O Regresso


Nome Original: Revenant
Ano: 2015
Diretor: Alejandro González Iñárritu
País: EUA
Elenco: Leonardo di Caprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter e Melaw Nakehk'o.
Prêmios: Globo de Ouro de Melhor Filme Drama, Melhor Ator (Di Caprio) e Melhor Diretor, Bafta de Melhor Ator, Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Filme e Melhor Ator do Ano no Screen Actors Guild Awards.
O Regresso (2015) on IMDb


O nome original do filme (Revenant) significa retorno, renascimento ou reencarnação. Mas a verdade é que tanto faz, pois "O Regresso" é mais que apenas um filme de vingança de um homem que perde sua família, é uma verdadeira ode ao sofrimento (sobre)humano, num visual deslumbrante. Um homem branco, de ascendência irlandesa, caçador, explorador, negociante e que por um fato sobrenatural se apaixonou por uma indígena e teve um filho, o qual lhe deu certos poderes, como ser respeitado por ambos os lados da guerra. Glass poderia bem ser um super-herói. Mas não sabemos mais quem são os amigos ou inimigos. Mas esse poder lhe gera muitas dúvidas. Quem sou eu? Um branco de pele vermelha ou um índio branco? Ele apenas é e o respeite por isso, afinal, somos todos selvagens.

O filme é contemplativo, inebriante e vertiginoso. A beleza está nos olhos na tentativa de dirimir a crueldade do mundo, o quão cru é o ser humano. Somos todos movidos por ideiais, por consciência, pela vida. Entre balas, ataques ou traições, o ser humano se define como espécie. A vida é feita de excessos. Olhamos todo o dia para as mesmas pessoas, para os mesmos objetos, para o mesmo celular. Aos olhos do personagem principal vemos o céu, as árvores, o horizonte infindável e o seu sofrimento. Vemos e agonizamos, gozamos e vivemos juntos. Os sonhos expostos como flashbacks dos momentos tensos nos remetem à passagem, à quase morte. Quem nunca quis saber como é esse momento? A cada rodada da câmera em 360° em torno do personagem a tensão sobe, pois pode acontecer qualquer coisa. Aliás, tudo acontece. E é lindo. A tensão é correspondida. O filme entrega beleza, ação, aventura e drama.

Falar de boas atuações do Di Caprio é cair na mesmice. É o melhor ator em atividade que não faz escolhas erradas. Entre urros, gritos e gemidos, ele está visceral, como as vísceras vistas durante a película. Não, não é seu melhor papel, mas ele é fisicamente exigido como nunca. O filme é ele, é dele, duma história duríssima de acreditar que é baseada em fatos reais, tal sua grandiosidade e impossibilidade. O ótimo Tom Hardy faz seu opositor clássico, canastrão e óbvio, mas em nada estraga o filme. O ar condicionado do cinema congelou todos com as cenas de embate físico, ao ver a telona embaçada pela respiração dos personagens e do gelo e sangue explodindo em nós. É um filme para ser vivido. Uma experiência cinematográfica e que merece ser visto no cinema. Há muitos relatos de pessoas dizendo que há muito de Tarkovski e Malick no filme. Que bom! Sim, nada se cria e que bom que a referência é de diretores de primeiro nível.






Iñarritu é um dos maiores diretores dessa geração. Um mexicano dominando Hollywood. Desde “Amores Brutos” sabíamos que seria bom, mas a cada filme visita novos temas, novos formatos e ousa – e acerta sempre. De “Biutifil” a “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” todos seus filmes são porradas no fígado, mas sem deixar de perder a ternura. Vida longa à Alejandro González Iñarritu!

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

Postagens mais visitadas