Green Book


Nome Original: Green Book
Ano: 2018
Diretor: Peter Farrelly
País: EUA
Elenco: Viggo Mortensen, Mahershala Ali e Linda Cardellini
Prêmios: Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante (Ali) e Melhor Filme Musical / Comédia no Globo de Ouro.


Histórias baseadas em fatos reais normalmente são atrativas ao público. Saber que aquilo que está exposto realmente ocorreu nos faz ter mais conexão pelo ocorrido, nos faz ter o estrito sentido da palavra empatia. E quando vemos uma história dessas que parece absurda passamos a dar mais valor às nossas vidas. Para a nossa história. E a história da amizade de Don Shirley e Tony Lip é dessas improváveis, que talvez nem um roteiro inventivo poderia escrever. Se recentemente vimos a epopeia de “Infiltrado na Klan” e nos deleitamos com seu equilíbrio perfeito entre o drama e comédia, o filme de Peter Farrely em menor escala também nos atinge. Seja pela humanidade dos personagens, pela errática vida dos dois ou apenas pela que vemos.

É um filme simples em seu formato, daqueles que sabemos exatamente o que ocorrerá ao final de cada cena, mas e daí? Queremos ainda assim acompanhar, ver, torcer, chorar e sorrir com os dois. E esse pequeno detalhe não atrapalha em nada o todo. Há cenas incríveis - a do frango frito é das melhores cenas do ano.
Estamos diante de dois atores incríveis. Um totalmente caricato e isso não tira seu brilho, mas demoramos mais a nos acostumar e nos deixar levar pelo Tony do Mortensen. Diferente do Don do Ali. Desde a primeira cena já somos encantados por aquele homem elegante, erudito, impecável. Na sua altivez de ser um homem diferente, um negro indo além das convenções que eram determinadas aos negros daqueles tempos.


É claramente um feel good movie mesmo com temas tão espinhosos, mas por ter foco na amizade improvável do motorista branco e do artista negro, vamos da segregação social à vida individual em segundos. Há frases icônicas e que cabe aqui relatar. “Ser gênio não é suficiente. É preciso coragem para tocar os corações das pessoas”. Só gênios. E sua música é genial. Genioso em temperamento, perdido em sua complexidade, amável em seu âmago. O amor. A amizade. A base da vida está em ser você e aceitar quem és. Essa é a lição de "Green Book'. O guia que dá nome ao filme é de um absurdo embaraçoso que nem deveria existir para comentar, mas é preciso. Não é crível termos um guia de onde pessoas negras podem ou não ir. A liberdade é o verdadeiro grito de amor. E "Green Book" entoa isso! Lindo filme, daqueles que fazem rir e chorar. Limpam o fígado e os canais lacrimais. Fazem os músculos da face trabalhar e o cinema é capaz disso. De entreter e de pensar. Nada paga isso...

Vitor Stefano
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