O Sétimo Selo
Nome Original: Det sjunde inseglet
Ano: 1957
Direção: Ingmar Bergman
País: Suécia Elenco: Max von Sydow, Bengt Ekerot, Nils Poppe, Bibi Andersson e Gunnar Björnstrand.
Prêmios: Prêmio Especial do Juri no Festival de Cannes, Melhor Filme do Ano e Melhor Diretor Estrangeiro no Festival de San Jordi e Silver Ribbon de Melhor Diretor de Filme Estrangeiro do Sindicato de Críticos Italianos.
"Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo houve um silêncio no céu por cerca de meia hora. Eu vi sete anjos diante de Deus e a eles foram dadas sete trombetas." (Apocalipse, 8:1-2)
Olhando para o céu vemos uma ave solitária deslizando sob as nebulosas. Seria um chamado divino ou um mal presságio. Idade Média, sistema feudal em decadência e com a poderosa trinômio mortífero no auge guerra, peste e fome, só poderia levar o cavaleiro Antonius a pensar no obvio. A Morte lhe ronda e sabe que dificilmente conseguirá vencê-la, mas a convence de que é necessária mais uma chance - uma partida de xadrez. Continuar vivendo com a proxkimidade da indesejada das gentes, é algo improvável: quer mesmo é descobrir o porque, como e o que estamos fazendo por aqui. As questões filosóficas e religiosas são o foco de sua busca enquanto o fantasma não o vence. O Juizo Final se aproxima.
Olhando para a parede vemos Jesus Cristo na cruz, com olhar sofrido e morto por e para todos nós. Nossa salvação estava em sua vida. E Antonius quer apenas um sinal explicando o como porque do fim. As pessoas morrendo, a peste aproximando, a guerra matando. Em seus momentos mais solitários é que vemos a salvação, um encontro. Mas as duvidas começam a provocá-lo e se vê tapeado pela Morte novamente. A Morte seria um recado celestial? Naquele momento só se pode pensar que é a ausência do divino. A vida do cavaleiro ainda seguiria com os seus companheiros.
Olhando para frente vê-se uma trupe de teatro ambulante, divertindo o público, tirando um pouco do pesar que pressiona os ombros dos moradores dessa Europa devastada pela Guerra dos 100 anos e da Peste Negra. Rir, cantar e sonhar fazem parte da vida lúdica e ideal. Viver de arte signfica morrer de fome, mas a felicidade compensa tudo. Como num segundo ato da peça, entrando num climax impensado, vemos um cortejo, um ritual. Pessoas se chicoteando, imagens sendo carregadas, cruzes rastejadas, leprosos, amputados, anões, idosos, crianças, todos em um rito na crença da salvação e numa punição pelos pecados cometidos. Uma imagem forte, que choca de ateus e cristãos. A peregrinação passa mas seu impacto fica. O silêncio arrebata. A religião é um alento ou uma castração?
Olhando para o morro vemos a Morte acompanhada. Sua vinda foi certeira, mas piedosa. Seja ela Deus, Diabo, anjos ou demônios, ela é a única certeza. Antonius foi arrebatado sem respostas concretas mas conseguiu vencer sua companheira mortuária, enganando-a - mesmo que temporariamente - deixando que os artistas do teatro fugissem num caminho livre, limpo e iluminado. Sua perguntas pela religiosidade e pelo existencialismo ainda são uma incognita, mas a sua certeza é que, cedo ou tarde, a morte tirará todos para dançar.
Olhando para dentro só vemos a esperança. Olhando para fora, só vemos a penitência.
Morte jogando Xadrez de Albertus Pictor (1440-1507) - Diocese de Estocolmo |
Vitor Stefano
Sessões
VIXE!!!
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