A Partida


Nome original: Okuribito/Departures
Diretor: Yojiro Takita
Ano: 2008.
País: Japão.
Elenco: : Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshyuki, Kimiko Yo, Takashi Sasano
Premios: Oscar 2009 – Melhor filme estrangeiro
A Partida (2008) on IMDb

Venho ao Sessões para recomendar aos distintos leitores o filme “A Partida”. Não disporei aqui, sobre o impacto que este filme pode ter causado na Academia de Hollywood, ou porque este filme é bom ou ruim. Isto não me interessa desta vez. Aqui escrevo motivado por sensação, sentimento e prazer. Pois se trata do filme mais repleto de sutilezas e força das personagens que vi nos últimos tempos.

No desenrolar do filme o espectador consegue sentir as emoções e por que não dizer, as asperezas e lisuras que cada personagem carrega em vida. Escrevo e penso no protagonista Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) com sua veia cômica e sua certeza de que passou a vida sonhando um sonho que não devia ter sonhado, e que mesmo diante disso, carrega grande certeza e fé nos novos e desconhecidos horizontes que a estrada aponta. Vejo a doçura e solicitude de sua esposa Mika (Ryoko Hirosue), que apesar de desapontada, é disposta a seguir e apoiar o amado na sua forçada decisão. Enfim, é injusto não citar todos os personagens, a Dona da Casa de Banhos, a assistente do patrão, o próprio patrão e o cliente há mais de cinqüenta anos da arcaica Casa de Banhos.

Levarei este filme para a minha vida! Vi em “A Partida” as ilustrações e os argumentos que jamais conseguirei verbalizar para derrubar o mito de que a felicidade é urgente. O filme me sussurrrou: “Vai, Leandro! Deixe a felicidade no lugar dela e tente encontrar primeiro o Leandro, depois as coisas do Leandro, depois o lugar do Leandro para sentir que esta tal felicidade é muito pequena diante de todas as preciosidades que o Leandro irá descobrir”.

Vejam o filme! Corram para o cinema! E caso queiram depois trocar pedras comigo ou com o Sessões estaremos prontos!


Leandro Antonio
Sessões

Comentários

  1. Apenas por curiosidade, este foi o primeiro filme Japonês que vence a categoria de Melhor Filme de Língua Não Inglesa na história do Oscar. Já havia concorrido 11 vezes antes.

    Apenas como prêmio honorário venceram Rashōmon de Akira Kurosawa, AS Portas do Inferno de Teinosuke Kinugasa e Samurai de Hiroshi Inagaki.

    'A Partida' concorreu neste ano com: Entre os Muros da Escola (França), Valsa com Bashir (Israel), Revanche (Áustria) e Der Baader Meinhof Komplex (Alemanha).

    Lindo texto Lê! Certamente irei ao cinema acompanhar essa experiência.

    Vitor Stefano
    Sessões

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  2. Em nova fase, que imagino e acredito ser o melhor caminho para este blog, Sessões apresenta esta bela indicação aos leitores.

    Sou integrante da equipe, mas agora também como expectador, sinto-me muito motivado a assistir a este filme. Méritos para o texto do Leandro, que aguçou o meu desejo em ver este vencedor do Oscar.
    Viva!

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  3. "A Partida" foi mais tocante do que chocante. Foi uma porrada sútil na minha sensibilidade.

    É um belo filme e vale a pena porque a trilha sonora é grandiosa e escolhida a dedo.
    É um belo filme e vale a pena pois a personagem da esposa do protagonista é entusiasmante.
    É um belo filme e vale a pena talvez pela maneira simples como trata a morte.
    É um belo filme e vale a pena porque nossos sonhos nem sempre se realizam...
    É um belo filme e vale a pena!

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  4. A partida é um filme sensível em que a pergunta que se impõe é a de saber se nesta vida (nossa vivida) conduzimos ou somos conduzidos.

    O sonho de ser violoncelista de uma grande orquestra sem motivo se estilhaça quando perde o emprego de músico. Escapista,com a alma latejando de tristeza por ter que abandonar sua paixão Daigo vende o violoncelo e se muda para o interior em busca de novos rumos para sua vida.Ocorre que o destino com suas mãos indecisas acaba por colocá-lo no caminho da morte:Começa a trabalhar em uma empresa de três funcionários que prepara o corpo dos mortos para a partida em direção ao outro lado.
    Muito preconceito se levanta na vida de Daigo ele mesmo sente nojo à princípio do que vai fazer mas o homem se acostuma a tudo.

    A beleza da vida que no filme acaba ficando a cargo da bela fotografia e da música talvez esteja não nas escolhas que fazemos ou nos objetivos que alcançamos,quiçá,a providência (oracular em seus próprios desígnios) nos leve à força para um lugar desconhecido,impensado e improvável.Embora seja difícil admitir no final das contas acaba sendo melhor,sensibiliza mais e brilha mais forte.

    O chefe de Daigo foi, em minha opinião, o melhor ator por simplesmente não ter atuado. Os japoneses são exatamente daquele jeito calmamente despreocupados, diretos ao ponto. A entrevista de emprego entre Daigo e seu chefe é a melhor do filme. ”Você tem como ficar por aqui muito tempo?”pergunta o dono da empresa.Daigo confuso responde:”Sim”O chefe: “Então o senhor está contratado!” Daigo: “Como?!?!?!”
    Só de pensar nas dinâmicas de grupo e entrevistas idiotas porque que tive que passar...

    Além das vicissitudes do destino, A partida, reflete também o fim de todos nós. Aquela certeza que todo ser vivo compartilha. O ritual de embalsamar o corpo dos mortos e prepará-los para a entrada em outra vida é uma forma de prender através de uma última lembrança a ausência daquele que se foi. Se o violoncelo é uma arte não exercida por Daigo o seu emprego faz às vezes do som triste que sai da crina de cavalo raspada em cordas de aço e como o substitui. Cuidar da última hora dos mortos é representar um Réquiem em forma de liturgia.

    Não posso dizer qual dos dois o Daigo músico ou o preparador de cadáveres mais me chamou a atenção.Tendo a ficar,neste caso, do lado da misteriosa força do destino.

    Fernando Moreira dos Santos
    Sessões

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