Incêndios


Nome Original: Incendies
Ano: 2010
Diretor: Denis Villeneuve.
País: Canadá e França.
Elenco: Lubna Azabal, Mélissa Désormeaux-Poulin, Maxim Gaudette e Rémy Girard.
Prêmios: BSFC Award e Jutra de Melhor Filme de Língua Estrangeira, Audience Award do Festival Internacional de Rotterdam, Melhor Filme Canadense no Festival de Toronto, Melhor Filme e Roteiro no Festival de Valladolid e Grand Prix no Festival Internacional de Varsóvia.
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A globalização pode ser mais cruel do que política, mas em conjunto é a pior bomba da história. Períodos históricos mesclados com a vida de hoje, caminhando de forma linear rumo ao desfecho. Já vimos isso muitas vezes no cinema, mas as idas e vindas aqui não tem a intenção de confundir ou dar um ar cult ao filme, mas sim de nos contar a história de forma envolvente. A personagem principal morre logo no começo e a preparação de seu enterro já é chocante: nua de bruços, para ficar de costas para o mundo. Apenas uma vida muito sofrida pode gerar tal revolta. E só a política é capaz de gerar tudo isso. E só a religião é capaz de gerar tudo isso. E só tudo junto é capaz de criar esse mundo que vivemos.


Uma mãe próximo ao fim de sua vida revela um segredo: ela teve um filho que lhe foi roubado assim do seu nascimento. Vemos seu passado. Vemos sua vida no Oriente Médio desde a sua adolescência. Vemos seu amor morrer. Vemos seus filhos a caminho do Iraque. Vemos o que não devíamos ver. Vemos o que nenhum ser humano está preparado para ver. Vemos o que nenhum filho precisa ver (ou saber). A crueldade das relações políticas causam náuseas. Qualquer relação religiosa afrente do humanismo é nojento. A vida nesse planeta está cada vez pior. Não precisamos ver isso, apenas se acima de tudo vier o amor.

O filme é bárbaro em todos os aspectos, do roteiro às atuações, mas a montagem é o grande trunfo da película. Fica próximo do que ocorre com “Estômago”, onde passado e vida atual correm juntos para o derradeiro final, misturado com a amplitude de acontecimentos de “Babel” do Iñarritu. Mas é melhor que os dois. O roteiro é maravilhoso, com reviravoltas que revoltam. A cena do incêndio é impactante demais, dói até agora. “Incêndios” é devastador com seus personagens que nos deixa de queixo caído quando nos damos conta do que realmente aconteceu. Precisamos mesmo de um ar para repensar a vida e relembrar que é apenas um filme, e que mesmo que muitas daqueles acontecimentos foram reais, estamos diante de uma obra cinematográfica. Se fosse tudo real, o mundo já teria acabado. “Incêndios” apresentou Villeneuve para o mundo. Ganhamos um grande diretor, que pudemos ver no recente “Os Suspeitos”.

“Incêndios” está nos melhores filmes dos últimos anos.

Vitor Stefano
Sessões

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