Amarelo Manga
Nome Original: Amarelo Manga
Diretor: Claudio Assis
Ano: 2002
País: Brasil
Elenco: Matheus Nachtergaele, Jonas Bloch, Dira Paes, Chico Diaz e Leona Cavalli.
Prêmios: Ganhou o Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Fotografia.
Ganhou o Prêmio C.I.C.A.E. no Fórum do Novo Cinema, no Festival de Berlim.
Ganhou os Candangos de Melhor Filme, Melhor Ator (Chico Diaz), Melhor Fotografia e Melhor Edição, no Festival de Brasília. Ganhou também os Prêmios de Melhor Filme - Público, Melhor Filme - Crítica e o Prêmio Especial do Júri, para a atriz Dira Paes. Ganhou o prêmio de Melhor Fotografia, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami.
Um hotel-espelunca-fedido, um boteco pé sujo numa quebrada qualquer de Recife. Personagens marginalizados e absolutamente perturbados são o pano de fundo de Amarelo Manga (2003), filme dirigido por Claudio Assis, o mesmo de Baixio das Bestas (2007).
Este é um filme que repugna e choca. Se você odiá-lo, então ele será bom, porque é exatamente esta a sua função – provocar. Importante recomendar ao espectador que se prepare para ver um mundo cão, sentir o cheiro ruim, o nojo, o ódio, a pobreza, a doença, a loucura, a morte.
Lígia (Leona Cavali) é a dona do boteco que reclama do seu cotidiano insuportável. É atraente e quer um amor de verdade mas está rodeada por bebuns e velhos safados. Kanibal (Chico Diaz) é um açougueiro ignorante e trai sua esposa, a crente Kika (Dira Paes). Isaac (Jonas Block) é um vagabundo violento que sente prazer em atirar em cadávers. Dunga (Matheus Nachtergaele) é uma bichinha louca, trabalha no decadente Hotel Texas como cozinheiro e quer conquistar a todo custo o coração de Kanibal.
Todos esses personagens apresentam caráter mais que duvidoso e não se relacionam, esbarram suas almas tristes umas nas outras. O ambiente está transbordando de violência, sexo, loucura e solidão. O amarelo a que o título se refere é a cor da vagina descolorida de Lígia, que está estampada no cartaz e da capa do DVD (repare bem). Logo acima aparece a frase “O ser humano é estomago e sexo”.
Em citação ao poeta pernambucano Renato Carneiro Campos numa passagem do filme, o amarelo também é: “A cor das mesas, dos bancos, dos cabos, dos carros de boi, da charque, das doenças, das remelas dos olhos dos meninos, é a cor das feridas porolentas, dos escarros, verminoses, hepatites, diarréias, dos dentes apodrecidos, do velho desbotado, doente”
Claudio Assis se mostra um cineasta autêntico e polêmico. Não se importa nem um pouco com sua sinceridade constrangedora. Provoca por ser verdadeiro e contundente. Escancara um Brasil marginal e despido de moral.
Que se danem os padrões, os pudores e as ideologias. É preciso estômago para seguir em frente.
Carlos Nascimento
Sessões
Nossa, Carlos! Seu texto me deixou uma sensação parecida com a do filme! Foda que eu acabei de tomar café da manhã. Que vontade de vomitar. Muito bom!!
ResponderExcluirLeandro Antonio
Sessões
Fiquei bastante interessada no filme, só não sei se aguentarei vê-lo até o final... hahaha
ResponderExcluirEsse filme é muito bom! Nunca esqueço do dia em que fui assistir. Choque atrás de choque, como se estivesse levando uma surra, hehehehe
ResponderExcluirPosso falar o que pode ser uma 'bobagem'? Nesse filme o Cláudio Assis é quase um Lars von Trier brasileiro...
Parabéns pelo texto, faço minhas as palavras do Leandro.
@_DanielSilva
Essa "vagina" vale o filme. Não por onanismo, mas por clima 'noir'.
ResponderExcluirMateus Moisés
Sessões