Na Natureza Selvagem




Nome Original: Into The Wild.
Diretor: Sean Penn.
Ano: 2007.
País: Estados Unidos.
Elenco: Emile Hirsh, Marcia Gay Harden, Willian Hurt, Jena Malone, Vince Vaughn, Kristen Stewart.
Prêmios: 10 prêmios, entre eles: Globo de Ouro 2008 - Melhor Musica Original - Guaranteed de Eddie Vedder; Mostra Internacional de Cinema São Paulo 2007 - Melhor Filme de língua estrangeira - Prêmio da Audiência; e Palm Springs 2008 - Sean Penn - Melhor Diretor do Ano.
Na natureza selvagem (2007) on IMDb

“Sociedade, sua coisa maluca!
Espero que não esteja solitária sem mim...”

Christopher McCandless é Emile Hirsch é Alexander Supertramp!

Relógio, piscina, dinheiro, celular, carro. Coisas, coisas. Apenas coisas.

Para longe do materialismo, das relações sociais hipócritas e das obrigações impostas pela sociedade.
Para a profunda natureza, selvagem, magnânima em sua singela crueldade.

Para onde fora Chris? A atitude que tomou ao deixar tudo e partir em busca de aventuras e liberdade seria uma afirmação de idéias conscientes e seguras ou simplesmente uma tentativa rebelde de se afastar das contradições e obrigações da sociedade norte-americana?

Na Natureza Selvagem é um filme que mostra de forma gloriosa a história real de um jovem determinado a alcançar objetivos pouco comuns aos jovens de seu tempo e classe social.

Chris tinha um espírito livre, uma identidade grandiosa, era um gênio das ciências humanas e um esportista formidável. Buscava a essência das coisas, a leveza e a crueldade da vida. Tinha a magia da juventude na alma, no espírito e no olhar, e com determinação e disposição resolveu combater com suas próprias mãos a força negativa, ignorante e medrosa da sociedade que matinha ele, sua família e todos os outros sob a pena de seguir padrões, normas e regras as quais ele julgava rigorosamente como incompreensíveis e inadequadas.

O que seriamos sem conta bancária, sapatos, faculdade, aparências?
Ele quebrara todos os cartões, jogara todas as ‘coisas’ fora, ele estava no limiar, no seu momento. Já tinha cumprido sua tarefa para com a sociedade, já tinha sido o bom menino, agora partira em busca de seu interior verdadeiro, em busca de sua natureza.

Chris tinha rancor, tinha o amargor de viver num mundo materialista, um mundo que nega o corpo, que nega a essência das coisas, elevando, super estimando o valor do dinheiro, das posses.

Ele queria Ser. Vivera tantos anos no mundo do Ter que ficou indignado absurdamente a ponto de se tornar um extremista, e como todo extremista tinha ideais utópicos, sonhos impossíveis para si e para todos.

Partiu!

Canções de liberdade, imagens de liberdade. A beleza cinematográfica do filme sugere uma realidade que pode ser apreciada agora. Agora! Não depois...



Não é uma crítica à sociedade, mas sim uma crítica digna de respeito ao comportamento humano e à nossa história. A forma romântica como foi tratada a história não tira a grandeza da mensagem que o filme carrega, é como se algo dentro de cada imagem, cada palavra, cada nota de cada canção gritasse: ‘Pare, observe o que você anda fazendo, o que você é. Você acha que é feliz? Acha que faz as outras pessoas felizes? Olhe esta liberdade, olhe o que pode ser e não é. Será que estamos caminhando para o lugar certo? Será que estamos caminhando? Será que devemos caminhar?’.

Uma adaptação segura e sagaz do livro homônimo de Jon Krakauer, escrito em 1996, com atuações despretensiosas e cativantes, mas com um teor ideológico gigantesco calcado em valores que de certa forma são ingênuos, mas sinceros.

“Tais são os caminhos do mundo,
Você nunca sabe
Onde colocar sua fé
E como ela vai crescer...”.

Em busca de algumas verdades irrecusáveis, em busca de outras sensações, outros mundos, outras idéias.

Quanta coisa nos passa despercebida? Até quando deixaremos a vida passar por nós? Até quando nossos modelos e sonhos ficarão apenas nas mentes e nos papéis?
É o princípio, a magia, a juventude, o sangue nas veias e a imaturidade. Nos remete a uma saudade e uma ausência que são quebradas de forma corajosa e grandiosa.
Para aqueles que acreditam, aqueles que são, aqueles que sabem, que resistem, cada qual a sua maneira.

“Se amanhã esse chão que eu beijei for meu leito e perdão,
Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão!”.

Esta é a sina de todos os românticos e guerreiros da liberdade, morrer pela causa, morrer pela esperança. Desta maneira, antiquada, inadequada e reta. Que sua loucura e sua insensatez sejam perdoadas, Alexander Supertramp.

Mateus Moisés
Sessões

Comentários

  1. pude assistir esse filme no cinema e posso dizer que é incrível. roteiro, direção, atuações. mas o que mais me impressiona, tirando o romantismo citado, é que tudo é baseado numa história real.

    não sei se o filme passa a verdadeira dimensão do que o chris fez. porque o chris já estava morto quando livro e filme foram produzidos. ou seja, recaem sobre a história as impressões e visões de quem conheceu o chris, mas não há fatos puros. se repararmos, a história é contada no filme pela irmã dele. talvez a opinião dela sobre os fatos esteja impressa ali.

    o mais admirável no chris é o desapego. não só do material, mas do sentimento. nos acostumamos a achar que amor requer presença e nos tornamos seres muito dependentes. ele era livre por completo. quisera eu não ser covarde e fazer como ele.

    me ficou gravada na memória a frase final que, não lembro exatamente as palavras, mas dizia algo assim: "a felicidade só é completa quando compartilhada". isso chris não viu acontecer, mas o filme traz à tona.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Mateus!
    Lindo o texto para um belo filme.
    Na Natureza Selvagem. A história é uma mistura de busca pela liberdade, busca pelo ‘novo’, voltar a ser como o antepassado. A fuga da realidade que vive.
    Chris vira Alex. Lar vira ônibus mágico. Vida acadêmica vira vida na estrada. Direito em Harvard vira chegar ao Alasca. Vivia (e todos vivemos) em um nicho, muito mais selvagem que qualquer natureza de uma floresta tropical
    Abandonar tudo, fugir em busca da felicidade, do justo, de uma nova vida. Foi isso que Chistopher Johnson MacCandless fez o que muitos jovens rebeldes gostariam de fazer. Sair por ai. Sem rumo. Sem direção. Criticando o mundo capitalista em que vivemos, o egoísmo das pessoas, a maldade do ser humano.
    Largou tudo. Pais conturbados e sua melhor amiga, sua irmã Carine. Larga o dinheiro, queima-o, rejeita um novo carro, abandona a possível brilhante futura carreira em Harvard. Abriu mão.
    Fugiu, foi seu nascimento. E assim o brilhante (em minha opinião um dos melhores atores em atividade) Sean Penn dá andamento ao filme em capítulos e idas e vindas na incrível história real vivida e contada através do livro de Jon Krakauer. (As idas e vindas lembram, em menor escala, outro projeto em que Sean Penn esteve envolvido, 21 Gramas do também ótimo Iñarritu).
    Linda fotografia em belas locações. Ótimas surpresas como a direção de Penn e a atuação de Emile Hirsch, jovem e bonito ator americano de apenas 23 anos surpreende em seu primeiro filme como protagonista. Sua dedicação ao personagem fica clara em seu visual. Também uma menção à participação do ator Vince Vaughn, que estamos acostumados a ver em filmes de comédia junta essa nova trupe de comediantes americanos, como Jack Black, Luke Wilson, Ben Stiler, entre outros, em um papel que provavelmente tenha sido um marco para uma mudança de trilho na sua carreira.
    O filme tem outro grande ponto alto. A trilha sonora feita pelo líder do Pearl Jam, Eddie Vedder. Musicas incríveis e condizentes com cada momento do filme, sempre fazendo menção ao modo como os grunges do Pearl Jam sempre fez música, com muito engajamento político e ajuda humanitária, sem ser marketeiro, como é, por exemplo, o U2. Em minha opinião Society é o destaque, mas vale a pena ouvir por completo as 11 faixas do CD.
    A história é muito bonita. Alex consegue em partes atingir seu objetivo, ele sai, e se liberta, consegue passar sua mensagem de que não precisamos de muito mais do que de água e alguns frutos silvestres para sobreviver. Mas o modo como vai se transformando ao longo dos dias de ‘Super-andarilho’ o faz perder sentimentos básicos de seres humanos. Ele se torna um Animal, vivendo na Natureza Selvagem. E não numa natureza comum, em sua própria natureza. Abandonou a sociedade, que ficou mais solitária.
    ‘Society, you're a crazy breed.
    I hope you're not lonely, without me.’

    Vitor Stefano
    Sessões

    ResponderExcluir
  3. Mudar de nome! Nascer de novo! Estar livre!
    Frases estas que foram síntese da obsessão de Chris ou Alex, como queiram. O Chris bem nascido, ou como disse a personagem riponga-mãe “cara de que foi uma criança muito amada”.

    Como não tenho a dita segurança material e/ou a insatisfação de Chris as frases que sintetizam a minha reação diante de Into the Wild poderiam ser:
    Mudar de nome? Nascer de novo? Estar livre?

    Contudo, esse filme fez-me refletir.
    Refleti sobre o que manifesta em mim o desejo de liberdade, de libertação.
    Refleti sobre qual é o meu desejo de liberdade e, se este desejo de liberdade não é baseado nas poucas concepções que tenho e nos muitos estímulos que recebo.
    Refleti o quanto vale um carro ou um diploma. Aliás, não devo esquecer o diploma!
    Refleti o que é ser irmão, o que é ser pai, o que é ser querido por alguém.
    Refleti o que é negar a condição de ser humano.

    Refleti tanto, que cheguei às mutáveis conclusões de que não posso comer um alce sozinho e de que no caminho para o Alasca, eu deveria estar muito atento às situações para sentir que a plenitude, tão desejada, quiçá estivesse mais perto.

    Belo comentário, Mateus!

    Leandro Antonio
    Sessões

    ResponderExcluir
  4. O Jovem Ermitão

    Into the Wild, título em portugês “Na natureza selvagem”, que poderia ser “O jovem ermitão”, apresenta a história, baseada em fatos reais, de um rapaz de classe média-alta que ao terminar seus estudos passa a questionar seu futuro como membro de uma sociedade hipócrita, consumista e vazia. A partir daí, decide não ter mais nada – família, bens, relações etc... Em sua saga na busca de uma vida solitária e sem apegos, Alexandre Supertramp, codinome adotado pelo personagem, vive algumas “aventuras” e desencontros propositais com pessoas que poderiam ser importantes para sua vida amargurada.
    A história é contada em uma linha de tempo que mistura fatos do passado e do presente, o que pode causa certa confusão no entendimento do enredo. Este observação, no entanto, não tira o mérito da boa direção de Sean Penn, ator consagrado que encarou de maneira bem sucedida esta nova empreitada. Ele e a trilha sonora (rock and roll) assinada por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, são os grandes atrativos do filme.
    Numa avaliação mais profunda, talvez o grande mérito da fita seja a provocação da discussão sobre o porquê de Supertamp optar por fazer o que fez. Há quem diga que ele tenha tido uma motivação ideológica e intencional. Eu pessoalmente entendo que o protagonista era um sujeito perturbado. Sempre se mostrou ter problemas emocionais e já criança oportunamente saia vagando pela madrugada sem motivos aparentes. As mazelas familiares dão o reforço ao ímpeto “libertário” do personagem e servem como lenha para sua necessidade de abandono voluntário.
    O enredo é fraco e o filme é longo e cansativo. Nada de mais acontece. Nenhuma grande questão é levantada. A história de um playboy que decide viver e morrer no Alaska não representa nada pra mim. Nota 6.

    Carlos Nascimento
    Sessões

    ResponderExcluir
  5. Society

    Oh it's a mystery to me.We have a greed, with which we have agreed...
    and you think you have to want more than you need...
    until you have it all, you won't be free.

    Society, you're a crazy breed.
    I hope you're not lonely, without me.

    When you want more than you have, you think you need...
    and when you think more then you want, your thoughts begin to bleed.
    I think I need to find a bigger place...
    cause when you have more than you think, you need more space.

    Society, you're a crazy breed.
    I hope you're not lonely, without me.
    Society, crazy indeed...I hope you're not lonely, without me.

    There's those thinkin' more or less, less is more,but if less is more, how you keepin' score?
    It means for every point you make, your level drops.
    Kinda like you're startin' from the top...and you can't do that.

    Society, you're a crazy breed.
    I hope you're not lonely, without me.
    Society, crazy indeed...I hope you're not lonely, without me
    Society, have mercy on me.
    I hope you're not angry, if I disagree.
    Society, crazy indeed.I hope you're not lonely...without me.

    Society foi escrita por Jerry Hannan um compositor americo-irlandês de canções folk.
    Como tal tem toda a sonoridade de uma música para ser cantada em torno de uma fogueira longe de qualquer tipo de interrupção"civilizada".

    Contudo,o que nos interessa aqui não é a voz fina de Jerry Hannan,que lembra,álias,Neil Yong e Bob Dylan,mas sim a voz rouca e áspera de Eddie Vedder que deu vida às músicas do filme.

    A canção se inicia com um sussuro que apenas acompanha o som do violão de cordas de nylon que marca as batidas simples e pausadas.

    Daí,a letra se inicia com uma crítica indireta,quase velada, a um tipo de sociedade que também não se sabe ao certo qual seja,mas que tacitamente se aceita.

    "Oh it's a mystery to me.
    We have a greed, with which we have agreed..."

    A aceitação sigilosa deste tipo de sociedade dá origem a valores nela imbutidos dos quais se passa a também compartilhar.Liberdade,posses e necessidades dão o mote de como se forja os desejos dentro das pessoas e vedder canta:


    "and you think you have to want
    more than you need
    until you have it all, you won't be free."

    O refrão tem um gosto de amargura e saudosismo entusiamado e se dirige á uma sociedade que por ser tão sem nexo acaba de certa forma deixando no ar a dúvida se ela irá ou não sentir falta de alguém que prefiriu deixa-lá.

    "Society, you're a crazy breed.
    I hope you're not lonely, without me."

    Na segunda estrofe a rima se une a crítica para destruir toda a lógica de funcionamento do sistema que se busca evitar.Em um plano superior há aqui uma certa mancha de alienação que se tenta acusar com a arte e a conscientização.É como se passassês,de uma hora para outra,a querer possuir mais do que já temos e deixassêmos de pensar em troca da possibilidade de se possuir algo.Corolário,fácil pode ser inferido:O espaço escasseia;haverá a necessidade de proteger o que se têm;construir-se-á cercas para prender a liberdade dos outros;Sabe-se lá o que a inveja pode fazer.

    "When you want more than you have,
    you think you need...
    and when you think more then you want,
    your thoughts begin to bleed.
    I think I need to find a bigger place... cause when you have more than you think, you need more space"


    A terceira estrofe diz respeito a noção de "jogo de soma zero" aplicada à dinâmica social na qual os interesses pessoais só podem ser satisfeitos na não-satisfação dos interesses alheios.Algo próximo da teoria machadiana do "Ao vencedor as batatas".Vedder está tentando explicar aqui que há alguns que raciocinam em termos de mais ou menos e menos ou mais.Ocorre que se menos é mais como se mantem a vantegem?É como se a cada ponto feito o pontuação,ao invés de aumentar, diminuísse;Como quando se começa do alto sendo impossível subir mais.Pobre daqueles que pensam que podem fazer isso,feliz daqueles que conseguem entender que isso é completamente desnecessário e fogem á procura de uma outra forma de relacionamento.

    "There's those thinkin' more or less, less is more,
    but if less is more, how you keepin' score?
    It means for every point you make, your level drops.
    Kinda like you're startin' from the top...
    and you can't do that."
    Por fim,temos a sensação de que a decisão de abandonar a sociedade traz um quê de tristeza por ela não ser como se queria que fosse.Uma melancolia no sentido de que apesar de tudo(louca,avarenta,egoísta,falsa,calculista e etc) era a sociedade da qual se fez parte.Talvez isso traga um ensinamento,qual seja:Não há nada tão ruim a ponto de não deixar nada de bom.

    No ceiling

    Vem a manhã
    Quando eu posso sentir
    Que não há nadamais que se esconder
    movendo me numa cenana surreal

    Não, meu coração nunca, nunca estará longe daqui
    Certo como estou respirando
    Certo como estou triste
    Manterei essa sabedoria na minha carne
    Saio daqui acreditando em mais do que antes
    E há uma razão pela qual, uma razão pela qual estarei de volta
    Enquanto caminho o hemisfério
    Tenho vontade de subir e desaparecer
    Já fui ferido, já fui curado
    E para descarregar já fui, já fui autorizado

    Certo como estou respirando
    Certo como estou triste
    Manterei essa sabedoria na minha carne
    Saio daqui acreditando em mais do que antes
    Esse amor não tem teto

    Banjos dão o toque ritmico desta música;um slide é cuidadosamente usado para passar a sensação de que se corre o universo;a manhã chega e percebe-se que ela não esconde sua surrealidade o gosto do vento,o som da voz da natureza,a míriade de cores que se mostra, o sabor do adescoberto,o cheiro do tempo,enfim tudo,tudo fica cravado na pele em forma de conhecimento.
    Música simples com refrão forte e dançante,a pulsação da vida no seio da mãe natureza.

    Hard Sun

    When I walk beside her
    I am the better man
    When I look to leave her
    I always stagger back again
    Once I built an ivory tower
    So I could worship from above
    When I climb down to be set free
    She took me in again

    There's a bigA big hard sun
    Beating on the big people
    In the big hard world

    When she comes to greet me
    She is mercy at my feet
    I see her inner charm
    She just throws it back at me
    Once I dug an early grave
    To find a better land
    She just smiled and laughed at me
    And took her rules back again

    There's a bigA big hard sun
    Beating on the big people
    In the big hard world

    When I go to cross that river
    She is comfort by my side
    When I try to understand
    She just opens up her hands

    There's a bigA big hard sun
    Beating on the big people
    In the big hard world

    Once I stood to lose her
    And I saw what I had done
    Bowed down and threw away the hours
    Of her garden and her sun
    So I tried to want her
    I turned to see her weep
    40 days and 40 nights
    And it's still coming down on me

    There's a bigA big hard sun
    Beating on the big people
    In the big hard world

    Música com batidas marcantes,dois violões e uma guitarra dão o toque de cordas abertas,notas,quiça,em sol.

    Há diversos elementos a serem considerados na apreciação desta música.Vamos a eles:

    Pela narrativa há um homem,uma mulher, o sol e a imensidão.Penso,que o fato de haverem dois personagens nesta letra serve de pretexto para mostrar a natureza que cobre a vida de todos nós em forma de sol .

    Os dois estão sozinhos no mundo,o homem sempre vacila e acaba reconsiderando sempre sua decisão.Aqui o homem é um idealista que constroe torres de marfim para adorar de cima e volta a pisar em algo sólido ante a mulher que lhe prende a este mundo.O homem apaixonado pela mulher hesita em deixa-lá pelo seu charme,seu jeito,seu riso e sorriso,sua solidariedade,sua companhia.

    A música tem a capacidade de exprir em sons a sensorialidade da natureza. O refrão passa a idéia de que há um sol que coroa o céu e que este,por sua vez,cobre a todos indistintamente,sejamos bons ou maus,negros ou brancos,religiosos ou não,ocidentais ou asiáticos

    "Há um grande....Um grande sol forte,batendo nas grandes pessoas em um grande mundo díficil"

    A música ganha energia com a microfonia da guitarra tocada com palhetadas fortes e rápidas,o aumento do ritimo dado pela batida que a partir do terceiro minuto fica constantemente em uma batida por segundo.O grito de Vedder no interlúdio leva a alma para o fim do universo,para cima dos montes mais altos,para o extremo mais frio e mais quente enfim para a imensidão.Idéia esta que também é reforçada pela repetição da palavra "big" no refrão.

    Rise

    Such is the way of the world
    You can never know
    Just where to put all your faith
    And how will it grow

    Gonna rise up
    Bringing back holes and dark memories
    Gonna rise up
    Turning mistakes into gold

    Such is the passage of time
    Too fast to fold
    And suddenly swallowed by signs
    Low and behold
    Gonna rise up
    Find my direction magnetically
    Gonna rise upThrow down my haste in the road

    Música introspectiva e filosófica.As cordas soltam notas que buscam o som da voz.
    De novo aqui há uma preocupação com o mundo mas aqui diferente de Society,por exemplo,não há uma critica e sim uma dúvida para qual direção estamos caminhando se é que estamos caminhando.
    Co efeito,se observamos com cuidado não há muitos lugares nos quais podemos depositar a nossa fé e deixa-la lá para que cresça e aumente,pelo contrário,é aconselhável,em tempos modernos,não ter muita fé e já que se tem pouca é mais seguro,pois,não há nada que sobeje a ponto de ser necessário guardar.
    A perfunctoriedade das coisas é produto da passagem do tempo que rápido,imperceptivelmente,some,desaparece engolido pela voracidade de acontecimentos imbecis.
    Rise,em sentido latu,me lembra grandes temas da filosofia contemporânea, um "estar-se no mundo","um vazio nilista" que dê forma ou deforme o que se tem, já que isso é pouco demais.

    Long nights

    Have no fear
    For when I'm alone
    I'll be better off than I was before
    I've got this light
    I'll be around to grow
    Who I was beforeI cannot recall

    Long nights allow me to feel...
    I'm falling...I am falling
    The lights go out
    Let me feelI'm fallingI am falling safely to the ground

    Ah...I'll take this soul that's inside me now
    Like a brand new friend
    I'll forever know
    I've got this lightAnd the will to show
    I will always be better than before

    Long nights allow me to feel...
    I'm falling...I am falling
    The lights go out
    Let me feelI'm fallingI am falling safely to the ground
    Ah...


    Música que serve de ótimo contraponto à Hard Sun.Todos os possíveis antagonismos cabem na comparação destas duas músicas.Hard sun é alegre;Long Nights é de cortar os pulsos;Hard Sun é movimentada;Long Nights é lenta;Hard Sun exprime luz e sol;Long Nights comtempla a noite e as estrelas;Hard Sun tem dois "personagens";Long nights se tiver um é muito;Hard Sun tem uma pitada de romance;Long nights é solitária.
    O Bom de realizar um estudo deste é notar que um CD apresenta um período de espírito de quem produziu,uma temática,uma motivação.E o mais importante no caso é que quer olhemos para um lado ou para outro não há que se falar em bom ou mal;gosto ou não gosto;e sim depreender da obra como um todo como as partes se relacionam com se contrapõem e como se compõem.

    A música é dedilhada do começo ao fim e cria a atmosfera fria de uma noite escura,com poucas estrelas e uma sensação de vacuidade como se fosse possível ficar flutuando pot todo o sempre.A voz de Vedder aqui beira o abismo,calma,quase um balbucio,só ganhando força no refrão.
    Comentemos um pouco a letra:

    Dá perspectiva do Alexander Supertramp essa música talvez diga respeito aos receios do protagonista.Solidão,medo,esperança dão a tônica da primeira estrofe:

    "Have no fear
    For when I'm alone
    I'll be better off than I was before"

    A idéia de que alguma coisa pessoal já ficou esquecida no passado de modo a não lhe ser dado recordar e uma luz,talvez uma farpa luminosa,cresça e ilumine o destino que escolheu para si.

    "I've got this light
    I'll be around to grow
    Who I was before
    I cannot recall"

    Todo o peso do que Supertramp carrega na alma é atirado à noite.Que ela permita que ele paire sobre caindo suavemente no nada acolchoado da inconsciência.

    Long nights allow me to feel...
    I'm falling...I am falling
    The lights go out
    Let me feel
    I'm fallingI am falling safely to the groundAh...

    A Alma como um amigo que acompanha e que se conhece deste sempre, a vontade de mostrar a luz que carrega dentro de si e a reiteração de se acreditar sempre melhor do que antes,cria uma insegurança em supertramp,talvez pela necessidade de se segurar em outra coisa mais que não somente na sua escolha radical de ter largado tudo para ir viver segundo a sua natureza humana então Supertramp se solta e se lança na longa noite.

    Far Behind

    Take leave in conscious mind
    Found myself to be so inclined
    Why sleep in discontent...
    Oh, the price of companionship

    My shadow runs with me
    Underneath the big white sun
    My shadow comes with me as we leave it all
    We leave it all far behind

    On empty pocket's wealth
    Love will create a sense of wealth
    Why contain yourself like any other book on a shelf

    My shadow lays with me
    Underneath the big white sun
    My shadow stays with me as we leave it all
    We leave it all far behind

    Subtle voices in the wind,And the truth they're telling
    The world begins where the road ends
    Watch me leave it all behindFar behind...

    Tem um Gritinho de cowboy no comecinho.

    Música com boas metáforas:
    A riqueza dos bolsos vazios;
    A verdade das vozes sultis do vento;
    O mundo começa onde a estrada termina;
    Ah,o preço pra se ter companhia!,
    Eu e minha sombra sob um grande sol branco deixamos isso tudo pra trás,bem pra trás.
    Tem um Gritinho de cowboy no comecinho.

    Setting forth

    Ser, sem preocupação
    Ponto sem retorno
    Ir pra frente e pra trás
    Disso vou me lembrar
    Toda vez que eu cair

    Vou continuar me expressando no universo
    Vou continuar me expressando no universo
    Aqui fora, realinhado
    Um planeta fora de vista
    Na natureza, bêbado e chapado
    Continue...Continue...

    Aqui a tradução é tudo.

    Guarenteed

    Música premiada com uma surpresa dentro.É que ela não termina quando acaba,isto é,continua com gemidos lá pelos cinco minutos.

    Resume tudo o que já foi dito,dizendo de forma diversa o mesmo tema.
    Alex conhecia todas as leis mas as leis não conheciam alex.Talvez conheceu antes de morrer pelo menos as da Natureza .

    Fernando Moreira
    Sessões

    ResponderExcluir
  6. Que coincidência! Postamos sobre o mesmo filme, no mesmo dia:

    http://mulherverde.blogspot.com/2008/11/na-natureza-selvagem-o-filme.html

    Abraços!

    ResponderExcluir
  7. Esse filme mudou meu modo de pensar sobre a vida. Nos passa uma mensagem muito boa de como devemos encarar a vida, não querendo dizer que devemos sair e fazer como ele fez (mas ja deu vontade), mas repensar sobre muitos dos nossos costumes e ideáis. Ja assisti varias vezes, e não me canso de assistir. Sempre descubro uma coisa nova.

    A Atuação dos atores, as músicas são incríveis. É interessante que todas as músicas são da mesma pessoa, do mesmo album. Nunca tinha visto um filme com trilha sonora de um mesmo compositor. Eddie Vedder! Esse ja entrou na lista dos meus melhores cds. Todas as letras das músicas nos passam uma mensagem muito boa. E se identificam bastante com cada parte do filme em que são colocadas. Aquela música do começo, a melodia tocada no violão, ja mostra o quão incrível é o filme. Fascinante.

    "O importante não é ser forte, mas sentir-se forte" (alguma coisa parecida, na parte em que ele esta tomando banho no mar)


    Muito interessante esse blog. Adoro filmes, e vou sempre ta acompahando.

    Abraço a todos.

    ResponderExcluir
  8. Ótima crítica! Acredito que você, como eu, ficou mexido pelo conteúdo do filme. Eu, pelo menos, fiquei angustiada de rever toda a minha história e comecei a achar minha vida medíocre! rs Parabéns pelas palavras, foram emocionadas como o roteiro, excelente!

    ResponderExcluir
  9. Esse filme é maravilhoso! corri atras e estou lendo o livro sobre a história! eu queria ter a coragem que ele teve.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas