Deus e o Diabo na Terra do Sol

 


O sertão ainda não virou mar. O mar ainda não virou sertão. Manuel vive pelo prato de comida, pela própria sobrevivência. Ele e Rosa sobrevivem em meio a desesperança e desalento. A pobreza extrema desalma qualquer beato. Mas o ferro fura a carne e mata. E destrói. Mas contra o opressor. A partir daí só resta Manoel achar respostas, fugir, achar a terra prometida. Ou o mar, o sonho do sertanista.

E é com Sebastião que ele tenta a todo custo crer em um milagre. No ouro caindo dos céus. Da fartura surgindo da terra seca. Crer em um fundamentalista pode ser a última saída. Mas ainda assim… o Estado e Igreja fundidos não deixariam isso ocorrer. Antônio das Mortes em seu sobretudo elegante e ousado parece mais um personagem dos westerns gringos. E talvez seja apenas mais um elemento da angústia e desespero ao qual o povo pobre e oprimido vive. A morte, indesejadas das gentes talvez não seja um mal caminho.

Mas Manuel continua sua jornada já que na fé, em Deus, não vê saída. O diabo parece mais forte ou a única saída. E Corisco embebido em ódio pela morte de Lampião e Maria Bonita vem pra rodopiar a terra seca que sobe. Que embebeda. Que dói. Corisco é a resistência que não pode ser proliferada. Que não pode ser sobreviver. Antônio das Mortes continua a ser o fiel da balança. 

A morte continua assolando o povo brasileiro. O silêncio também. O nordestino continua sendo a resistência mesmo continuando a ser ofendido, dizimado, sofrendo. O sertão ainda está no mesmo lugar. Que bom que Glauber o colocou no mapa do mundo. Mesmo que agora, quase 60 anos depois, o Brasil continue sendo comandado por Antônios da Morte.

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