The Handmaid's Tale


Nome Original: The Handmaid's Tale
Temporada 1 - 10 capítulos
Ano: 2017
País: EUA
Elenco: Elisabeth Moss, Max Minghella, Yvonne Strahovski, Joseph Fiennes e Madeline Brewer.


Vamos imaginar. Pense na maior nação do mundo, os Estados Unidos, ser tomada por uma nova dinâmica após um golpe de estado. Muda o nome para Gilead, a constituição cai e foi substituída pela Bíblia. A sociedade como conhecemos não existe mais. Todos seguem a Bíblia e quem sai da linha é punido por uma força de inteligência e altamente bélica chamada de Olho. Uma espécie de olho que tudo vê. Uma onipresença divina. O poder está na mão de poucas famílias, idealizadoras dessa nova ordem e golpe, regido pelos Comandantes. Esqueci um pequeno detalhe. O país estava em crise pela poluição e doenças, estava em decadência também pela diminuição do crescimento demográfico. A infertilidade tornou-se uma epidemia e muito disso foi atribuído às mulheres que ganharam poder e protagonismo, deixando de lado seu lado divino: apenas procriar. A partir dessa premissa, foi necessário um choque de realidade. Um verdadeiro golpe.

O choque da mudança foi enorme. Famílias separadas, mudança da ótica política, das atribuições que nos acostumamos a ver. Iniciou-se a nova política divina com punições: cortes de membros, mortes por apedrejamento, suicídios, castigos físicos e hábitos ortodoxos passam a fazer parte dos costumes de uma sociedade antes livre. Uma pátria de todos e com ordem. Bom para uns, sempre quer dizer pior para outros. A família é a base de tudo. Apenas para algumas famílias. E aí entram as mulheres, divididas em verdadeiras castas. Há um local que não sabemos bem o que é, que são as Colonias, mas ninguém quer ir para lá. As mulheres inférteis e obedientes são chamadas de Marthas, sempre de cinza insosso, cuidam dos deveres domésticos. As Tias, sempre de marrom, que cuidam, controlam e ensinam a função das Aias - que falarei mais à frente. As mulheres dos comandantes, sempre de tons azul-esverdeado. São verdadeiras companheiras que ficam em casa aguardando seu grande chefe. Mas quando essas esposas da classe alta são inférteis, elas teriam Aias, sempre de vermelho. Elas são as barrigas de aluguel, mas não espere fertilização in vitro. O Comandante que o fará. Sexo à três. Sem gracinhas. Claro, pois seguem a passagem da nova lei: “Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro. E ela disse: Eis aqui minha serva Bila, coabita com ela, para que dê à luz sobre meus joelhos, e eu assim receba filhos por ela” (Gênesis 30:1:3).


Baseado no livro icônico de Margaret Atwood, “O Conto de Aia”, acompanhamos a Aia Offred. Exatamente o que seu nome diz. Of Fred. Ela é propriedade do governo mas servirá a Fred, seu Comandante e a esposa Serena. Acompanhamos as agruras de uma mulher que foi capturada durante sua fuga com a família rumo ao Canadá e, pelas qualidades de seus óvulos foi transformada na Handmaid da família. Ela tinha uma filha e essa é sua motivação para tentar fugir, manter-se viva. A primeira temporada da série é instigante, desesperadora, angustiante e reflexiva. Há diversos arcos interessantes, do relacionamento beligerante com o comandante, a maldade da inveja de Serena, a paixão perigosa por Nick e a organização entre as Aias, com destaque para o amor por Janine. Diante de tantas forças ortodoxas em crescente evolução na política mundial o texto de 1980 é cada vez mais atual. Uma necessária série para o feminismo, evolução da sociedade. Dizem ser um futuro distópico, mas infelizmente é um futuro próximo, quiçá a atualidade. Força patriarcal, regras absolutistas, retenção da liberdade, duras penas, corrupção em sistema controlado. Uma sombra. Uma verdade. Não apenas para o feminismo, mas para a humanidade. Não podemos deixar que essas forças extremistas ganhem força, sejam tão fortes. Não podemos virar as costas. Não podemos ser coniventes com o que nos rodeia.




A série, produção original da Hulu - concorrente da Netflix que não está ainda no Brasil - é de uma beleza visual incrível. Um trabalho de cores, fotografia e locações impecáveis. Destaque é do figurino, com as cores que citei acima destacando qual é o papel na sociedade, das discretas Marthas às pecadoras Aias, com seus chapéus com uma espécie de cabresto. Estamos na atualidade, mas parece que retrocedemos um século para essa sociedade “distópica”. As atuações são fabulosas. Odiamos, entendemos, compramos brigas e empaticamente somos colocados na pele de cada um dos personagens. Destaque claro para Elisabeth Moss no papel de Offred. Agora é ver a segunda temporada e ver o que será dela. O que será de nós...

Vitor Stefano
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