La La Land – Cantando Estações


Nome Original: La La Land
Ano: 2016
Diretor: Damien Chazelle
País: EUA Elenco: Ryan Gosling, Emma Stone e John Legend
Prêmio: Globo de Ouro de Melhor Musical/Comédia, Ator (Gosling), Atriz (Stone), Diretor, Roteiro Original, Música Original e Trilha Sonora Original. Bafta de Melhor Filme, Atriz, Fotografia e Música Original.



Logo a cena inicial dava o tom do que seriam as próximas duas horas. Numa sequência maravilhosa, vimos um trânsito animalesco num viaduto de Los Angeles onde as pessoas saem dos carros, cantam e dançam lindamente e com momentos de coreografias milimetricamente ensaiadas. A cantoria é linda, os cantores-atores lindos, o visual é lindo e só poderia gerar um musical. A felicidade existente em musicais é digno de inveja ou de críticas pela inverossimilhança. Mas, mais do que um musical, “La La Land” é um filme e surpreende até os avessos do gênero. Claro, há musicais e musicais. Há os clássicos e os boçais. E o filme de Damien Chazelle chega como aspirante a clássico, uma verdadeira homenagem, uma ode ao cinema, aos musicais, a Los Angeles. Uma linda história, cheia de músicas – obvio, de danças nos céus estrelados, onde anjos flutuam em busca de sonhos. Sonhos. “La La Land” é um filme sobre sonhos, sobre como alcança-los, sobre não desistir – nunca...

Ser famosa, escrever peças, ter o teatro lotado, ser bem-sucedida na próxima audição, ser atriz. Ser dono de um clube de jazz, fazer música autoral, tocar, receber para tocar música que pode ser até ruim, mas com sucesso, ser músico de jazz. Sonhos. As vidas de Sebastian e Mia se cruzam no congestionamento do começo do filme e acompanhamos o entrelaçado relacionamento. Da negação inicial ao amor eterno, o casal se apoia um ao outro e mutuamente constroem seus objetivos. E sonhos quando gigantes podem distanciar quem está aqui na terra. E Sebastian quer mesmo é ser músico, tocar o que tiver na cabeça, na inspiração do momento. Mia quer atuar e se expor no palco, ser deleitada com aplausos e com a capacidade de ludibriar os que a veem, com atuações incríveis. Os sonhos não podem ser corrompidos nem deixados de lado. E mesmo que sejam, uma hora eles retomam nosso norte e não saem mais. Nunca...



Confesso não ser fã de musicais – pelas experiências sonolentas e cansativas de outras obras, e sim, a felicidade extrema que só existe em musicais me é incômoda – mas “La La Land” tem, além de todos os aspectos que poderiam me entediar, um trunfo: ritmo. E não estou apenas falando do maravilhoso jazz que ouvimos o tempo todo, as belas músicas interpretadas pelo cativante John Legend, o competente Gosling e a esforçada Stone (dos dois últimos, digo como cantores, pois como atores estão estupendos). O ritmo do filme é o primordial para não termos nem chance de bocejar. Claro que seria esperado, tendo em vista “Whiplash”, fabuloso filme anterior do diretor, que tem uma velocidade alucinante – e ele soube dosar de forma milimétrica as canções, mixada com a trama complexa dos apaixonados em busca de sonhos e que ludibria nossos olhos para que a felicidade sempre triunfe, mesmo que dê margem para condenar algumas atitudes dos personagens. Mas estamos num musical, tudo é permitido, inclusive um final não feliz. Ou feliz sim, pois é a prova de que os sonhos têm seu preço e por vezes não são nada baratos. A vida fora dos filmes, pode ser um pouco decepcionante, na verdade. Mas nada faz com o que vemos perca seu valor ou sua força. Sim, um musical denso, intenso, lindo e cativante. É, “La La Land” veio para homenagear e abrir a cabeça de muitos que criticam o gênero – um tapa na minha cara! É lindo demais. Filmaço! E não deixe de sonhar! Nunca...

Vitor Stefano
Sessões

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