Happy Feet


Nome Original: Happy Feet
Diretor: George Miller
Ano: 2006
País: Austrália e EUA
Elenco: Elijah Wood, Brittany Murphy e Hugh Jackman
Prêmios: Oscar e BAFTA de Melhor Filme de Animação, Globo de Ouro de Melhor Canção.
Happy Feet: O Pingüim (2006) on IMDb


Ser diferente numa sociedade tão rígida é um desafio para todos. O diferente tem que entender aonde está e os “normais” hão de compreender a diferença do outro. A deficiência não deveria ser um fator exclusivo. O bem comum só vem quando compreendemos que todo somos diferentes. Os estereótipos são criados por uma sociedade que vê na busca da perfeição um modelo de sentir-se parte dessa merda dita social. Eu não vivo por ser igual aos outros. Eu não quero ser como o meu vizinho. Eu não vou olhar as conquistas de outrem com inveja e meta. Eu quero ser eu mesmo, aonde estiver, como estiver e da forma que precisar.

O pequeno pingüim Mano mostra desde o nascimento que é diferente dos portentosos pingüins imperadores. Sua aparência já não é comum, mas quando ele vai tentar cantar, como todos seus “iguais”, a decepção é enorme. Todo pingüim deve ser afinado e ter uma música do coração para conquistar a sua amada. Mas o talento de Mano é outro: ele sapateia como ninguém. Como ninguém mesmo, o que era visto como uma grande deficiência. Seu pai é um espelho da comunidade dos imperadores, sempre o controlando para que ele fosse um pingüim comum. Sua mãe sempre defendendo e buscando ser compreensiva com a esquisitice. Gloria é a pingüim que ele quer impressionar mas sem cantar, nada feito. O sumiço dos peixes vem causando grandes problemas para os pingüins. Uma sociedade opressora com os catedráticos ranzinzas e julgamentos de valores. Lembra alguma que vocês conheçam? Mano terá que sair e buscar seu próprio rumo.



Com músicas, cantorias, lindas imagens, mergulhos impressionantes “Happy Feet” consegue prender pela trilha e pela qualidade da animação gráfica. O filme ganha força quando Mano encontra uma sociedade de outra raça de pingüins que não cantam, não é controlada e querem mesmo é curtir a vida, apesar dos problemas. Mano se sente realmente em casa por poder dançar e ser admirado por isso. Com um sotaque chicano, esses pingüins sofrem como os anteriores mas são destemidos, crêem na palavra dos outros. Apesar da veia cômica, há também o drama de Mano estar longe de casa, sem os pais e sem seu grande amor, Gloria. Mas Mano sabe que os Ets (seres humanos) estão por algum lugar causando todo mal e ele vai descobrir e salvar todos os pingüins do mundo.

Quem dera um pingüim dançarino pudesse comover todo o mundo em torno do problema com a poluição e pesca descoordenada. Quem dera um simples passo inusitado fosse responsável por mudarmos a consciência acerca de algum problema realmente sério. Em época de consumo de informações instantâneas, os 15 minutos do pequeno pingüim o levariam a alguns milhares de visitas no Youtube, aparição em alguns jornais televisivos e, caso fosse um sucesso muito expressivo, poderia virar mascote de alguma ONG sem vergonha que só come animais criados em cativeiro,que só comem verduras com sabor de agrotóxico e que lutam para poder fumar seu baseado sem ser importunada pelas autoridades. Um ‘pé feliz’ não conseguiria fazer nada disso. Conservação dos mares, problemas que uma sociedade opressora causa e aquela alfinetada na América em contrapartida da felicidade dos latinos são as grandes mensagens que o filme passa mas que são apagadas por conta de um final tão utópico. Isso faz de “Happy Feet” um filme para crianças inocentes e que não entendem o que dizem, apenas ficam encantados com uma ave dançarina e as imagens lindas que essas animações podem proporcionar. Um animal na jaula que não sabe o que realmente acontece na vida real, e quem criou esse filme ouviu muitos contos de fadas quando era criança.


Vitor Stefano
Sessões

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