22 de Julho


Nome Original: 22 July
Ano: 2018
Diretor: Paul Greengrass
País: Noruega, Islândia e EUA
Elenco: Anders Danielsen Lie, Jonas Strand Gravli, Jon Øigarden e Maria Bock.
Prêmios: SIGNIS Award - Honorable Mention no Festival de Veneza.




A política é a arte do diálogo e cada vez mais seu significado está morrendo. O dia que nomeia a fita do ano de 2011 ocorreu um dos piores atentados da história da democracia. Anders Breivik realizou uma explosão de dimensões impressionantes no prédio do estado norueguês e depois se dirigiu a uma ilha onde jovens são levados, numa espécie de retiro educacional, para debater e aprender sobre democracia. Breivik não acredita em nada disso e, para ele, da forma como estava, a Noruega sofria grande ameaça. A população pura europeia não aguenta mais os imigrantes, a ameaça islâmica, a permissividade de governos progressistas. 77 mortes e mais de 200 feridos e esse discurso em seu julgamento:

"Hoje eu falo em nome dos europeus que foram privados de seus direitos étnicos, autóctones, culturais e territoriais. A acusação diz que sou louco. Fazem isso porque têm medo de mim. Porque cometi o mais sofisticado, o mais espetacular atentado político na Europa desde a II Guerra Mundial. E por quê? Porque a Noruega, a Europa, não são verdadeiras democracias. É democrático que uma nação não seja consultada sobre ela se tornar multicultural? Forçar sua população a tornar-se minoria em sua própria capital? Nas próximas décadas, muitos se darão conta e pegarão em armas, exatamente como eu fiz. Quando é impossível fazer uma revolução pacífica, a revolução violenta é a única solução. Exijo ser inocentado porque agi em defesa do meu país."

Durante o longo filme acompanhamos algumas visões de forma bastante intrigantes. Além da belíssima cena de ação dos atentados, acompanhamos a vida de sobreviventes - principalmente do jovem Viljar, a vida conturbadas dos políticos noruegueses e a vida dos advogados desse julgamento. Sem deixar de lado o terrorista Breivik. Por se tratar de um fato real, é angustiante a realidade da retratação do atentado e fica fácil ser empático ao sofrimento de todos. Num ato assim, não há sobreviventes. Muitos morrem, mas todos morrem um pouco por dentro. Mas a vida precisa seguir. E Viljar é a demonstração desse medo e coragem de seguir. E ele prova que seguir é preciso - no caminho da política. Lindas atuações de Lie e Gravli.


Num momento de tanta polarização aqui no Brasil, podemos ter no filme de Greengrass - diretor do ótimo “Capitão Phillips” - um aprendizado sobre como intolerância, violência e ódio não podem ser vinculados à política. Tudo vai ser como tiver que ser, mas nunca será aceitável se for na base da violência e da não aceitação dos resultados democráticos. Independente do vencedor, sobrará apenas a opção de seguir. Então que seja juntos, respeitando e dialogando. Repito: respeitando e dialogando. A democracia pode ser dolorida, mas é linda... Mais uma ótima produção Netflix.






Vitor Stefano
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