Bom Trabalho

 


Um balé belíssimo num ambiente macho alfa. Movimentos orquestrados com armas em punho. Passadores de roupa em meio a uma legião colonizadora no Djibouti. Uma guerra de egos e poder com o mamilo ouriçado. Corpos esculpidos e desejosos. Um exército isolado. Jovens perdidos. Com opressores dos opressores que nem sabem o que estão fazendo naquele lugar. 

Nem nós saberemos. Bom Trabalho consegue nos apresentar a Legião Estrangeira Francesa com figuras muito bem demarcadas. Poderes e ameaças. Desejo e competição. Força e leveza. Mas aí que mora a beleza do cinema e das escolhas da câmera. Nada está definido. Está tudo para o nosso subconsciente preencher. Claire Denis consegue colocar a situação desses homens todos juntos e deixar a aura mais poética, mais humana, menos bélica porém berra aos olhos a potência. Sexual. Bélica.

E a beleza da narração e condução através de Galoup, um fabuloso Denis Lavant, que vive o meio do poderosos e dos peões. A sua situação central mostra a pressão dos dois lados e ao vermos o futuro e o presente dele encaminha. Nesse personagem complexo, dúbio, amargo, oprimido se faz a beleza da leveza surpreendente. E ali que nos libertamos das amarras do passado, do gosto salgado, da vida rígida. Só a dança salva… liberta… permite sermos quem somos.

#bomtrabalho #clairedenis 


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