O Poderoso Chefão
Nome Original: The Godfather.
Diretor: Francis Ford Coppola.
Ano: 1972.
País: Estados Unidos.
Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton.
Prêmios: 22 prêmios, entre eles: Oscar 1973 - Melhor Filme, Melhor Ator - Marlon Brando e Roteiro Adaptado; Globo de Ouro 1973 - MElhor Filme de Drama, Cineasta, Ator - Marlon Brando, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado; BAFTA 1973 - Melhor Música de Filme - Nino Rota; Prêmio David di Donatello - Melhor Filme Estrangeiro; e Grammy 1973 - Melhor Trilha Sonora para Cinema ou Especial de TV.
Como pode um filme com tantas mortes e um tema tão complicado virar um clássico.
No caso do O Poderoso Chefão são muitos os motivos para ter se tornado o que muitos dizem ser: o melhor filme de todos os tempos.
Poderia enumerar alguns como: Marlon Brando, Francis Ford Coppola, Al Pacino, Mario Puzo, Nino Rota, entre outros, mas o principal diferencial deste filme está na abordagem sentimental sobre a família, não apenas na questão sangue e mortes, o comum em filmes deste gênero.
O filme é baseado no romance de Mario Puzo, logo no inicio ele nos mostra um relato fabuloso que dá vontade de pausar e vê-lo algumas vezes, anotar palavra por palavra.
É a apresentação do inesquecível personagem Don Corleone, o chefe de uma das cinco famílias italianas que dominavam a região Nova Iorque/Nova Jersey em meados de 1945.
Os Corleones são: Don Vito Corleone (Marlon Brando), o herói de guerra Michael (Al Pacino), Sonny (James Caan) o mais envolvido com os negócios da família, Fredo (John Cazale), a única filha mulher Connie (Talia Shire) e o filho adotivo e consigliere Tom Hagen (Robert Duvall).
O enredo abrange mais uma atividade para controle das famílias – que já controlavam cassinos, sindicatos, polícia e políticos - o narcotráfico. Idéia dada inicialmente por Virgil Sollozzo, o Turco, com o qual Vito discorda e a partir disso deflagram a guerra entre as famílias, além das brigas dentro dos Corleones.
Marlon não venceu o Oscar de melhor ator por acaso. Impecável sua atuação como Don Vito Corleone. Não há o que comentar, veja.
A personagem de Al Pacino é o que vive maior conturbação, tem o rumo mais amplo no filme, por ser o mais afastado da Máfia e por se tornar o novo e não menos respeitado Don.
Há duas frases de sua personagem que me chamaram atenção, elas mostram bem essa mudança ocorrida.
No inicio do filme ele diz à sua companheira Kay (Diane Keaton): “It´s my family, not me” e no final do filme diz: “Don´t ask about my business”.
Há um paradoxo entre as frases, porém é este papel que Al Pacino faz brilhantemente, mostrando toda sua mudança de vida, desde a entrada para os negócios da família, a sua passagem pela Sicilia (Itália), bem como o seu casamento com a maravilhosa Apollonia Vitelli-Corleone (Simonetta Stefanelli) e o seu retorno triunfante como chefe da família e dando a Coppola a visão para que mais duas continuações fossem feitas – aliás, vale a pena ver todos.
Atuações fortes, diálogos memoráveis, cenários sóbrios, uso de elementos baseados no brilhante livro de Puzo e um gênio, Marlon Brando.
E assim finalizamos a primeira sessão do Sessões.
Prepare a pipoca que vem mais. Se preparem que vêm mais de onde veio essa.
Vitor Stefano
Sessões
Diretor: Francis Ford Coppola.
Ano: 1972.
País: Estados Unidos.
Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton.
Prêmios: 22 prêmios, entre eles: Oscar 1973 - Melhor Filme, Melhor Ator - Marlon Brando e Roteiro Adaptado; Globo de Ouro 1973 - MElhor Filme de Drama, Cineasta, Ator - Marlon Brando, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado; BAFTA 1973 - Melhor Música de Filme - Nino Rota; Prêmio David di Donatello - Melhor Filme Estrangeiro; e Grammy 1973 - Melhor Trilha Sonora para Cinema ou Especial de TV.
Como pode um filme com tantas mortes e um tema tão complicado virar um clássico.
No caso do O Poderoso Chefão são muitos os motivos para ter se tornado o que muitos dizem ser: o melhor filme de todos os tempos.
Poderia enumerar alguns como: Marlon Brando, Francis Ford Coppola, Al Pacino, Mario Puzo, Nino Rota, entre outros, mas o principal diferencial deste filme está na abordagem sentimental sobre a família, não apenas na questão sangue e mortes, o comum em filmes deste gênero.
O filme é baseado no romance de Mario Puzo, logo no inicio ele nos mostra um relato fabuloso que dá vontade de pausar e vê-lo algumas vezes, anotar palavra por palavra.
É a apresentação do inesquecível personagem Don Corleone, o chefe de uma das cinco famílias italianas que dominavam a região Nova Iorque/Nova Jersey em meados de 1945.
Os Corleones são: Don Vito Corleone (Marlon Brando), o herói de guerra Michael (Al Pacino), Sonny (James Caan) o mais envolvido com os negócios da família, Fredo (John Cazale), a única filha mulher Connie (Talia Shire) e o filho adotivo e consigliere Tom Hagen (Robert Duvall).
O enredo abrange mais uma atividade para controle das famílias – que já controlavam cassinos, sindicatos, polícia e políticos - o narcotráfico. Idéia dada inicialmente por Virgil Sollozzo, o Turco, com o qual Vito discorda e a partir disso deflagram a guerra entre as famílias, além das brigas dentro dos Corleones.
Marlon não venceu o Oscar de melhor ator por acaso. Impecável sua atuação como Don Vito Corleone. Não há o que comentar, veja.
A personagem de Al Pacino é o que vive maior conturbação, tem o rumo mais amplo no filme, por ser o mais afastado da Máfia e por se tornar o novo e não menos respeitado Don.
Há duas frases de sua personagem que me chamaram atenção, elas mostram bem essa mudança ocorrida.
No inicio do filme ele diz à sua companheira Kay (Diane Keaton): “It´s my family, not me” e no final do filme diz: “Don´t ask about my business”.
Há um paradoxo entre as frases, porém é este papel que Al Pacino faz brilhantemente, mostrando toda sua mudança de vida, desde a entrada para os negócios da família, a sua passagem pela Sicilia (Itália), bem como o seu casamento com a maravilhosa Apollonia Vitelli-Corleone (Simonetta Stefanelli) e o seu retorno triunfante como chefe da família e dando a Coppola a visão para que mais duas continuações fossem feitas – aliás, vale a pena ver todos.
Atuações fortes, diálogos memoráveis, cenários sóbrios, uso de elementos baseados no brilhante livro de Puzo e um gênio, Marlon Brando.
E assim finalizamos a primeira sessão do Sessões.
Prepare a pipoca que vem mais. Se preparem que vêm mais de onde veio essa.
Vitor Stefano
Sessões
Um dos maiores feitos do cinema mundial, marco na carreira de todos os seus participantes, diálogos incríveis, crítica à sociedade, personagens complexos, intrigantes e interessantes... Peço a benção, padrinho!
ResponderExcluirRevi graças à este maravilhoso projeto de “Sessões” este grandiosissímo filme.
O comentário que quero aqui tecer pode parecer apologia ao crime, aliás talvez seja mesmo, mas não é objetivo principal entrar nesta discussão.
A principal missão da vida de nosso padrinho Don Vito Corleone era fazer com que os seus filhos netos e outros descendentes não tivessem a sua sina. Principalmente Mike, que não tinha até então, demonstrado simpatia ou intenção de prosseguir com os negócios do pai, mas que no decorrer da história vê-se mergulhado e peça deste universo, por questões familiares.
Desta notável intenção de nosso mestre mafioso (Don Vito), vem uma das que eu acredito ser uma, das muitas críticas desta obra: A SOCIEDADE TEM UMA PARCELA DE CULPA NOTÓRIA NA EXISTÊNCIA E PERPETUAÇÃO DO CRIME.
Uma empresa tão bem alicerçada nos conceitos de Administração, como é a dos Corleone e das outras quadrilhas que compõe este emaranhado do crime organizado não existe senão com a conivência, colaboração e efetiva participação das ditas pessoas de bem, sejam estas, autoridades, companhias e por que não citar também, os consumidores finais deste tipo de serviços.
muito legal o texto e o filme realmente é um clássico.
ResponderExcluirvale citar que fez toda a diferença o fato de puzo ter escrito o roteiro do filme. ele colocou toda a essência do livro - o qual tive o prazer de ler - lá.
maravilhoso.
Oi Leandro e amigos!
ResponderExcluirGrande iniciativa de vocês! Falando em cinema, consegui baixar, após um longo e tenebroso inverno, o filme Um dia, um gato, de 1963. Abraços, Sergio
Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirMuito bom saber que existe um blog que aborda o cinema,como este aborda...na forma mais simples e casual..eu gostei disso..afinal sou uma apaixonda pela 7° arte e gosto de ler sobre bons filmes.
O Poderoso Chefão é um clássico...que não basta assistir apenas uma vez..vc tem que assistir muitas vezes para poder decifra-lo....é sensacional
aguardo as próximas sessões...
'O Poderoso Chefão' se faz uma obra prima quando traça um fascinante paradoxo entre o comportamento social humano, as ambições individuais e a irracionalidade. Baseando-se em uma organização familiar calcada em valores conservadores, os Corleones se mostram em uma contradição curiosa quando de certa forma dispensam em parte algo que sempre é atrelado ao poder, que por sinal é o que rege a conduta deles: a vaidade. Olhando com mais enfoque nota-se que a única intenção egocêntrica a se sustentar é a supremacia e sustentabilidade do poder, como se todas as medidas tomadas por eles, inclusive as chamadas 'propostas irrecusáveis', fossem parte de um processo natural de sobrevivência humana social. Trocando em miúdos, o filme sugere que os Corleones, menos preocupados com o 'status quo' ou até mesmo com o status em si, seguiam certas regras e códigos morais calcados em valor familiares que na visão deles, limitando-se ao ambito familiar, eram essenciais para garantir a sobrevivência, isso fica claro quando Sonny em reunião com o Consiglieri e Vito afirma que seria perigoso para o futuro da familia não entrar no esquema das drogas. No mais, também é impressionante observar como as propostas sociais ditatoriais e elitistas são comuns em qualquer plano de realidade.
ResponderExcluirVale aqui a lei do mais forte sem intermediações, sem limites, fantástico do ponto de vista social, cinematográfico e estético. Uma cena marcante com excelente estética se faz de forma surreal quando Sonny espanca o marido de sua irmã enquanto as pessoas na rua assistem, é lindo, dinâmico e sarcástico. As cores amarelo e preto aparecem muito na fotografia revelando a intenção de passar um clima intimista e sóbrio. Um filme forte e definitivo!
O poderoso chefão de uma perspectiva de Poder
ResponderExcluirHá permeando a trama narrativa de O poderoso Chefão uma variável invisível, mas presente do Poder. Não cabe aqui discorrer sobre as diversas definições do conceito de poder, mas apesar de tudo adotarei a concepção, creio eu pacífica, de que poder é uma abstração que define uma relação de assimetria entre dois ou mais indivíduos.
Procurar a materialização do Poder em O poderoso Chefão embora não seja difícil não deixa de ser instrutivo para melhor apreciação da obra.
Assim, logo que o filme se inicia com Bonasera pedindo a Don Corleone para que faça justiça, ou seja, para que mate os americanos que desfiguraram o rosto de sua filha e humilharam a sua honra. Don Corleone(Marlon Brando),homem grisalho vestindo terno preto e gravata borboleta com uma rosa cuidadosamente colocada no bolso do paletó ,dono de um porte pesado e experiente,a própria personificação do poder ao final da exposição meneia a cabeça como que considerando a argumentação,passa de leve o dedo no rosto próximo a barba que se apequena ante o largo maxilar e pondera meio insultado e insatisfeito:
“Se você tivesse vindo como amigo...”
Enquanto um gatinho se esparrama no colo de Don Corleone suas palavras ecoam pelo seu escritório e dizem que o importante para o mafioso não são bens materiais ou dinheiro, mas sim laços de compromisso.
O laço estabelecido entre Bonasera e Don Corleone adquire materialização na simbologia do ato de beijar a mão do padrinho (godfather). A partir de então os inimigos de Bonasera passam a ser os inimigos de Don Corleone, mas o “vetor” Poder estabelece ligações de hierarquia que submetem tanto Bonasera quanto seus inimigos.
Na primeira cena do filme, portanto, há a formação de um acordo onde o poder que emana de Don Corleone é projetado, de cima para baixo, em bonasera e de forma violenta em seus inimigos.
Outra característica do poder presente no filme é a questão da forma de exercer poder.
Podemos dividir em duas formas: O consenso pelo convencimento e o consenso pela força.
Exemplo deste último nos é dado por Michael (AL Pacino) quando explicando a Kay os negócios de sua família conta a estória de Johny um ator cuja popularidade está em declínio, mas a quem Don Corleone ajudara no início de carreira. Johny havia estado em uma banda da qual gostaria de sair mas encontrava resistência do líder que não lhe queria assinar os papéis para a realização,em termos legais, de sua saída.Sendo Jonhy afilhado de Don Corleone este intercede por aquele junto ao líder.
Don Corleone vai até ele e oferece $10.000 para que assine os papéis ao que líder se nega a fazê-lo. No dia seguinte DonCorleone com Luca Brasi,um de seus leais, vão até o líder e colocando uma arma em sua cabeça lhe obrigam a assinar os papéis se não quisesse que o seu cérebro assinasse o documento.Ou o líder assinaria ou levaria um tiro na cabeça.
Poder e força, poder e violência são coisas distintas. O Poder existe e é útil quando não precisa ser usado, a força e a violência só devem ser usadas como último recurso. Uma expressão aparece duas vezes no filme quando se questiona como a família Corleone fará para que os outros negociadores aceitem sua vontade a resposta é:
“Eu farei uma proposta irrecusável”
Em outras palavras, primeiro pede-se, se não houver acordo, mata-se. A proposta é irrecusável porque é impossível para qualquer pessoa negociar morta.
A narrativa prossegue, o filme se passa nos EUA na região de Nova York e Nova Jersey ao final da II guerra.
Don Corleone sente o seu Poder ameaçado quando da vinda do turco Sollonzo,um novo mafioso italiano, cioso de iniciar negócios no ramo de narcóticos o que iria de encontro aos interesses de Don Corleone.
O início do litígio se dá diante da negativa de Don Corleone em utilizar o seu Poder para a proteção aos negócios do Turco vez que aquele detinha toda uma rede de corrupção instalada nas mais diversas burocracias do país indo de policiais à juízes e parlamentares.Mas acho que a cena merece uma análise mais detalhada.
Estamos em círculo figuras importantes como Sonny,Clemenza,Consiglieri ladeiam Don Corleone.Este inicia a conversa dizendo que ouvira muito falar do turco,de seu negócio,suas ligações e pergunta em que sua família pode lhe ser útil.O Turco expõe os seus argumento e pede ajuda a Don Corleone.Este com um fio de interesse lhe pergunta quanto a sua família receberia e logo em seguida quanto os Tattaglias receberiam.O Turco entende e cumprimenta consigleiri como forma polida de dizer que os Corleones estão bem assessorados.
Don então se levanta e com uma bela interpretação entre encômios e considerações pega da garrafa para servir o turco; senta-se ao seu lado, limpa algo que porventura pudesse estar sujando a calça do turco e lhe diz não. Suas razões são que além de ter muitos amigos na política eles deixariam de apoiá-lo caso entrasse para o ramo dos narcóticos.
Outra característica do Poder aqui surge:
Em política todos têm interesses sensíveis que estão acima de si mesmo, isto é, usando-se da argumentação de que poderia perder apoio se acordasse com o Turco Don Corleone mostra que em alguns pontos não há como ceder,ou seja,um imperativo categórico se põe entre uma proposta interessante do ponto de vista econômico e a própria dissipação do poder.
Fechar acordo com o Turco seria necessariamente dar meios para as outras famílias de controlar. Partindo da hipótese de que o poder é indivisível da perspectiva de quem o detém é fácil se colocar no lugar de Don Corleone.
È exatamente isso que leva as outras famílias a buscar o Poder por métodos violentos. Don Corleone é emboscado e leva cinco tiros dos capangas deixando a cena e indo convalescer no hospital.
Sonny, primogênito, de personalidade difícil e impulsiva, daí já se conclui que ele não poderá ser um bom Don assume as rédeas dos negócios da família.
Existe uma linha teórica de estudos sobre o Poder que diz que o monopólio do poder contribui para que o índice de segurança dos indivíduos aumente, em outras palavras, tanto mais seguro é um ambiente quanto menor for o número de indivíduos relevantes detentores de Poder.
O supracitado salta aos olhos durante o período em que Sonny esteve à frente da família. O poder passa a ser contestado e o método da violência ganha força, as mortes começam.
O Turco temendo a reação intempestiva de Sonny busca aproximar-se dos Corleones por métodos pacíficos para isso solicita a ajuda do consiglieri para este influir no sentido de conseguir uma negociação com Michael ironicamente considerado mais pacifico.
O acordo em se sentar a mesa para negociar só sai depois de diversas mortes – LucaBrazi,Bruno Tattaglia, ,Paulie (leave the gun,take the cannoli!) a idéia do acordo é concebida por Michael que convence que matar Sollonzo e McCluskey e buscar apoio da mídia para mostrar a corrupção policial e assim diminuir a pressão que recairia sobre a família é quase uma estratégia militar de um homem que pensa é calmo,seguro e que sabe utilizar com maestria a força para alcançar objetivos.
O plano que esboçou é levado a cabo pelo próprio autor. Michael realiza a tarefa com excelência dois tiros na cabeça de Sollonzo e McCluskey em seguida foge para a Sicilia onde casa-se com Apollonia e temporariamente esquece-se de Kay.
Nesse meio tempo um fato inusitado acontece com Connie, a filha de Don Corleone, que casara com Carlo. O fato é que ela é aquele tipo de mulher as quais hoje em dia recebem a designação de mulher de malandro. Connie era espancada por Carlo ao saber disso Sonny,colérico, lhe dá uma surra.A impulsividade de Sonny o matou.Quando sabe da notícia que a sua irmã foi mais uma vez espancada Sonny sai sozinho de casa e é pego pela máfia num posto de pedágio e violentamente assassinado.
Ao saber da morte de Sonny Don Corleone já com a saúde estabilizada resolve se reunir com os chefes das cinco famílias para por fim a guerra.
Na reunião entre as famílias novamente vemos a presença do poder. Três nomes se destacam Philipe Tattaglia,Barzini e Don Corleone.
Interessante a idéia de que os “Dons” de todas as famílias mafiosas ítalo-americanas tratam de seus negócios exatamente como políticos e chefes de estado fazem em organizações internacionais. Um problema é colocado na mesa de negociação, o problema é discutido e sobre ele toma-se uma decisão.
A cena de reunião das famílias traz importantes lições porque, no limite, o que esta sendo discutido é como se faz a distribuição de Poder. Don Corleone pode ser interpretado um como representante conservador, isto é, alguém que na atualidade conserva-se com fundamentos de uma outra época.Isso fica explícito quando Barzini argumenta que os tempos são outros de sorte que se a regra era a máfia conduzir negócios de prostituição,bebidas e jogos como cria Don Corleone,agora, a máfia deveria se incumbir da condução também dos narcóticos como se uma nova realidade se impusesse.
A disposição dos negociantes na mesa também diz muito. Don Corleone e Philipe Tattaglia sentam-se vis-à-vis dando a impressão de um combate a ser travado entre dois lutadores apesar de seus trejeitos polidos estão frente a frente, um encarando o outro. Barzini situa-se no fim da mesa quase criando a impressão de ser um juiz que mantém as regras do combate. Aqui fica claro o caráter instrumental do poder. Barzini em conluio com Tattaglia ultiliza-o como forma de obter uma cessão por parte de Don Corleone e consegue. Quem dá a palavra de que há um acordo é o próprio Barzini e o papel de intermediador é visto no abraço de Tattaglia e Don Corleone.Barzini pode ser bem caracterizado como aquele vilão por trás do vilão, a traiçoeira serpente escondida na relva à espera de alguém descuidado.
Apollonia, mulher de Michael na Sicilia é explodida e Michael retorna à América.
Quando reencontra Kay,sua ex na América,têm uma interessante conversa:Contando,Mike,que agora havia assumido os negócios da família.Kay comenta que Mike lhe dissera que ele nunca seria um homem como seu pai.Michael já calejado pela política lhe responde que ,no extremo,o seu pai não difere em nada de pessoas que detém o poder e cita como exemplo senadores e presidentes.Kay com ar de mofa chama-lhe ingênuo porque senadores e presidentes não matam pessoas como faz Don Corleone.Michael responde perguntando:
“Quem está sendo ingênuo,Kay?”
Eis mais uma reflexão sobre o Poder: Estejam os homens dentro da legalidade ou fora dela o poder é o mesmo, daí provem que não há, por assim dizer, anjos nem demônios, só políticos. O poder tem, portanto, a capacidade de igualar homens justos e injustos pela vazão da violência liberada pelos seus canais.
A família Corleone projetara alcançar o poder político por caminhos mafiosos é a legalização por meios ilegais. Don Corleone deixa Claro quando conversa com Michael de que ele se recusara a dançar a música que aqueles figurões tocavam ele queria antes tocar a própria música:
“Senador Corleone,Governador Corleone...”
Don Corleone agora assessorando o filho lhe avisa que Barzini e os outros tentarão uma aproximação possibilitada por alguém que se aliou ao outro grupo. Como são bons os conselhos dos pais.
Ciente disso, Michael, aceita reunir-se com as outras famílias, mas leva a cabo um plano que tem por objetivo desferir um golpe único e simultâneo em todos os cinco chefes de família. Enquanto batiza o filho de sua irmã um a um seus desafetos são assassinados, inclusive, Tessio,ex homem de confiança que ao marcar uma reunião-armadilha na qual Michael seria assassinado ganharia poder.A fala de Tessio é esclarecedora:
-“Diga ao Michael que são só negócios eu sempre gostei dele.”
Aqui o Poder me parece uma desculpa para que seja possível assassinar pessoas sem com isso criar nenhum vínculo pessoal com elas. A idéia segue o raciocínio de que se mata não por se odiar o outro, mas porque é necessário. Portanto em política ainda que conheçamos nossos aliados isso não nos da segurança de confiar de todo neles.
O filme caminha para o seu fim em um dia Michael resolve todos os problemas da família Carlo é o ultimo a ser enforcado. Connie sabendo que Michael matara o seu marido que, aliás, batia nela,chega aos prantos e entre gritos histéricos chama Michael de assassino.Kay esta na sala e assiste à cena quando Connie é levada a descansar pergunta a Michael se é verdade o que dizem os jornais e se ele deveras matara Carlo.
Ele abra uma exceção e somente desta vez comenta dos seus negócios para Kay.
Quanto questionado de que fora ele o responsável por todas aquelas mortes.
Michael,sério,olha bem dentro dos olhos de Kay, meneia a cabeça e diz:
“-Não”
Desnecessário dizer que o filme termina com uma grande mentira e a legitimação do poder (aceitação de um novo Don) o simbolismo do beijo. Os inimigos desapareceram, o Poder se estabilizou e agora esta novamente preservado, a porta vagarosamente se fecha e uma nova ordem incontestavelmente se impõe.
Finalmente, o filme deixa impressões muito fortes naqueles que assistem é difícil se produzir um clássico e definitivamente complicado reunir tantos elementos do ser humano (raiva, violência, agressão, trama, corrupção, tramóias, vingança, mentiras e interesses) tão bem condensados em duas horas e quarenta e cinco minutos.O filme realmente vale a pena. Por isso o Sessões decidiu comenta-lo.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões
O PODEROSO CHEFÃO
ResponderExcluirO Poderoso Chefão, de Francis Ford Copolla é um clássico sem necessidade de muitos retoques. Esta narrativa representa o que em cinema podemos considerar como uma obra de arte. Ela é rica em elementos técnicos e artísticos. Apresenta fotografia, trilha sonora, direção e atuações quase perfeitas.
O filme traz uma história densa, com uma temática instigante, ao contar a história dos Corleone, uma família de origem italiana que comanda o crime organizado em Nova Iorque em meados dos anos 50.
Sensacional a personagem representada pelo ator Marlon Brando, na pele e na alma do mafioso Don Vito Corleone, construindo a figura de um bandido cruel e carismático, quase cômico e dramático. Brando conseguiu fornecer à fita algo que, creio eu, não se esperava como resultado. Provocou um efeito multiplicador na essência da construção artística. Não era mais o ator em representação e sim a própria personagem com vida própria.
Do outro lado, Al Pacino também saiu-se muito bem ao compor o filho do mafioso, que viria a assumir os “negócios” da família, mas fez aquilo que no futuro seria uma redundância. Parece que, dali em diante, em qualquer filme que Al Pacino viria a trabalhar, os personagens sempre seriam os mesmos. Ao avaliar sua carreira, tenho uma forte convicção que este ator preferiu um caminho cômodo. Não quis arriscar personagens distantes daqueles em que foi bem avaliado, como foi o caso nesta fita. Na verdade não sei se ele teria condições de viver figuras que não sejam seguras, duronas e violentas. Não o imagino numa comédia, ou vivendo um cara tímido e sensível, por exemplo.
O que dizer então da trilha sonora... incrível, sensacional, maravilhosa! Os produtores conseguiram “climatizar” as cenas com uma música que realmente nos remete a uma Itália antiga e dramática, e que ao mesmo tempo pode ser festiva, saudosa e terna.
O Poderoso Chefão, um filme para ser visto e revisto muitas vezes durante a vida de qualquer pessoa que tenha um pouco de interesse pelo cinema. Será sempre uma referência.
As sequências Poderoso Chefão II e III não foram avaliadas neste texto.
Carlos Nascimento
quero muuuuuiiiitoooo assistir a esse ícone do cinema, por enquanto só conseguir jogar o game, mas sei que em breve conseguirei!!! bjos pro lele
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