O Filho da Noiva
Nome Original: El Hijo de la Novia
Diretor: Juan José Campanella
Ano: 2001
País: Argentina
Elenco: Ricardo Darín, Héctor Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco e Natalia Verbeke.
Prêmios: Grande Prêmio do Júri e Melhor Filme Latino-Americano, no Festival de Montreal. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme de Lingua não inglesa.
O filho da noiva, comovente do começo ao fim, consegue ser a um só tempo um drama, uma tragédia, um melodrama, um auto e uma tragicomédia. Daí as reações de choro e riso homéricos, expectativa de que tudo dê certo na reconstrução da vida de Rafael com o medo de que saísse tudo errado, a curiosidade que morde a alma em saber quem diabos é ou foi Dick Watson enfim fica aquela sensação boa que dá à vida nossa,também problemática,algum sentido.
O diretor(Juan José Campanella ) que eu desconhecia até esse filme consegue assimilar as questões mundiais como a crise econômica argentina, o problema de excesso de trabalho em detrimento da vida pessoal e familiar, a vontade escapista de fugir de todo esse torvelinho de problemas cotidianos (contas a pagar, contas a receber,o fornecedor que não envia o vinho,o depósito não feito,os grupos de interesse querendo comprar o seu negócio,as quintas feiras com a filha,as exigências da ex-mulher,as necessidades da namorada atual,o amigo sincero de uma infância apagada,o pai com seu último desejo,a degeneração da memória da mãe e etc.etc.etc) dentro de um quadro narrativo inteligente,envolvente e,claro,sofisticado já que é argentino.
Alguns pontos mais do que outros me chamaram a atenção na película dos nossos parceiros preferenciais na América Latina. O primeiro diz respeito à cenografia, isto é, as acomodações, os cenários, a decoração...
O restaurante, a iluminação, as calçadas floridas, o plano de fundo do hospital, o background dos atores e mais uma enfiada de cenas que me fizeram atentar mais para essa lance de design de interiores ou o "money talks"possíveis apenas com o patrocinio da Coca cola e da Burger king que aparecem de forma escrachada no filme.Dá até vontade de um Triplo King pra comer no lugar da pipoca
O segundo diz respeito à qualidade do elenco que trabalha no filme. Só ator de grande envergadura. Cada qual no seu papel em nenhum momento de atuação deixa algo a desejar. Particularmente gostei do pai de Rafael quando ele numa espécie de monologo recria o ambiente em que sua mulher atendia os clientes com um jeito todo dela ou conversando com seu filho sobre o seu último desejo casar com sua esposa...
Outro grande figura do filme é o amigo de Rafael (Eduardo) que faz uma ótima atuação seja como ator coadjuvante, possível comborço e, sobretudo, como padre deixa no chão qualquer eclesiástico de que eu já tenha ouvido falar.O começo do texto é impagável:
"Primeiro Deus disse haja luz e a luz houve...."
Em resumo,o filme vale a pena é inteligente tem diversas sacadas engraçadas vai de Bill Clinton a professor Girafales de uma cena pra outra,tem um quê de rindo se conserta os costumes que sempre foi muito apetecido no Brasil não sem razões.
Viva Cinema Latino Americano.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Diretor: Juan José Campanella
Ano: 2001
País: Argentina
Elenco: Ricardo Darín, Héctor Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco e Natalia Verbeke.
Prêmios: Grande Prêmio do Júri e Melhor Filme Latino-Americano, no Festival de Montreal. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme de Lingua não inglesa.
O filho da noiva, comovente do começo ao fim, consegue ser a um só tempo um drama, uma tragédia, um melodrama, um auto e uma tragicomédia. Daí as reações de choro e riso homéricos, expectativa de que tudo dê certo na reconstrução da vida de Rafael com o medo de que saísse tudo errado, a curiosidade que morde a alma em saber quem diabos é ou foi Dick Watson enfim fica aquela sensação boa que dá à vida nossa,também problemática,algum sentido.
O diretor(Juan José Campanella ) que eu desconhecia até esse filme consegue assimilar as questões mundiais como a crise econômica argentina, o problema de excesso de trabalho em detrimento da vida pessoal e familiar, a vontade escapista de fugir de todo esse torvelinho de problemas cotidianos (contas a pagar, contas a receber,o fornecedor que não envia o vinho,o depósito não feito,os grupos de interesse querendo comprar o seu negócio,as quintas feiras com a filha,as exigências da ex-mulher,as necessidades da namorada atual,o amigo sincero de uma infância apagada,o pai com seu último desejo,a degeneração da memória da mãe e etc.etc.etc) dentro de um quadro narrativo inteligente,envolvente e,claro,sofisticado já que é argentino.
Alguns pontos mais do que outros me chamaram a atenção na película dos nossos parceiros preferenciais na América Latina. O primeiro diz respeito à cenografia, isto é, as acomodações, os cenários, a decoração...
O restaurante, a iluminação, as calçadas floridas, o plano de fundo do hospital, o background dos atores e mais uma enfiada de cenas que me fizeram atentar mais para essa lance de design de interiores ou o "money talks"possíveis apenas com o patrocinio da Coca cola e da Burger king que aparecem de forma escrachada no filme.Dá até vontade de um Triplo King pra comer no lugar da pipoca
O segundo diz respeito à qualidade do elenco que trabalha no filme. Só ator de grande envergadura. Cada qual no seu papel em nenhum momento de atuação deixa algo a desejar. Particularmente gostei do pai de Rafael quando ele numa espécie de monologo recria o ambiente em que sua mulher atendia os clientes com um jeito todo dela ou conversando com seu filho sobre o seu último desejo casar com sua esposa...
Outro grande figura do filme é o amigo de Rafael (Eduardo) que faz uma ótima atuação seja como ator coadjuvante, possível comborço e, sobretudo, como padre deixa no chão qualquer eclesiástico de que eu já tenha ouvido falar.O começo do texto é impagável:
"Primeiro Deus disse haja luz e a luz houve...."
Em resumo,o filme vale a pena é inteligente tem diversas sacadas engraçadas vai de Bill Clinton a professor Girafales de uma cena pra outra,tem um quê de rindo se conserta os costumes que sempre foi muito apetecido no Brasil não sem razões.
Viva Cinema Latino Americano.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
Ela está no filme. Existe uma sutileza brilhante que emociona os corações setentrionais. Ela se encontra em diferenças pequenas como entre as palavras ‘love’ e ‘amor’ ou ‘amore’. Além do floreio dos idiomas de origem latina, a identificação da nossa ‘emergência sócio-emocional’ surge em cada gesto, cada esbarrão, nas desilusões de sociedades com algumas familiaridades históricas.
ResponderExcluirO nosso ‘anti-herói’, filho da noiva, é um gorducho de origens italianas, vivendo na nossa vizinha Argentina. Como todo fabuloso dono de negócio, pequeno empresário, que não tem tanta vocação para a coisa, ele irá perder as estribeiras, perder uma mulher linda, os melhores momentos da filhinha fofa, os encantos de uma inevitavelmente mãe sincera, e além de tudo a saúde e talvez a esperança. O bonitão, contando com os conselhos de um velho amigo, solitário e poético, vai recuperar a mulher, realizar o maior sonho de sua mãe e voltar a ter uma vida maravilhosa cheia de paixão e sem seu antigo restaurante.
Nada lhe parece familiar? Não lhe sugere alguma coisa esta estória?
É, amigo, senhor leitor, O Filho da Noiva pode ser uma versão latina de algum ‘filme de superação’ de origens meridionais. Existe um problema, um protagonista vivendo uma vida de merda, personagens cativantes e um drama envolvido. Acrescentando um pouco de humor, uma boa direção e imagens belas você terá o protótipo perfeito para emocionar, no mínimo algumas centenas de pessoas.
Mas, o agradável, o interessante e o que confere qualidade a esta produção, é a belíssima forma como os atores transformam um drama horroroso em um filme leve e divertido. Claro que nós, brasileiros, vemos a coisa sob outra ótica, e a identificação é sempre maior.
Este vencedor de nossa enquete proporciona reflexões sobre a família, sobre o valor humano, sobre a vida. Se for pra escolher entre “O Caçador de Pipas” e este, fique com este.
Saudações!
“México?! Você está louco?”...
Mateus Moisés
Sessões
'O Filho da Noiva'. Por que demorei tanto a ver esse filme? Mesmo sendo um filme argentino, que me agrada bastante, ele não tem um nome de ser um filmezinho besta, aquelas comédias no estilo 'O Pai da Noiva'? Esse nome sempre me afastou em vê-lo. Caso você também já tenha passado por isso e já titubeou em vê-lo , esqueça o nome, invente outro (mesmo achando que depois de vê-lo é o melhor nome que se poderia dar)e veja.
ResponderExcluirA dobradinha Campanella e Darín - repetida no belo 'O Clube da Lua'(La Luna de Avellaneda), faz de uma história com o enredo de um belo tango , em um momento feliz. Amável. Terno. Sem ser melodramático, deixa um sentimento bom, com aquela sensação de: será que estou fazendo bem para eu mesmo e para os que me amam e estão ao meu redor? (tudo pra ser um mela cueca né? Acredite, não é.)Veja e me conte...
Se você está com a mãe doente, pai apaixonado, amigo(doidinho) de infância que reaparece, namorada exigente, filha decepcionada, Argentina em crise, restaurante ebolindo, críticas ácidas da ex e essa merda de celular não pára de tocar... Sabe o que deve ser feito?
Ir à merda! É pra lá que eu vou!
Vitor Stefano
Sesiónes
P.S.: Paulão, estamos todos do seu lado. Conte conosco! Abração!
O que temos na América Latina são bons atores bons personagens que carregam histórias simples (essenciais) e talvez por isso, tão cinematográficas.
ResponderExcluirQue coisa bonita olhar para aquela mãe com Alzheimer.
A expressão daquele velho com o seu mais nobre, bobo e último desejo.
Com a latinidade no sangue, até a crianças surpreendem com suas indagações, sua respiração, o seu jeito de criança menos europeizada, menos americanizada.
Confesso que já tinha visto o Filho da Noiva antes e não lembrava de nada (Risos). Mas ao revê-lo (ou enxergá-lo pela primeira vez) deparei-me com uma mensagem brega e piegas. E dentro de toda esta pieguice, questionei-me sobre a necessidade destas coisinhas (in)significantes necessárias sentirmos nossa existência. Para sentirmos a sensação ímpar de que fazemos algo com a vida que nos foi dada.
“O que mata é o excesso de vida sem uso.”
Leandro Antonio
Sessões
Na Argentina também existem boas coisas
ResponderExcluirNossa relação com os nossos vizinhos hermanos tem se mostrado ridiculamente antipática. Principalmente pelo incentivo de uma rivalidade futebolística, que se transferiu para qualquer forma de avaliação sobre as coisas do Brasil e Argentina – o membro sessoriano Fernando poderia discorrer mais sobre a birra diplomática que se estabeleceu, já que é um dedicado estudante de relações internacionais.
Virou mito afirmar que tudo que é argentino é ruim. Até as frente frias que mudam o nosso tempo ensolarado é culpa dos cabeludos. Parece que a única avaliação positiva em uníssono, se refere à beleza da mulher argentina. De resto, meu amigo, porcaria (de pronto!).
O que dizer então sobre a arte produzida naquele país. Geralmente, nem se leva em consideração. O senso comum dirá que ouviu falar de um tal tango, no máximo que há uma cantora de nome Mercedes Sosa. Cinema então, nem pensar.
Bobagem sustentar este preconceito bobo. Abaixo do trópico de capricórnio também se produzem belas obras. Prova disso é este filme maravilhoso, sensível e cativante: O Filho da Noiva.
Escolhido, com méritos, como o melhor filme latino americano em votação realizada por este relevante blog, esta produção argentina (sim, reconheçam!) apresenta cinema de ótima qualidade, simples, belo e emocionante.
O filme mostra a história de Rafael (Ricardo Darín – em ótima interpretação), que, mergulhado em problemas pessoais, como excesso de trabalho, divórcio e uma relação em crise com sua atual namorada, desencadeiam em insatisfação e a um ataque cardíaco.
A partir daí Rafael passa por um processo de transformação íntima. Reencontra um amigo de infância, Juan Carlos (Eduardo Blanco – que figuraça!), e vai então reconstruindo seus laços familiares numa sequência muito agradável de se acompanhar. O enredo mescla momentos de tensão, comédia e dramaticidade.
Méritos para a abordagem de um problema sério, que afeta a saúde de muitas pessoas na terceira idade: o mal de Alzheimer. O filme mostra a doença vivida pela mãe de Rafael, Norma (Norma Aleandro – que também está esplendida!) de uma maneira sutil e ao mesmo tempo profunda.
Mesmo doente e com uma memória já bastante escassa, Norma se apresenta como uma personagem forte e central no enredo. Após décadas de união, ainda provoca a paixão de seu marido, que quer, enfim, se casar.
Momento muito especial e tocante, para mim em particular, é a cena do casamento. A cerimônia não foi aprovada pela igreja católica, então o filho da noiva, Rafael (daí o nome do filme), monta uma “farsa do bem”, se assim podemos classificar.
Seu amigo de infância Juan, que é ator, finge ser o padre – muito engraçado, por sinal. Me emocionei quando Norma pergunta ao falso padre alguma coisa do tipo “você quer biscoitos?”. Por causa do Azheimer, ela nem sabia o que estava se passando, mas sua memória a remeteu ao tempo em que seu filho e seu amigo Juan brincavam juntos, portanto ela reconheceu o amigo.
Simples e tocante, O Filho da Noiva é sim um dos melhore filmes latino-americanos produzidos até então.
Carlos Nascimento
Sessôes