Eu Não Sou Seu Negro

 

Através de um ensaio inacabado de James Baldwin sobre sua relação com as inacabadas vidas de Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr visitamos a partir dos anos 50 até os dias atuais a história dos diversos movimentos negros nos EUA pela igualdade, direitos civis, fim do racismo e refletindo sobre a história do país e de suas lutas. Em seus relatos lidos ou nas excelentes participações em debates e programas de tv, o escritor expressa com sua hipnótica capacidade expressiva sua ideia sobre a luta negra, pondera suas vertentes em certo ponto dissonantes e seus líderes em uma reflexão tão atual que chega a ser pessimista a alguém que não se permite sê-lo. Baldwin é um gigante que faz refletir de forma estrutural no legado de 400 anos de um país que se auto intitula terra da liberdade. Esquecem de colocar o complemento de que a liberdade é para os brancos. 

Em cenas de arquivo somos forçados a enxergar toda a cultura ocidental através de ídolos, do cinema, da música e dos representantes políticos são excludentes e racistas em seu âmago. Somos todos iguais, carne e sangue. Mas negar a estruturante exclusão é ignorar a realidade. Talvez pior que o próprio racismo é a ponderação passiva de que existe mas pouco pode fazer. Para mudar uma verdade é preciso lutar. Como diz um trecho: lutar a vida toda pela liberdade é uma necessidade mas que para brancos será uma longa vida e encarado como esforço e para um negro não conseguirá sobreviver até ter uma vida longa.

Igualdade não é apenas direito, é dever. E ignorar o legado, a maldade, o desprezo, a opressão, a escravidão é ser apenas um observador de mortes. Como diz Ângela Davis: não basta não ser racista, é preciso ser anti racista. 

Um documentário impactante e necessário. Infelizmente tão atual. Veja e pense. Por você. Por Malcolm, Medgar e Martin. Por Baldwin em seu centenário.

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