Uma Rua Chamada Pecado

Nome Original: A Streetcar Named Desire
Diretor: Elia Kazan
Ano: 1951
País: Estados Unidos
Elenco: Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden
Prêmios: Oscar de Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (Kim Hunter), Melhor Ator Coadjuvante (Karl Malden) e Melhor Direção de Arte. Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Kim Hunter). Prêmio do Júri e o prêmio de Melhor Atriz (Vivien Leigh), no Festival de Veneza.
Uma Rua Chamada Pecado (1951) on IMDb



Para ser melhor seduzido por este bonde que se chama desejo é necessário fazer o exercício de se imaginar em 1951, ano de lançamento deste filme escandaloso. Em toda década de 1950, os grandes musicais estavam bombando em Hollywood, o American Way of Life era exposto ao mundo via cinema, enquanto na Europa começavam movimentos cinematográficos em que os trabalhos de direção tornam-se muito mais notáveis, o tal de Rock' n Roll, a TV, a recém finda Guerra. Para ter um aperitivo bem substancial do que era o cinema daquela época, sugiro dar uma olhada e buscar os filmes elencados pelo amigo Armando do blog Listas de 10. Os filmes escolhidos por ele para ilustrar os anos 1950 revelam um, ao menos para mim, um panorama de crise das motivações para filmar. Quais histórias precisariam ser contadas? Será que o cinema ainda precisa contar histórias? Que mundo os projetores vão refletir? A crise se estabelece no sentido de que novidades estavam prestes a rebentar,mas isto dependia da morte do que parecia inerente, algo silenciosamente agonizava.Talvez estejamos falando aqui em uma época em que as maneiras de ver o mundo se modificavam. Penso ser possível ir fundo nas ideias da mudança daquela época através do que apresentava o cinema.

 Enfim, esta breve e tosca síntese histórica serve neste post apenas para alertar o escarcéu que representou "Uma Rua Chamada Pecado" no ano de seu lançamento. Um filme dos estúdios Warner que tem como temas e subtemas a família desintegrada, sexo pelo sexo, o trato da mulher pela sociedade, a miséria intelectual e material em que viviam muitos norte-americanos, as condições do trabalho nas cidades - um filme que muitas vezes beira o hiperrealismo. Evidentemente, o filme revela muito mais e, como de costume, minha pretensão não é negar o prazer da supresa e da experiência do cinema, a quem lê um post na internet, ou seja, vejam o filme. O vídeo abaixo não está legendado, mas registra o primeiro encontro entre os principais personagens. Um das cenas que entra para qualquer antologia de qualquer cinéfilo:

   

De certa maneira, sendo muito simples, o adjetivo que me vem à memória quando penso no filme é ousadia. Esta ousadia é pontuada pelas escolhas que o diretor Elia Kazan faz com relação ao elenco e condução das cenas.

Qualquer espectador que tenha registrada a imagem de Scarlet O'hara fica surpreso com a aparência fragilizada e o envelhecimento de Vivien Leigh, embora muitos afirmem que o papel de Blanche DuBois só lhe foi proposto por questões de bilheteria, sua adequação ao papel é evidente.

No que diz respeito a Brando, qualquer espectador sente estranhamento, atração, admiração, ou tudo isto junto misturado ou separado, pelo tipo de ator que inaugura na telas. Aliás, o que dizer do jovem Marlon Brando? Seu segundo filme já o coloca no panteão. Inexperiente, mas já é uma lenda da atuação, da fotogenia, da beleza masculina, da composição de tipos. Suas aparições como Stanley Kowalski são de fazer qualquer um rever o que significa masculinidade, além de criar uma relação de amor e ódio, desejo e repulsa, dor e gozo, pena e raiva. Uma completa ambiguidade que representa de certa maneira as transições a que me referi no início do texto. O mocinho norte-americano com seu sapateado e sorriso refrigerante começava a agonizar nas mãos de um homem bruto que após um dia de árduo trabalho não tinha pretextos para cantar e dançar.




Leandro Antonio
Sessões

Comentários

Postagens mais visitadas