O Porto
Nome Original: Le Havre
Diretor: Aki Kaurismäki
Ano: 2011
País: Finlândia, França e Alemanha
Elenco: André Wilms, Kati Outinen e Blondin Miguel
Prêmios: FIPRESCI no Festival de Cannes.
País: Finlândia, França e Alemanha
Elenco: André Wilms, Kati Outinen e Blondin Miguel
Prêmios: FIPRESCI no Festival de Cannes.

Em tempos de redes mundiais, de conexões supersônicas, de
relacionamentos à distância, quando a verdade aparece dentro de um container
somos levados a crer que o mundo envereda para um abismo sem fim. Ver seres
humanos fugindo da realidade, indo para um mundo que não lhes pertence em busca
de uma felicidade que não existirá. O mundo é de todos, mas nem todos tem
direitos iguais. Vemos em cada cidade pequenas Torres de Babel onde a diferença
das raças, nacionalidades, línguas se misturam numa linguagem universal: a
intolerância. O ser humano é racionalmente irracional para dividir pertences
que não lhes pertence, incapaz de dividir o pão de cada dia, a terra que habita
a pele que queima num sol de noite enluarada. Não há esperanças para terras
onde humanos ainda reinam e não pensam. As esperanças estão concentradas em
pequenas atitudes de pessoas espalhadas em cantos encantados pelos portos e
estações. A vida só será melhor quando todos olharem para os outros e se verem
– quando o porto estiver dentro de si - quando olhar para o próximo seja mais do que apenas ver.
A vida pacata em Le Havre é tudo o que um boêmio como Marcel
queria: calma, paz e um cantinho para descansar a carcaça ao lado de sua esposa
Arletty. Um vilarejo simples que podemos ver na abertura de um guarda roupa.
Quando sua mulher é acometida por uma doença que não conhecemos e não temos
esperança que ela continue bem, Marcel, que vive de engraxate, passa a ter um
contraponto em sua vida: Idrissa, ou podemos chamar de o
anjo que caiu do céu. A olho nu, ele seria apenas mais um, aliás, menos um,
pois os imigrantes são invisíveis ou procurados com a faca nos dentes.
Fábulas contemporâneas como essa de Aki Kaurismäki aparecem
para nos aquecer as esperanças de que dias melhores virão. Um conto de fadas com
fadas sem asas e sem aboboras que viram carruagens. A verdade é muito menos
criativa, mas a possibilidade de ver uma alma esfacelada sorrir nos faz pensar
que somos apenas aquele grão de areia dentro de uma praia indevida para banho,
mas que se unirmos as forças, podemos ser levados pelo mar e sermos felizes
para sempre com quem quisermos. As esperanças surgem a cada respiro, pois
apenas poderemos viver de milagres, pois o pessimismo já está osmoticamente em
nosso ser. De risos inimagináveis a uma aprensentação de um rockstar local, o filme é um sal de frutas na azia que o mundo moderno nos causa. Se quiser sair do cinema com a alma limpa, um sorriso no rosto e uma
ponta de esperança no coração vá ver o maravilhoso “O Porto”.
Vitor Stefano
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