Jim e Andy



Nome Original: Jim & Andy: The Great Beyond – Featuring a Very Special, Contractually Obligated Mention of Tony Clifton
Diretor: Chris Smith
Ano: 2017
País: EUA
Elenco: Jim Carrey e Andy Kaufman
Sem Prêmios






Quem é você? Quem você se torna ao abrir os olhos e acordar pela manhã? Ao despertar você sabe quem é ao colocar o pé no chão, ao entrar no carro ou no trabalho? Quem é esse cara que se olha no espelho ou pensa na vida ao estar sentado na privada? É você, uma máscara, um avatar, um personagem? Não apenas a profissão de ator precisa ter essa disponibilidade durante as gravações. Todos somos personagens do que o ambiente nos pede, do que essa persona é exigida. Eu escrevendo sou um outro Vitor. Mas quando um ator precisa interpretar um outro ator que não era, digamos, “comum” há grandes chances de uma imersão complexa e sem volta. Talvez você não saiba quem é Andy Kaufman, mas Jim Carrey você sabe. Mas se você ainda o olha, lembra e ri só de pensar em “Debi e Loide”, “O Máscara” ou “Ace Ventura” você também não sabe quem é Jim Carrey. Aliás, você sabe quem é você?

Durante as gravações de “O Mundo de Andy” uma equipe passou a acompanhar o ator que interpretaria o Andy do nome do filme, Jim Carrey. Por vinte anos essas gravações ficaram guardadas e não foram vistas. Nesse documentário da Netflix surge um novo Jim Carrey, barbado, sem caretas, sem risinhos, sério, emotivo, mais velho e totalmente nu. Não, você não verá a genitália dele, mas sua alma crua. Jim faz uma exposição explícita de sua carreira, sobre fama e sucesso, expõe a sua intimidade, seus defeitos e fantasmas, numa autocrítica e autoconhecimento, na busca de aceitação, nos questionamentos mais profundos que um ser humano pode ter. De que adianta ter comprado tudo que eu comprei, ter tudo que eu tenho, ser famoso e reconhecido e ser infeliz? É lindo de ver um homem que entrou e saiu dos personagens e agora ver um homem puro.


A imersão de Carrey em Kaufman foi pitoresca. Ele não apenas interpretava o comediante falecido por um câncer no pulmão na frente das câmeras. Ele incorporou Kaufman e seus personagens a ponto de tirar o sono de todos ao seu redor. Milos Forman, renomado diretor do filme, em certo momento perde o chão sem saber o que fazer ou falar. Carrey não mais atendia por seu nome, apenas como Andy. O documentário é um estudo sobre a profundidade da profissão artística. Ver Jim como Andy é lindo e assustador. Qual o limite? Andy não sabia. Jim tampouco. Agora, maduro, ele olha para trás e tem momentos emocionantes e que me tiraram lágrimas. Jim Carrey é um excelente ator e um cara a ser estudado. É um documentário obrigatório, mais um grande trabalho da Netflix!

Vitor Stefano
Sessões

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