Califórnia


Nome Original: Califórnia
Ano: 2015
Diretor: Marina Person
 País: Brasil
Elenco: Clara Gallo, Caio Blat, Paulo Miklos, Caio Horowicz e Virginia Cavendish.
Prêmios: Melhor Ator Coajudvante (Caio Horowicz) no Festival Internacional do Rio de Janeiro, Melhor Ator (Caio Blat) no Festival SESC e Melhor Filme Brasileiro na Mostra Internacional de São Paulo.
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Estela quer a Califórnia da música de Lulu Santos. Acabar o colegial e partir. Morar com seu tio Carlos - seu herói – um quase adulto aos 30 e poucos anos, independente, vive de música e largou tudo para viver esse sonho. Um sonho para qualquer jovem. Ela almeja a liberdade do rígido pai, cabelo ao vento, surfistas, musica boa, praia. Mas um balde d’água gelado faz com que a esperada viagem seja prorrogada por conta da vinda do tio para o Brasil, cercado de dúvidas e perguntas do motivo do retorno. Mas Estela continua vivendo como uma jovem qualquer. Rebeldia moderada com os pais, conchavos e delações com as amigas e as paixões platônicas que surgem a cada dia. O que vou ouvir de novo hoje? Joy Division? David Bowie?  É, a vida parece tão complexa, mas são apenas jovens...

A ambientação é ponto altíssimo no filme. Locações, roupas, maquiagem, objetos foram devidamente escolhidos para nos levar à década perdida. As atuações dos veteranos são bem intensas e poderosas, mas o destaque vai para Caio Blat, fazendo o tio Carlos, numa personificação a la Cazuza onde vai emagrecendo muito para dar a veracidade e impacto. O elenco jovem é muito bom, alguns derrapam em estereótipos rasos, mas os atores principais (Clara Gallo e Caio Horowicz) são bem bons e tem grande potencial. O filme é uma beleza, mas ele só fica completo pelo uso fabuloso de uma trilha sonora escolhida a dedo. Só os melhores da década de 80 - nacional e internacional.

A estreia de Marina Person em ficção (ela dirigiu o excelente documentário “Person”, sobre o cineasta e pai Luís Sergio Person) é quase um espelho de sua juventude. Da sua e de quem viveu essa fase da vida nos anos 80 aqui no Brasil, cheia de incertezas na política, cheio de novas influências vindas do mundo e cheia das dúvidas que apenas os jovens sabem viver.  Fica difícil não compará-lo ao filme da diretora Laís Bodanzky – “As Melhores Coisas do Mundo”, onde retrata os jovens da atualidade de forma certeira. Marina faz de seu “Califórnia” esse retrato, porém de outra década. De forma leve e divertida, aborda todos os problemas da época e da era juvenil, sem deixar de lado assuntos duros e polêmicos como a AIDS, que ainda era tratada com muito preconceito e desconhecimento. Marina dá um tiro certo e com certeza o Luis Sergio estaria orgulhoso desse belo filme que sua cria fez.

Vitor Stefano
Sessões

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