Lazzaro Felice

Nome Original: Lazzaro Felice
Ano: 2018
Diretor: Alice Rohrwacher
País: Itália
Elenco: Adriano Tardiolo, Alba Rohrwacher, Nicoletta Braschi e Tommaso Ragno
Prêmios: Melhor Roteiro no Festival de Cannes.

O que faz alguém ser feliz o tempo todo? Alguns dirão que é loucura, outros que é utopia e alguns até que isso nunca existirá.

Quando Hobbes afirmou que o homem é o lobo do homem dissecou a espécie numa alegoria perfeita. Seja onde os dilemas internos são capazes de necrosar uma mente ou da humanidade ser perfeitamente capaz de se matar com a certeza da certeza de sua certeza. A infinitude do existir não existe. A da felicidade sim. E Lazzaro é feliz sempre. Sempre feliz. Mas o que acontece com ele. O vemos sempre com o rosto manso, impávido, sereno. E em certo momento a baronesa, altiva, em sua torre de marfim olha para baixo e diz: “Os humanos são como animais. Você os liberta e eles percebem que são escravos, presos na miséria deles. Agora sofrem, mas não sabem que eu tiro proveito deles e eles tiram proveito daquele pobre coitado. É uma reação em cadeia que não pode ser evitada”. Ela tinha escravos, verdadeiras abelhas operárias, e os escravos tinham a Lazzaro. E ele feliz servia. Servia feliz. Ingenuidade? Amor? Devoção? Anestesia? Ignorância? Doença? Não. Lazzaro é o que é. E não liga para o que os outros acham ou deixam de achar. Ele é livre dentro de sua concepção. Ele é pleno em seus pensamentos. Ele é o que é. Daqueles seres humanos únicos. Daqueles apaixonantes. Daquelas almas que nunca morrem.

Morrem sim. Morremos todos. Todos os dias. Na ânsia de aceitar o mundo como é, morremos comendo a própria pele, a própria carne, bebendo o próprio sangue. Lazzaro é eterno. E, como tudo, o lobo morrerá por honra de uma população buscando justiça com as próprias mãos. Já estamos todos mortos...

Vitor Stefano
Sessões