grande estrada pela qual temos de cruzar e talvez seja mesmo.Além da bela canção do saudoso Tim Maia “você” trilha sonora da vida amorosa do nosso líder.

    Voltando à política a oposição tem razão quando deplora o lançamento de um filme que,por mais que se insista em negar o fato,terá efeitos na população na hora do voto.O que se teme com relação a isso,e se teme com razão,é que o público possa se identificar com a história de uma nordestina que vem para a cidade ganhar a vida.Pode ser que a morte e vida Severina da dona Lindú leve as pessoas a agirem pelo lado sentimental e não racional na hora do voto isso é fato.Vai impactar.

    O que não se sabe é se Lula terá habilidade política o bastante para realizar de forma plena a transferência de voto para a ministra da casa civil e candidata pelo PT à Presidência da República a Sra Dilma Rousseff.

    O que fazer enquanto oposição?Poder-se-ia pensar em um filme sobre o Governador José Serra algo como “Vampiro Tucano – a revolução na área da saúde” ou sobre o ex-presidente FHC no espírito do “FHC: a sociologia do assim não pode, assim não dá!”

    De qualquer forma o tucanato deve seguir o conselho da dona Lindú: Teima.... é só teimar...!!”bordão que reflete o slogan pra acabar com o complexo de vira-lata do brasileiro: “Sou Brasileiro e não desisto nunca!” que o governo lançou para aumentar a auto-estima da população.

    Fernando Moreira dos Santos

    Sessões

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  5. Já havia arriscado alguns palpites acerca deste meio/filme biografia de Lula. Ocorre que apenas ontem (27/01/2010) pude então assistir à referida produção. O quê dizer depois de tão precisa análise feita pelo compalheiro Fernando Moreira? Sem dúvida será missão árdoa, porém como venho impulsionado pelo frescor de tão tocante história, não poderia me intimidar diante das dificuldades da vida, afinal Lula passou por tantas e tão maiores, que suas conquistas me motivam a seguir em frente.

    Lula o filho do Brasil não é um filme eleitoreiro como assim insiste em classificar a oposição. É uma produção sensível que retrata a metade da vida de um grande líder. Procura recriar sua tragetória, dificuldades, dramas e principalmente reforça a influencia materna da formação do carater de um homem.

    Tem sim os seus contornos de ficção que podem maquiar um pouco a figura do atual presidente. Não trata, por exemplo, da passagem de sua vida em que teve um relacionamento não assumido e uma filha também não reconhecida. Esta passagem inclusive foi citada e utilizada por Collor como manobra eleitoral na campanha de 89. Foi um das razões da derrota de Lula na ocasião.

    Acho que também faltou mostrar qual era a relação com os irmãos, além é claro da influencia de Frei Chico, que foi um dos incentivadores para que Lula ingressasse e se interessasse pelo movimento sindical. Sabe-se que eles são coadjuvantes nesta incrivel história, até hoje. Mas de alguma maneira eles viveram algumas experiências. Uma família grande, com tantos irmãos, deve ter aqueles mais próximos, outros mais distantes. Qual seria a afetuosidade entre eles? Queria saber se houve ciumes, inveja, indifereça, mas o filme não mostra isso.

    Interessante perceber como uma grande tragédia muda a tragetória de vida das pessoas. E foi o que aconteceu com Lula. O filme é recheado de momentos tocantes, mas a perda da mulher e do filho no parto foi mesmo arrasadora e foi a partir daí que Lula decidiu se dedicar totalmente ao moviemnto sindical como forma de amenizar sua dor.

    Muito boa a atuação de Rui Ricardo Diaz. Fez um Lula sem ser caricato, sem precisar imitá-lo, o que seria um desastre para o filme. E não poderia deixar de elogiar Glória Pires. Nós, pesoas comuns que não conhecemos a família e a mãe de Lula, não poderíamos de maneira alguma compará-las, no entanto Glória dá vida a uma pessoa tão forte, sensível e sábia, que passa-se a entender um pouco porquê Lula é o que é. ô menino teimoso.

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  6. Com Lula, o cinema brasileiro parece que alcança o patamar de cinema industrial e o melhor sem apoio (financeiro) direto do governo.
    Até quando os bolsos do cidadão que precisam de creche, posto de saúde e escola tem de ficar financiando um cinema que nunca viu e nem nunca verá (talvez), pois como este pode condizer com sua intelectualidade, erudição e valores? Tou com bronca de filme nacional por isso, estes caras ditos intelectuais fazem filmes que muitas vezes não dão retorno nenhum a sociedade. Arte pela arte é uma grande bosta!

    Dito,

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