O Primeiro Homem


Nome Original: The First Man
Ano: 2018
Diretor: Damien Chazelle
País: EUA e Japão
Elenco: Ryan Gosling e Claire Foy
Prêmios: Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora (Justin Hurwitz).


O homem é capaz de tudo. Do melhor e do pior. E no meio disso tudo há sempre muito sacrifício, peso, dúvidas, vidas e mortes. E tudo isso vale a pena em nome do que? De uma evolução? De uma descoberta? Para quê? O ser humano é condicionado pelos anos de convívio com os iguais a tornar-se ambicioso. Passa por cima de tudo e todos para alcançar os objetivos traçados e, invariavelmente, usa os outros para fazê-lo. E isso acontece na rua, na sua casa, na sua família, no trabalho e nos governos. O homem é o lobo do homem. E nos anos 60, quando a corrida espacial era o mote de uma guerra sem guerra, em nome de uma conquista vazia, sem gravidade e sem profundidade, o homem pisou na lua. Se lá tivesse ouro ou qualquer item valiosíssimo de nada teria valido a vida de tantos e tantos homens que morreram em experimentos e lançamentos anteriores ao de Neil Armstrong. E a vida desse homem, um herói nacional, um herói de uma espécie, valeu a pena? "O Primeiro Homem" vai muito além de contar apenas a história de um marco. Ele conta a vida de um ser humano.

E como todo ser humano a história de Neil Armstrong é recheada de rotina, dúvidas, acertos e erros. Mas é um homem obstinado pelo seu destino. Um homem que teve uma perda inestimável, nunca superada, onde nem alcançar a lua o faria superar. Mas há de se ter algum objetivo. E lá foi ele, abandonando família e focando totalmente no trabalho, num ritmo absurdo, de entrega, de risco. O risco de morte diário faz as pessoas entenderem a morte como algo natural, mesmo que nunca seja fácil aceita-la. Neil seguiu e em seu colo caiu a oportunidade de ser o primeiro homem a alcançar a lua. Contra tudo e contra todos, lá foi ele. Seus filhos ficaram em terra sem saber se viriam o pai novamente. Sua esposa, cansada de suportar tudo sozinha, já não se importava se estava casada com um gênio ou um homem que faria história. Seu marido não estava lá. Motivos e motivos e motivos. Neil é como eu, você ou alguém que você conhece. Ele só esteve na lua. E quem nunca esteve...


Chazelle é um diretor de mão cheia. Ele tem três longas no currículo e três pérolas. E em "O Primeiro Homem", por menos perceptível que seja, a música também é preponderante. Menos intensa que em "Whiplash" e "La La Land", mas é de um preciosismo incrível onde nas cenas tensas são elevadas brilhantemente e nas cenas calmas ela passa a verdade do momento. Embala o que vemos. Chazelle certamente é tarado por música e ele consegue emocionar através dela. Uma direção incrível e duas atuações brilhantes. Gosto muito do Gosling e de tudo que faz, mas aqui o grande show é da Claire Foy como uma esposa abnegada, revoltada, densa e tensa. Uma mulher que deu tudo pela família e aguentou tudo. Aguentaria sempre. Incrível filme, delicado na abordagem, mas pesado demais para viver. Como por vezes é a vida. Leve e pesada. Fácil e complexa. Macia e dura. É apenas a vida. É a vida como ela é...

Vitor Stefano
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