Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Nome Original: Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
Ano: 2014
Diretor: Alejandro González Iñarritu
País: EUA / Canadá
Elenco: Michael Keaton, Emma Stone, Zach Galifianakis, Naomi Watts e Edward Norton.
Prêmios: Melhor Ator de Comédia (Keaton) e Melhor Roteiro no Globo de Ouro, Melhor Conjunto de Atores no Screen Actors Guild Awards, Filme do Ano no AFI Awards e outros.
Quando ouvi dizer que Alejandro González Iñarritu faria uma
comédia eu duvidei. Quando disseram se tratar de uma história de um ator
decadente que vive à sombra de um papel de super-herói que fez há mais de 20
anos eu desconfiei. Quando vi que Michael Keaton seria o protagonista dessa
comédia não dei bola. Assim que a primeira imagem com o Homem Pássaro surgiu eu
logo pensei que seria uma queda brusca na carreira de um diretor que tanto
apreciava. Quando percebi que ouvi e vi muitas coisas e preconceitos
conturbaram minha mente, parei e pensei: “É o Iñarritu, PORRA”. Comédia nada.
Filme de ator em decadência é bom demais. Keaton é absurdo. Iñarritu, sempre
nos agracia com um cinema de primeira linha, da maior grandeza, que nos faz
refletir, repensar, remoer sentimentos que nem lembrávamos existir. “Birdman” é
mais do que um filmaço, é uma experiência cinematográfica. Disse isso sobre
“Boyhood”, mas agora acho que o filme do Linklater é uma experiência extracinematográfica,
quase pessoal do diretor. “Birdman” é cinema para quem gosta de cinema, de
roteiro, de atuação, da tela. “Birdman” é genial.
Nem adianta falar sobre o filme. É sobre a vida de artista,
a vida do estrelato, a vida atrás dos palcos, a vida de pai, a vida de marido,
a vida... Planos-sequencia de tirar o fôlego, quase que num filme contínuo, nos
levam a viver a vida de Riggan Thomson. A loucura das prévias da estreia
de uma peça dirigida e estrelada por ele nos mostra o melhor e pior de uma
estrela decadente. Uma estrela do passado, que sem twitter, facebook, sem vida
virtual não é nada pro mundo atual. O fantasma de Birdman que o segue, como um
guru ou aqueles anjinhos/diabinhos no ombro de desenho infantil, é seu alter
ego tentando mudar sua vida. É ver os colegas de espetáculo com um ar de
superioridade, mas superado com um simples enfrentamento. É ver que o ser
humano é mais do que um personagem. Todo ser humano é uma persona de si
própria.
Michael Keaton ressurge para o mundo cinematográfico. Um
personagem complexo, intenso e que poderia ser uma sombra para ele. Mas não,
ele supera o fantasma e brilha, mas não solitariamente. Edward Norton, Zach
Galifianakis, Emma Stone e Naomi Watts são coadjuvantes que tem
brilho, que chamam atenção e que são contrapontos perfeitos ao Keaton em todas
as cenas. Eu destaco Norton e Galifianakis que estão supremos. Essas estrelas
em grande desempenho num roteiro absurdo de inteligente, que, junto a uma
montagem frenética, envolve o expectador que não cansa de ver a câmera viajando
o tempo todo atrás do que está acontecendo. Iñarritu é um diretor absurdo que
sempre me suscitou o melhor e o pior após ver seus filmes. “Amores Brutos”, “21
Gramas”, “Babel” e “Biutiful” são filmes obrigatórios. “Birdman” os
acompanhará, mesmo que muitos digam que é comédia. É! É comédia, é drama, é
aventura, é auto-ajuda, é road-movie, é suspense. "Birdman” é realmente
uma aventura cinematográfica. Aperte os cintos e voe com Birdman.
Vitor Stefano
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