Persépolis

Nome Original: Persepolis
Diretor: Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi
Ano: 2007
País: França
Vozes: Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni
Prêmios: Prêmio do Júri de Cannes, Prêmio de Público da Mostra Internacional de São Paulo, Melhor Trabalho de Estréia e Melhor Adaptação do César. Concorrente ao Oscar de melhor Animação
Persepolis (2007) on IMDb



Animação é sinônimo de filme de crianças. Persépolis não!

A história do Oriente é pouco estudada por nós, ocidentais. Somos burros sobre o Mundo Árabe. E quando se trata da Revolução Islâmica de 1979, aí somos cegos e surdos. Bom, este complicado e confuso tema é apenas o fundo desse filme encantador. Porém o foco é: Marjane Satrapi e suas Histórias Maravilhosas (assim como o fabuloso Peixe Grande de Tim Burton).

Marji em sua infância tinha em sua família, seu porto seguro, ouvindo incríveis passagens sobre seu lendário avô contadas pelos seus afetuosos pais, histórias de valentia e protestos de seu tio Anouch e a maior conselheira, sua carinhosa Avó. Tem em Deus um ouvinte – Ele ouviu poucas e boas da pequena levada da Breca. De modo lúdico a infância da pequena encanta, mostrando as agruras da Revolução.

A criação por pais progressistas, acostumou Marjane à liberdade(incomum a meninas de sua idade), cercada de festas (proibidas), ouvindo de Michael Jackson a Iron Maiden (músicas ‘proibidas’), fã de Bruce Lee e do Rocky (demônios do Ocidente). Agora tinha que usar burqa e era controlada de tudo! A Revolução mudou a vida de todos! De uma monarquia pró-ocidental para uma República Populista Islãmica. Ditadura vestida de Revolução! Marje não resistiu, partiu! Suas indas e vindas do conturbado Irã em busca de uma vida melhor e de estudo, fizeram a adolescente virar mulher e conquistar sua independência! Depois de por muitos desafios dificuldades, rasgou a burqa, foi em busca de seus ideais e passou a entender o mundo – externo e principalmente o interno. Nunca se esquecendo suas origens nem de onde veio.

Além de ser lembrado como a capital do Império Persa, Persépolis fica eternizado como biografia de Marjane Satrapi. Político, dramático, sensivel e com pitadas de humor, acompanhado à beleza do branco & preto, dão ao filme uma quimica onde as cores básicas tornam-se uma visão belíssima. Persépolis prova que animação também é Cinema, e dos bons. Não perca a chance, é encantador.


Vitor Stefano
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Comentários

  1. O livro é excelente!!! E o filme, não fugiu, é tão bom quanto!
    É uma historia que vale a pena ver, por conseguir mostrar de uma forma leve os problemas que o Oriente passou e ainda passa.
    Eu imaginava que a rotina deles seria monotona, chata e na maioria das vezes infeliz! Mas na verdade, o filme mostra o oposto.......que a vida pode ser divertida e boa por lá!!!

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  2. Com certeza, esta animação está na minha listinha de melhores filmes... Muito boa mesmo!

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  3. Persépolis é a narrativa da vida de uma garotinha iraniana contada a partir de seus próprios olhos. A infância de Marjane Satrapi se confunde com a história de um país em permanente guerra civil, agitações sociais, greves, falta de alimentos, radicalismo religioso e arbitrariedade Estatal.

    O de sempre: Oriente médio é só ditadura e desgraça. Xiitas e ditadores,burqas e intolerância....Eis o que se tornou o Antigo Império Persa.Não sei, mas me parece só a reiteração daquilo que já se sabia sobre o Irã.Não quero dizer com isso que apoio o governo de qualquer Xá que possa existir no Irã ou em qualquer lugar do mundo, mas por incrível que pareça o cinema continua sendo um propagador de julgamentos apressados.Quem nesta época recente podia se manter no poder quando o que estava em jogo eram os interesses de URSS e USA que fizeram do mundo seu tabuleiro de Xadrez durante a Guerra Fria?E em que medida esses mesmos países que defendem ideais de liberdade e democracia – e para onde as marjanes se dirigem- apóiam ditaduras em troca de Petróleo ou para aumentar o seu comércio exterior de armas?Ademais,penso ser dificil uma criança entender e ter insights políticos do nível da Marje contando apenas alguns anos.A menina com 5 anos já leu marx conhece fidel e entendia os dois.Quem aqui com mais de 15 anos já fez algo parecido?É como se a ditadura fizesse com que as pessoas se tornassem mais inteligentes.Meio forçado este aspecto.

    O filme ignora a macro-história e traz somente a visão circunstanciada, como não pode deixar de ser, da vida de Marjane.O livro vem a ser melhor que o filme.Mas não é algo (o filme) que possa ser considerado uma revolução ou que tenha despertado qualquer sensação de deleite é uma animação muito bem feita e só.Há que se fazer um mea-culpa aqui:querer que o filme saia tão bom quanto o livro é na maioria das vezes um desejo pouco realizável,Persepólis acho que prova isso.Não entendi a euforia com relação ao filme...é bonitinho,bobinho,ingênuo,mas infelizmente não me tocou.Assisti duas vezes para ver se teria a mesma sensação ou para ver se eu estava no clima mas mesmo assim não adiantou.É ruim mas acho que muita gente já passou por isso.Quando não rola,não rola.Algumas coisas não vão e ponto tenho que aceitar isso.É uma pena mas.....vá la isso é tudo sobre Persépolis.

    Fernando Moreira dos Santos
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  4. Não vi o filme. Li o livro. Ótimo, por sinal. Deve-se reiterá-los ainda mais nesse momento de 'crise' no Irã. Sou vestibulando e acho que a obra ajuda muito a entender esse episódio da geopolítica.

    Quanto a mensagem anterior, do Fernando. Realmente, o mundo sofria a Guerra Fria, e o livro mostra isso. Como os EUA apoiavam o xá etc. Mas, o que vc achou o ponto fraco, o que impede que uma menina de 5 anos entenda o mundo a sua volta. Não acho totalmente forçado. A história é, acima de tudo, sobre Marjani.

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  5. Esta animação em longa metragem conta a história vivida por sua autora, Marjane Satrapi, nos tempos de ditadura no Irã, ao mesmo tempo em que aquele país travava uma sangrenta e longa guerra contra o vizinho Iraque.
    Alguns aspectos são importantes a se destacar neste filme. O primeiro é a sua importância como registro histórico para o entendimento de um cenário geopolítico numa região que constantemente apresenta-se em conflito.
    A história da criança Marjane entrelaça-se com a realidade histórica. Os motivos que levaram uma criança para um “exílio” forçado explicam as reais condições vividas pela população do país e sua falta de perspectiva.
    Sua difícil permanência na França, a solidão, o processo de ocidentalização, diferenças culturais, intolerâncias e angústias vividas pela protagonista mostram sua necessidade de se afirmar e ser reconhecida como “igual” perante o mundo ocidental. Mais adiante, após anos de um certo “afrancesamento”, a história ilustra bem a dificuldade da moça voltar a ser aceita pela sociedade Iraniana, quando do seu regresso ao país. Marjane passa então a se sentir uma pessoa sem identidade e sua saga nos faz ter um pouco mais de conhecimento sobre a cultura médio-oriental.
    A história é contada de maneira um pouco romanceada demais, não há como supor que uma criança tivesse tanto entendimento político como a autora insinua. No entanto, o enredo é muito bem costurado, traduzindo bem as emoções e informações propostas. O expectador não se cansa de tanto eu, eu e eu.
    Apesar de não ser uma animação para crianças, creio que o registro sirva sim como complemento de formação histórica para estudantes. Como obra de arte também, pois as ilustrações são muito bonitas e expressivas. Minha filha um dia assistirá Persépolis ao lado do papai.

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  6. O estilo da ilustração é simples e genuíno, um bocado de traços infantis em duas dimensões. O resultado atinge uma beleza tosca, despojada, charmosa e juvenil. Videar os desenhos de Marjane é videar um tipo de rascunho inacabado. A maneira de expressar o desenho combina incrivelmente com a (H)história contada, que se demonstra subjetiva e sem um final arquitetado. As imagens transmitem a sensação de terem sido imaginadas por uma criança, o que faz entender Persépolis como poesia visual sem grandes compromissos.
    Uma maravilhosa estética, mas esta nada seria sem o apoio da narrativa. Persépolis transforma uma história autobiográfica e de tons sumamente intimistas em temas universalistas, sem se distanciar de detalhes tão pequenos, particulares de sua própria existência.
    Com seu faro de artista, Marjane Satrapi faz refletir do fundamentalismo a liberdade individual, do Oriente ao Ocidente, da adolescência à vida adulta. Por que no início, fim ou meio das contas são infinitos os meandros que percorrem os caminhos dos conceitos e entendimentos.
    Persépolis é um relato lírico, gracioso, inteligente e sobre tudo universal. A contribuição de Satrapi é aproximar Ocidente e Oriente, pois mesmo praticando tão distintos credos e culturas, estes podem constituir uma variedade de traços, formas e desenhos inacabados comuns a todos.
    Apesar de todas as diferenças inventadas, há o que não se pode inventar e a isto se aprendeu chamar de humanidade.

    Leandro Antonio
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  7. Uma graça de filme. Ótimo para ensinar história política para crinças!

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  8. A história do Irã contada com extrema delicadeza e emoção por uma iraniana. Apaixonei-me pelo filme, pelo livro, e até dei o nome da minha gatinha de Tuli Marjane.

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